Por Pedro Luiz Teixeira de Camargo – Professor, biólogo, especialista em ensino a distância, gestão ambiental, mestre em sustentabilidade e doutorando em evolução crustal e recursos naturais
ARTIGO DE OPINIÃO – Uma das coisas mais curiosas nas redes sociais são os boatos. Criados por algum desconhecido e espalhados por um bando de irresponsáveis que não observam a verdadeira veracidade das informações, são capazes de causar diversos problemas, desde um simples mal-estar entre pessoas a, em situações extremas, agressões físicas.
Em tempos de discurso de ódio, liderado por um dos principais propagadores de mentiras no país, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), juntamente com seus filhos, coincidentemente também parlamentares, os fãs dessa trupe, adoram ficar repetindo, tal qual maritacas, bobagens gratuitas.
A mais recente, em nossa Região dos Inconfidentes (Minas Gerais), causa risos para não dizer indignação. Baseando-se em “achismo”, um colunista de um portal local, teve a absurda ideia de dizer que os partidos políticos de esquerda são “anti-cristãos”.
Além de ter escrito de forma errada a expressão anticristãos (o prefixo anti, que significa oposição, liga-se por hífen somente às palavras iniciadas por h, r, e s), o sujeito mostra-se totalmente despreparado de fontes fidedignas ao afirmar tal bobagem.
Para começar, podemos pensar em Jesus Cristo, referência maior da sociedade ocidental. Não foi ele quem dividiu o pão e o peixe no intuito de saciar a fome de centenas de pessoas? Pois bem, repartir o que tem, além de um princípio cristão, é também a ideia básica do socialismo, doutrina política e econômica surgida entre o fim do século XVIII e o início do século XIX que procurava melhor distribuir os recursos financeiros de um povo, buscando assim acabar com a diferença entre ricos e pobres.
Ao contrário do que muitos pensam (inclusive o autor do famigerado artigo), o primeiro pensador a defender (por escrito) este conceito, não foi Karl Marx, mas sim o francês NoëlBabeuf, jornalista que participou da Revolução Francesa.
Seu papel foi tão importante, que até mesmo Rosa Luxemburgo o reverenciava como o primeiro a defender os mais pobres, algo corroborado também por Marx, que o considerava o “primeiro socialista ativista”.
Baseando-se na ideia de “repartir e dividir a riqueza” entre os que mais precisam, que a ideia socialista surgiu como uma alternativa ao capitalismo, modo de produção majoritário até hoje.
Mas por que ele é uma alternativa? Simples: O capitalismo baseia-se na proposta da existência da propriedade privada dos meios de produção, o que faz com que a riqueza fique nas mãos de poucas pessoas, o que é uma tremenda injustiça uma vez que a produção é coletiva. Ou seja: muitos produzem, mas a renda fica com poucos.
Por não concordar com esta ideia, que surgiu a proposta socialista, uma doutrina, por essência, baseada nos ensinamentos do próprio Jesus Cristo, afinal quem melhor que ele mesmo repartiu o próprio alimento?
Os partidos de esquerda, majoritariamente socialistas, defendem os mesmos ideais ensinados pelo ícone maior dos cristãos, como podem então ser acusados de anticristãos? Podemos afirmar, portanto, que aqueles que bradam esta ideia errônea sofrem de um problema epistemológico, ou seja, não sabem do que estão falando e misturam as expressões por pura falta de conhecimento.
Poderíamos dizer ainda que os acusadores poderiam estar agindo de má-fé, ou seja, fazendo uma verdadeira confusão de termos com o objetivo de dificultar a correta e verdadeira compreensão daqueles que o leem, buscando assim espalhar mais um boato.
Entretanto, como bom socialista que sou, prefiro repetir o que aprendi no novo testamento, que é perdoar aqueles que não sabem o que fazem. Neste caso, daqueles que não sabem o que escrevem.
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