Em um ano, cerca de R$ 10 bilhões saíram voando de Minas Gerais, antes mesmo de entrarem no Estado. Em junho de 2015, O TEMPO revelou que existiam 94 protocolos de intenção, totalizando R$ 40 bilhões de investimentos que deixaram de entrar em Minas e de gerar 25 mil empregos, devido a entraves no licenciamento ambiental. Hoje, de acordo com dados atualizados do Instituto de Desenvolvimento Integrado (Indi), o total de protocolos caiu para 51 e o potencial de investimentos encolheu para R$ 30,3 bilhões de investimentos, capazes de gerar 16 mil vagas, ou seja, 9.000 a menos em relação às expectativas de 2015. O restante desistiu de esperar.
O professor de economia do Ibmec, Felipe Leroy, afirma que o desaparecimento desses R$ 10 bilhões do potencial de investimentos que o Estado poderia receber pode ser explicado por um cálculo simples. “Um investidor quer retorno e avalia os riscos. Se a burocracia institucional é muito forte, atrasando esse retorno, isso vai acabar fazendo-o desistir do negócio. Ele vai avaliar outros lugares e outras economias, onde não exista tanta morosidade”, destaca.
Entre as empresas que deixaram de investir no Estado estão as gigantes Vale e Holcim. De acordo com Leroy, o prejuízo dessa fuga de capitais é enorme. “O país tem quase 12 milhões de desempregados, sendo 10% em Minas. Num momento em que o Estado precisa arrecadar mais para honrar seus compromissos, se não tem investimentos, a produtividade é baixa e deixa-se de gerar empregos”, ressalta Leroy. “Além da burocracia institucional, a imagem do Brasil piorou muito lá fora e isso acaba expulsando o capital estrangeiro, pois o governo altamente endividado não passa confiança de que honrará seus compromissos”, analisa.
Licenciamentos. No mesmo período dessa retração dos protocolos de intenção, o volume de pedidos de licenciamento ambiental na Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Minas Gerais (Semad) subiu de 2.800 para 3.339. Ao contrário do que possa parecer, tal aumento não está relacionado a maior interesse em investir no Estado, mas sim na necessidade de vender ativos.
O subsecretário de regularização ambiental, Anderson Silva de Aguilar, explica que do ano passado para cá, o cenário político federal teve muitas variações, o que fez com que os investidores, principalmente os internacionais, sentissem um desconforto para aplicar recursos no Brasil. “Isso afetou principalmente São Paulo e Minas Gerais. Para alguns, a crise gera oportunidade para investir, por isso, muitas empresas buscam regularizar a situação para vender ativos. É como uma casa que vale um preço sem o habite-se, mas, com ele, o valor pode até dobrar”, avalia.
Ele destaca que, se a oferta desses ativos está crescendo, algumas empresas que tinham intenção de investir em seus próprios projetos podem preferir comprar o que já está pronto. “Para construir, o investimento é alto e o retorno pode demorar e alguns preferem comprar e economizar”, analisa.
O Tempo
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