quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Meirelles diz que pode haver aumento 'brutal de impostos'

O TEMPO

PREVIDÊNCIA

Ministro afirma que reforma não está “sepultada” e que país precisa dela contra déficit

PUBLICADO EM 22/02/18 - 03h00

BRASÍLIA E SÃO PAULO.  Sem a reforma da Previdência, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, prevê um aumento “brutal de impostos” nos próximos anos no país. Sem dizer quando e descartando que isso possa ocorrer ainda em 2018, o ministro diz que a proposta do governo somente foi adiada, não “sepultada”. Após o decreto da intervenção federal no Rio de Janeiro, a reforma da Previdência foi suspensa pelo governo. Para o ministro, essa suspensão não significa “sepultamento” da proposta. “Ela está suspensa até que seja encerrada a intervenção no Rio, que é um assunto prioritário, não poderia ser adiado. Terminando isso, a reforma é pauta número 1”, afirmou o ministro em entrevista nessa quarta-feira (21) a um programa da rádio Bandeirantes.

Mesmo com o “atraso” na votação da proposta, Meirelles disse que “não há previsão de aumento de impostos este ano”. De acordo com ele, “o Orçamento de 2018 está equilibrado”. Entretanto, caso a reforma da Previdência não seja aprovada, a previsão é de “aumentos brutais” de impostos no país. “O déficit vai crescendo a cada ano. Daqui a dez anos, a despesa com as previdências deve chegar a 80% do Orçamento da União. A questão é quando será feita essa reforma”, explicou.

Questionado pelos ouvintes da rádio se defende a volta da CPMF, Meirelles ressaltou que, no momento, não há a necessidade de trazer esse tributo de volta. O ministro falou que o corte de despesas do governo é “forte” e há um controle rígido dos gastos. Ele ressaltou, porém, que grande parte das despesas do Orçamento não é definida pelo governo, pois muitas são rígidas e atreladas à Constituição, como os gastos previdenciários.

Meirelles ressaltou que o déficit da Previdência vai crescendo a cada ano e daqui a dez anos vai ocupar 80% do Orçamento do governo, sobrando pouco para outros gastos, como educação e saúde. Ele ressaltou que, caso nada seja feito, o país pode ficar como a Grécia. “Se não houver reforma, os brasileiros não vão receber suas aposentadorias”, disse. A reforma da Previdência, ressaltou Meirelles, tem efeito em médio prazo e vai garantir que não se elevem impostos no futuro. “Minha ideia é fazer a reforma para não ter de aumentar impostos”, disse ele.

A intervenção no Rio, afirmou o ministro, era “absolutamente necessária”, e relatou que “uma das evidências disso é que crianças, senhoras e jovens vinham sendo alvos de balas perdidas”. Ele afirmou que, se a intervenção durar até dezembro, a reforma da Previdência vai ficar para o próximo governo.

Previsões. O titular da Fazenda ressaltou que o IBC-Br, espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB) calculada pelo Banco Central, cresceu fortemente em dezembro. Também ressaltou que a inflação está comportada e abaixo da meta e que o índice de preços medido pelo INPC, que mostra as variações para as classes de renda mais baixa, está num dos menores patamares da história. Meirelles ressaltou que o mercado tem revisado para baixo a previsão sobre os preços em 2018 e que inflação zero é algo que nenhum banco central quer.

O Tempo

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