O TEMPO
Leandro Cabido
PUBLICADO EM 13/02/18 - 03h00
Estamos na segunda semana de fevereiro e o Atlético vive um drama que há muito não passava pela sede de Lourdes. Além da crise técnica, existe um grave problema institucional. Parece que o clube vive realidade paralela.
Que o Galo não vinha bem dentro das quatro linhas era notório. Cansei de dizer no ar pela rádio Super Notícia FM que o time estava muito abaixo do que deveria demonstrar, e que houve uma falha na pré-temporada. Não sou adepto do treinador que alterna equipes distintas, entre os titulares e os reservas, como escrevi há algumas semanas nesse espaço. O ideal era aproveitar os jogos que possui e tentar dar ritmo aos titulares, mesclando algumas peças ao longo dos compromissos.
É bom sempre lembrar que os jogadores contratados não estão no mesmo nível dos que saíram, em que pese a necessidade disso. Porém, era claro que o técnico Oswaldo de Oliveira precisava de mais tempo.
O problema é que ele fez essa mensuração de forma equivocada, colocando um time com pouca rodagem para jogos pesados, contra equipes que se preparavam há bastante tempo. E os resultados não apareceram. E foi aí que a coisa começou a esquentar, principalmente em Rio Branco, no Acre.
Apesar da classificação, a eliminação passou muito próxima. Seria um vexame sem precedentes, mas, por fim, o Atlético-AC não teve pernas para encurralar o Alvinegro.
Depois da exibição ruim contra o xará, aconteceu um desastre completo na coletiva de imprensa na Arena da Floresta. E pior: a sucessão de equívocos continuava sem parar. Além da quase agressão do treinador – que eu demitiria na hora – o discurso do clube só piorava.
Proibir o jornalista Léo Gomide de entrar na Cidade do Galo por perguntar o que o torcedor gostaria de saber foi péssimo para a imagem do clube. No dia seguinte, a diretoria anunciava a demissão de Oswaldo, não pela polêmica no Norte do país, mas sim pela questão técnica. É aí que tudo fica mais incoerente. Não tinham proibido o repórter de fazer seu trabalho justamente porque ele questionou o que todos viam?
No fim, a derrota em casa para a Caldense só mostrou a realidade do time hoje. Sem sistema defensivo, sem noção tática, com peças de reposição abaixo da necessidade. Um ajuntado de jogadores que não conseguem se impor em campo. E escuto, pela voz do presidente Sérgio Sette Camara, após o revés no Independência, que a diretoria merece elogio por montar elenco sem gastar R$ 1.
Na comunicação corporativa, existe um módulo dedicado exclusivamente para a gestão de crise. Ao que percebo, parece que o pessoal faltou nessa lição. Em vez de abrandar a situação, definir as melhores estratégias para tentar baixar a poeira e se reorganizar, o Atlético apenas jogou gasolina na fogueira.
Proibir alguém de acessar o clube por fazer seu trabalho foi um erro grosseiro, que não ofendeu apenas ao profissional, mas a todos que acompanham o dia a dia do clube e seus torcedores.
Criticar, elogiar e reportar faz parte do cotidiano de um jornalista esportivo. E ninguém, nenhum clube ou mesmo atleta, está acima disso. É bom o Atlético rever seus conceitos.
O Tempo
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