terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Dupla de cegos apaixonados por carnaval faz festa em meio à multidão

Atravessar a multidão, enfrentar o empurra-empurra, subir e descer ladeiras de pedra, cruzar calçadas tomadas por ambulantes e ainda conseguir pular nos blocos do carnaval de Olinda não é uma tarefa fácil. Imagine então para pessoas com deficiência visual. Mas nada disso é obstáculo para os amigos Fernando Dias e Leonardo Ribeiro, que não enxergam, mas adoram carnaval e caíram na folia de Olinda. Muito animados, eles acompanharam o Encontro dos Bonecos Gigantes na cidade história nesta terça-feira (28), pela manhã.
“A dificuldade de locomoção existe, a gente tem que dar um jeito e anda muito. Tem que gostar muito do carnaval para conseguir chegar até Olinda para quem não enxerga”, conta Fernando, auxiliar administrativo de 50 anos, morador do Recife. “Acessibilidade é sempre difícil pra gente. E também a questão da insegurança que estamos vivendo. Mas escutar esse batuque, a galera, é bem gostoso”, completa Leonardo.
Fernando é o amigo que tem mais anos de carnaval. Desde 1983, quando descobriu o prazer pela festa, não perde uma. E essa paixão começou depois de perder a visão, aos 14 anos. “Eu não gostava de carnaval. Fui gostar depois conheci o carnaval de Olinda. É uma das melhores festas que existem”, diz.
Já Leonardo, 35, servidor público e morador de São Lourenço da Mata, Pernambuco, vive o seu primeiro carnaval. A família o acompanhava em Olinda. No sábado, a dupla passou pelo que ele chamou de “aventura de carnaval”: se perderam do grupo e ficaram só os dois no meio da multidão. Mas, no final, deu tudo certo.
“Com o corpo todo”
O que os fazem ultrapassar as dificuldades é mesmo o gosto pela festa. No caso de Leonardo, o forte é a música. Já para Fernando o melhor mesmo é o contato físico com as pessoas, pois quem não enxerga tem a oportunidade de “ver” e sentir com o corpo todo. “A gente tem essa coisa de estar junto com o povo, sentir o movimento do povo. A cidade apertadinha e a gente sente a energia do povo com o movimento. Esse movimento mostra muito o que é dançar o frevo. O contato é tudo aqui nesse carnaval, é muito bom”, afirma.

Para acolher pessoas com deficiência, a estratégia da Prefeitura de Olinda - como a do Recife - foi criar camarotes de acessibilidade, que funcionam com capacidade para receber 100 pessoas por dia, que precisam se inscrever antecipadamente. Localizado na Praça do Carmo, seu objetivo foi acolher tanto pessoas com deficiências físicas quanto mentais. A estrutura, encerrada nesta terça, incluía audiodescrição, intérprete de libras e facilitadores de acessibilidade, como rampas de acesso e corrimões.
O Tempo

Portal de Brandemburgo - Berlim


Portal de Brandemburgo, em Berlim. O Rei Frederico Guilherme II, da Prússia, mandou construir o monumento, que ficou pronto em 1791.

O Portal de Brandemburgo é um dos monumentos mais importantes da Alemanha e mais simbólicos da história do século XX. Além de ser uma obra prima da arquitetura alemã, ele é símbolo da separação das duas Alemanhas e, após a queda do muro de Berlim, assumiu a posição de marco oficial da reunificação alemã.
No século XVII, a cidade de Berlim já procurava se fechar como maneira de se proteger. Mas, somente na segunda metade do século XVIII, no ano de 1788, que o rei Frederico Guilherme II, da Prússia, ordenou a reestruturação da cidade e a construção completa do portal, que só ficou pronto em 1791.Naquela época, as vias expressas por debaixo do portal davam acesso direto do palácio aos jardins reais. Sendo que as pessoas que não eram da nobreza não podiam utilizar as passagens internas, restritos às duas pistas externas abaixo do portal.

Carnaval do Rio registrou quatro acidentes com carros alegóricos

Quatro acidentes com carros alegóricos, um no primeiro dia de desfile e três no segundo, fizeram deste um carnaval atípico e dramático para as escolas de samba do Grupo Especial do Rio. Os dois dias de apresentação somaram ao menos 32 feridos. Na madrugada de terça-feira, parte da estrutura de um carro alegórico da Unidos da Tijuca desabou no começo do desfile da escola, e pelo menos 12 ocupantes do carro ficaram feridos, um com suspeita de traumatismo craniano e outro, de traumatismo abdominal.
No primeiro dia, outras 20 pessoas ficaram feridas depois que um dos carros alegóricos do Paraíso do Tuiuti entrou torto na pista e imprensou pessoas que estavam junto ao setor 1. Uma delas ainda corre risco de vida. O acidente da Tijuca também foi no setor 1, área mais popular da Marquês de Sapucaí.

"É um ano catastrófico, um carnaval para se esquecer. Tenho 46 anos de desfiles e isso nunca aconteceu. Não há explicação para isso", disse Jorge Perlingeiro, diretor artístico da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) e apresentador da apuração.
A apresentação da Tijuca foi muito prejudicada, porque o carro quebrado empacou no começo da avenida, onde ficou boa parte do desfile, impedindo a passagem dos quatro seguintes. Depois, foi manobrado e participou do desfile, ainda que desfalcado.
Para evitar o atraso na apresentação e não deixar buracos na avenida, integrantes das alas que vinham depois da alegoria deram a volta no veículo apressados. Ainda assim, a Tijuca estourou o limite de tempo em um minuto - o máximo passou de 82 para 75 minutos neste ano. A escola será penalizada em 0,1 ponto, conforme o regulamento deste ano.
O carro com problema representava a cidade de Nova Orleans no enredo sobre a música negra nos Estados Unidos e no Brasil, inspirado num encontro ocorrido em 1957, no Rio, entre Louis Armstrong e Pixinguinha.
A evolução ficou parada e os componentes, que vêm acostumados com boas colocações nos últimos anos (desde 2010, foi campeã três vezes, e vice, duas) choraram, desolados e temendo o rebaixamento para a série A, a segunda divisão do carnaval carioca.
"Estou muito assustada. Estava na parte de baixo do carro. Ouvi um barulho de algo caindo e o cheiro de queimado. O público que avisou a gente", disse a destaque Nivea Vieira, de 44 anos. "Foi um barulho muito alto, assustador", relatou outro, o nutricionista André Luis de Carvalho, de 32. "É muito triste, mas vamos lutar. Não vamos perder a esperança. É a minha escola que eu amo muito". A secretária Suzane Pereira, de 38, viu da plateia do setor 1. "Foi horrível, caiu e agora está pegando fogo lá em cima (do carro). Tem gente ferida, um susto enorme".
O carnavalesco Mauro Quintaes, de 58 anos, um dos cinco integrantes da comissão de carnaval da Unidos da Tijuca, suspeita que uma "fadiga" do ferro usado na estrutura do carro alegórico tenha provocado a queda. "Em 32 anos de carnaval nunca vi nada parecido. Fizemos ensaios desde dezembro em cima do carro e nunca houve nem indício de problema. Os bombeiros fizeram a vistoria e também aprovaram, sem suspeitar de nada. Foi uma fatalidade", afirmou.
Depois de um pedido de oração puxado pelo presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, em homenagem às vítimas do Tuiuti, a segunda noite de desfiles já havia começado com um susto. A União da Ilha, que carnavalizou tradições e ritos de povos bantos, teve dificuldade para manobrar seu quinto e penúltimo carro, que era muito grande e acabou ficando mais próximo do que deveria do gradil do setor 1. O público ficou apreensivo.
No local, já havia sido instalada uma grade extra de proteção, no sentido de impedir que pessoas na primeira fileira da arquibancada se aproximassem da pista. O fim do desfile também foi tumultuado. O mesmo carro empacou na dispersão, foi empurrado e bateu (sem força) no estúdio de transmissão da TV Globo. A sexta alegoria, na sequência, não conseguia passar por conta disso.
O outro incidente foi na Mocidade. Um queijo (local onde ficam destaques) desabou e a destaque caiu. Ela não se feriu porque a altura era pequena. Foi o único dos acidentes que não ocorreu no setor 1, e sim mais adiante na avenida.
O Tempo

‘Ecos’ põem Einstein em xeque

Em um artigo publicado em dezembro passado, cientistas canadenses e portugueses alegam ter percebido “ecos” vindos de ondas gravitacionais captadas pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo), nos EUA. Para eles, esses ecos colocariam a Teoria Geral da Relatividade de Einstein em xeque e abririam espaço para uma nova física.

As ondas gravitacionais são como “impressões digitais” dos buracos negros, que são regiões no espaço que possuem um campo gravitacional tão intenso que nada que entra consegue escapar. Nem a luz. Tudo que é atraído por essa supergravidade é tragado para dentro do buraco negro, até ser destruído, afirma o professor George Matsas, pesquisador do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coautor do livro “Buracos Negros: Rompendo os Limites da Ficção”.
Na fusão de dois buracos negros, eles dão origem a outro maior, o que cria ondulações no espaço-tempo. “(São ondas) como as de um sino ressoando – mas, em vez de serem ondas sonoras, são ondas gravitacionais, que se propagam à velocidade da luz”, compara.
Essas ondas foram descritas por Einstein há cem anos, mas só no ano passado foram percebidas por aparelhos. “Conforme essas ondas vão se propagando, suas intensidades diminuem. Quando finalmente chegam aqui na Terra, perturbam o tamanho dos objetos muito pouquinho. São essas perturbações minúsculas que são medidas pelas antenas gravitacionais”, explica Matsas.
A física já prevê que a Teoria da Relatividade não funcione no centro do buraco negro. Porém, se esses ecos forem confirmados, isso provará que a teoria do físico mais aclamado da história falha, não no centro do buraco negro, mas em seu horizonte de eventos – a “fronteira” entre o buraco negro e o espaço.
E é essa falha que poderia marcar o nascimento de uma nova física. Questionando Einstein, especialistas apontam que a matéria engolida por um buraco negro deveria deixar um rastro do lado de fora. Ou seja, esses ecos indicariam que o buraco negro é mais “macio” do que se imaginava.
Levando em conta que os buracos negros têm singularidades (abismos espaço-temporais onde as leis da física não se aplicam), Matsas não confia na teoria dos ecos. “O buraco negro destruir informação (fato que serviria de base para a teoria dos ecos) não é um problema, é uma característica dele. Acredito que o que estão vendo são flutuações estatísticas, e não uma física nova associada aos assim chamados ‘firewalls’, uma cortina destrutiva localizada na fronteira do buraco negro”, afirma.
Apesar de já ter sido colocada em xeque muitas vezes, a Relatividade continua sendo a melhor teoria para explicar os buracos negros. A descoberta das ondas gravitacionais é uma das apostas mais fortes dos cientistas – Matsas incluído – para o prêmio Nobel em física deste ano.


NÚMERO

3.000 anos-luz é a distância do buraco negro mais próximo.


MINIENTREVISTA

George Matsas, professor do Instituto de Física Teórica / Unesp
Coautor do livro “Buracos negros: rompendo os limites da ficção”
Qual é sua opinião sobre a teoria dos ecos?
u acredito que o que estão vendo são flutuações estatísticas, e não física nova associada com os assim chamados “firewalls”, uma cortina destrutiva localizada na fronteira do buraco negro. Eles estão tentando resolver um problema que não existe.
Pode explicar um pouco melhor?
Segundo a teoria de Hawking, a formação de um buraco negro perturba o vácuo quântico ao redor dele, levando, como consequência, a um fluxo de partículas elementares que escapam para o infinito. Esse fluxo de partículas tem uma temperatura que depende da massa e do spin (rotação) do buraco. Sabemos também que essa radiação não contém toda a informação que havia no início, quando a matéria colapsou formando o buraco negro. O problema surge quando se usa ingenuamente um teorema de mecânica quântica que diria que isso é impossível.
Daí a conclusão de que a Teoria da Relatividade estaria errada?
Sim. Mas esse teorema não leva em conta que existe uma singularidade no buraco negro que destrói tudo, inclusive a informação.
O que é a singularidade?
É um abismo espaço-temporal. Na singularidade, não existe o tempo nem o espaço, nada. Quando a informação chega lá, ela é destruída. É por isso que a informação no final é menor que a do início.
É por não se considerar a singularidade, então, que acredita-se haver um problema com a Teoria da Relatividade?
Isso. Um teorema vale sob certas condições. Uma delas, no caso desse, é que não haja singularidades. Não considerando essa hipótese, um grupo de cientistas chegam a um paradoxo. Aí, eles tentam modificar a teoria dos buracos negros a todo custo para se encaixar na explicação.
Mas a Teoria da Relatividade poderia ser rebatida?
De fato, há teorias razoáveis, diferentes da do firewall, competitivas à da relatividade, mas acho que as ondas gravitacionais produzidas por buracos negros seriam tão parecidas com as descritas pela Teoria da Relatividade que, com a tecnologia de hoje, elas seriam impossíveis de se diferenciar. (RS)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Torcida do Corinthians na cidade de São Paulo é igual à soma de rivais

Uma pesquisa divulgada pelo DataFolha mostrou a força da torcida do Corinthians na cidade de São Paulo. Os números impressionam. De acordo com o levantamento, o tamanho da Fiel é idêntico à soma dos torcedores que se declararam são-paulinos, palmeirenses e santistas. 
Os corintianos hoje representam 36% da Grande São Paulo, com o Tricolor vindo logo atrás na preferência com 19%. Na terceira posição aparece os palmeirenses, com 12%. Os santistas representam 5% do contingente. 
O que também surpreende na pesquisa é que 24% das pessoas declararam que não torcem para nenhum time. 

Para a pesquisa, foram entrevistadas 1.092 pessoas com 16 anos ou mais na cidade de São Paulo entre 8 e 9 de fevereiro. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
O Tempo

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Papa sugere que é melhor ser ateu do que católico hipócrita

O TEMPO


O papa Francisco sugeriu nesta quinta-feira (23) que é melhor ser ateu do que católico hipócrita. A declaração, de improviso, foi feita durante sermão da missa privada matinal em sua residência.
O papa afirmou que há muitos católicos que dizem uma coisa, mas fazem outra. "É um escândalo dizer uma coisa e fazer outra. Isto é uma vida dupla", afirmou o pontífice.
"Existem aqueles que dizem 'sou muito católico, sempre vou à missa, pertenço a isto e a esta associação", disse. Segundo o papa, algumas dessas pessoas também pensam "minha vida não é cristã, eu não pago aos meus funcionários salários apropriados, eu exploro pessoas, eu faço negócios sujos, eu lavo dinheiro, (eu levo) uma vida dupla". "Há muitos católicos que são assim e eles causam escândalos. Quantas vezes todos ouvimos pessoas dizerem 'se esta pessoa é católica, é melhor ser ateu'."
Pouco após ser eleito, o papa afirmou que cristãos devem ser ateus como pessoas boas, se forem pessoas boas. Em sermões improvisados, papa Francisco já condenou abuso sexual de crianças por padres, dizendo que equivalia a uma "missa satânica". Também afirmou que católicos na máfia se excomungam. Pediu ainda a seus próprios cardeais para não agirem como "príncipes".
O Tempo

Obra traz novos rastros da escritora Clarice Lispector

O Tempo

LITERATURA

PUBLICADO EM 24/02/17 - 03h00



RIO DE JANEIRO. Como a vírgula do título indica, “Clarice,” é uma obra em perpétua construção. Embora tenha finalizado a biografia da autora de “A Hora da Estrela” em 2009, Benjamin Moser nunca abandonou a procura por novos rastros deixados pela sua biografada.
Para a nova edição da obra, cujos direitos foram adquiridos pela Companhia das Letras após o fim da Cosac Naify, no fim de 2015, o biógrafo norte-americano incluiu algumas novidades: imagens raras e inéditas, como a foto da família da escritora ainda na Ucrânia, antes da vinda para o Brasil, e manuscritos comprados recentemente pelo próprio biógrafo, como um fragmento da obra póstuma “Um Sopro de Vida” e uma carta escrita em 1977, que Moser acredita ser a última da autora.
A capa da nova edição, que chega às livrarias na próxima quarta-feira, também mudou. Sai a imagem icônica da Clarice com a máquina de escrever no sofá (registrada por Claudia Andujar em 1961), entra um outro clique raro, da época em que a escritora vivia em Washington, no início dos anos 50. “Clarice,” inaugura uma série de relançamentos do antigo catálogo da Cosac Naify pela Companhia.
“Quando se trata de uma pessoa muito conhecida, como a Clarice, é sempre difícil encontrar coisas novas”, diz Moser, em entrevista por telefone, de Amsterdã. “Mas achava importante publicar essas cartas e manuscritos nesta nova edição para mostrar que nem tudo foi visto, ainda há muita coisa por aí. Estava trabalhando havia vários meses na nova edição, agora só quero ver o livro renascer”, diz.
Entre os manuscritos, destaque para um fragmento deixado com uma marca de batom da própria escritora à amiga Olga Borelli. Mais tarde o texto seria publicado no livro póstumo “Um Sopro de Vida”. Em outro fragmento, a autora faz anotações para uma cena de “A Hora da Estrela”, que acabou ficando de fora do livro. Há, ainda, uma deliciosa lista de desejos, com itens como: “só atravessar a ponte quando chegar a hora”; “aprofundar as frases, renová-las”; “não deixar personne me donnez (sic) des ordres”; “em todas as frases um climáx”.
Na carta de 1977, Clarice responde a um convite de viagem a São Luís, no Maranhão (“terra do grande Ferreira Gullar”). Menciona seus problemas de saúde, mas afirma “estar quase boa”. Poucos dias mais tarde, seria internada e morreria em dezembro do mesmo ano.
Para “os seguidores da seita Clarice”, como define Moser, poucas coisas são mais estimulantes do que a descoberta de novas fotos da escritora. A sua beleza misteriosa está cravada no imaginário de seus leitores e admiradores a tal ponto que hoje é difícil dissociar a sua obra de sua imagem. Em depoimento a Moser, Ferreira Gullar descreveu seu espanto ao vê-la pela primeira vez: “Seus olhos amendoados e verdes, as maçãs do rosto salientes, ela parecia uma loba – uma loba fascinante”.
“Clarice parece inalcançável. Gostamos tanto de olhar suas fotos porque elas nos fazem nos sentir mais próximos dela”, justifica Moser. “Nas imagens, ela parece sempre ter um poder sobre nossa imaginação”.
Após a nova edição, que inaugura o lançamento do antigo catálogo da Cosac Naify, Moser pretende voltar ao universo de Clarice em breve. Embora ainda esteja finalizando uma biografia sobre a intelectual norte-americana Susan Sontag, ele tem planos ainda de organizar a edição das cartas completas de Clarice, pela editora Rocco.
“É um projeto para o futuro, talvez para daqui a dois ou três anos”, conta o escritor.
O Tempo

Comer 10 porções de frutas, legumes e verduras por dia faz viver mais

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Papa sugere que é melhor ser ateu do que católico hipócrita


O papa Francisco sugeriu nesta quinta-feira (23) que é melhor ser ateu do que católico hipócrita. A declaração, de improviso, foi feita durante sermão da missa privada matinal em sua residência.
O papa afirmou que há muitos católicos que dizem uma coisa, mas fazem outra. "É um escândalo dizer uma coisa e fazer outra. Isto é uma vida dupla", afirmou o pontífice.
"Existem aqueles que dizem 'sou muito católico, sempre vou à missa, pertenço a isto e a esta associação", disse. Segundo o papa, algumas dessas pessoas também pensam "minha vida não é cristã, eu não pago aos meus funcionários salários apropriados, eu exploro pessoas, eu faço negócios sujos, eu lavo dinheiro, (eu levo) uma vida dupla". "Há muitos católicos que são assim e eles causam escândalos. Quantas vezes todos ouvimos pessoas dizerem 'se esta pessoa é católica, é melhor ser ateu'."
Pouco após ser eleito, o papa afirmou que cristãos devem ser ateus como pessoas boas, se forem pessoas boas. Em sermões improvisados, papa Francisco já condenou abuso sexual de crianças por padres, dizendo que equivalia a uma "missa satânica". Também afirmou que católicos na máfia se excomungam. Pediu ainda a seus próprios cardeais para não agirem como "príncipes".
O Tempo

Sete planetazinhos aconchegantes

Amadeu Roberto Garrido de Paula

A revista "Nature", conhecida por sua alta credibilidade, revelou uma magnífica descoberta dos cientistas: sete pequenos planetas, em torno de uma estrela pequena, tudo minúsculo em cotejo com a terra. Períodos orbitais de dias, não de danos, nesse reino liliputiano. O jornal O Estado de S. Paulo deu destaque especial ao fato nesta quinta-feira. Talvez estejamos a nos aproximar mais de nossos sonhos. 
O gigantismo pode impressionar as vistas, mas o micro é preferível. Nada de enormes desertos, oceanos que por vezes se revoltam e causam tsunamis, homens que desenvolvem culturas diferentes, estranham-se e matam-se, tudo isso pode não ocorrer numa vida encerrada num pequeno círculo, tanto mais valioso quanto menor. 
Guerras mundiais seriam impossíveis ou "fatais". As falas dos habitantes mais amenas, correspondentes ao espaço que possuem. O tempo é outro. Talvez não haja estações naturais, mas a existência sob condições ideais não precisam ser alteradas. Claro que temos outros costumes e estranhamos. 
Mais. Nossos vizinhos. Não queiramos passar fins de semana neles. É hora de meditar sobre nós, o homem, o cosmo, e, sobretudo, sobre os outros. Quanto mais amplo o espaço em que devemos atuar, mais difícil a compreensão. Quanto mais o tempo flui, menos entendemos esse monarca do universo, amigo e inimigo, conforme circunstâncias nossas. 
Além deles, haverá outros, nessa imensidão universal. O importante é nos preparamos para a convivência. Tenho pena dos beligerantes de carteirinhas que consideram todos os alienígenas nossos inimigos, manuseando conceitos deploráveis de nossa civilização terráquea. Basta não querermos ser os reis da cocada preta e estabelecer as bases de um diálogo criativo. Linguagem? 
Também não a tínhamos. Creio que começaremos por contatos musicais e por explorações poéticas, pelo menos de nossa parte. Símbolos e manifestações corporais formam consciências e espíritos comuns, que se agregam ao longo de milhões ou bilhões de anos, tempo que devemos considerar nessas análises cósmicas. 
Os cientistas e seus mantenedores sabem com certeza da existência de irmãos do espaço sideral. O motivo dos segredos talvez sejam os próprios homens, considerados ainda despreparados para manter contatos de primeiro e de outros graus, já que nossa filosofia é patrimonialista, da propriedade e da posse, não da vida interconectada sem esses limites de um universo primitivo. 
Esqueçamos nossas bandeiras nacionais, expressões de nossas propriedades. Nossa intimidade, corpo e elétrons juntos, vale muito mais que tais manifestações. Nossos corpos não devem ser estendidos para coisas materiais que os ampliam num sistema solar que permitiu à Terra chafurdar-se em dois conflitos mundiais, enriquecer urânio, tirar óleo das entranhas do planeta e esboçar um estilo de vida massacrante e embrutecedor; que o digam os viciados em psicotrópicos e que só conseguem suportar-se com o auxílio de venenos. 
Nesses planetazinhos, se ainda estiverem nas calendas gregas, poderemos contribuir para corrigir nossas filosofias, usar da experiência dolorosa para viver em paz e conforto espiritual como se vive, ainda, em pequenos e adoráveis povoados terrestres. E desenvolver civilizações menores - mais inteligentes e realizadas nesse novo sistema solar - nos astros a que logo daremos nomes - nós, pretensos senhores plenipotenciários do universo.

Amadeu Roberto Garrido de Paulaé Advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas. 

Esse texto está livre para publicação.

Descobertos 7 planetas do tamanho da Terra que poderiam abrigar vida

PARIS, FRANÇA. Astrônomos descobriram na órbita de uma estrela anã um fascinante sistema de sete planetas do tamanho da Terra que representa o terreno mais promissor até hoje para analisar se há vida além do Sistema Solar. O anúncio foi feito ontem pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), e o estudo foi publicado na revista “Nature”. “Estamos no bom rastro para buscar a eventual presença de vida em exoplanetas (planetas fora do sistema solar)”, declarou Amaury Triaud, coautor do estudo.
Os sete planetas orbitam uma pequena estrela fria, a Trappist-1, localizada na constelação de Aquário, na Via Láctea, a 40 anos-luz da Terra. Eles têm tamanho e massa similares aos de nosso planeta, e, quase com certeza, são rochosos. A princípio, todos podem conter água, e em três deles há possibilidade de encontrar oceanos de água líquida. Para os cientistas, sua proximidade com a Terra e a penumbra de sua estrela anã vermelha representam vantagens cruciais para analisar as atmosferas e buscar as combinações químicas indicadoras de vida. “Até agora, não tínhamos planetas adequados para saber se há vida além de nosso Sistema Solar”, disse Triaud, da Universidade de Cambridge.
O sistema Trappist-1 é, entre os conhecidos até agora, o que tem o maior número de planetas do tamanho da Terra que orbitam uma só estrela, e nele abundam as zonas temperadas, onde não faz tanto calor para que a água evapore nem tanto frio para que se solidifique. Ao mesmo tempo, a descoberta supõe um novo indício de que a Via Láctea pode abrigar milhões de mundos do tipo terrestre.
O autor principal, Michael Gillon, professor da Universidade de Lieja, na Bélgica, disse que foi “uma boa ideia” procurar planetas orbitando estrelas anãs. “Isto é algo que ninguém fez antes. A maioria dos astrônomos tinha se concentrado até agora em estrelas como nosso Sol”, disse. Gillon e sua equipe começaram a rastrear a Trappist 1 – cuja massa representa menos de 10% da do Sol e seu diâmetro é apenas um pouco maior do que o de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar – em 2010, e cinco anos depois encontraram três planetas em sua órbita graças ao pequeno telescópio Trappist do Observatório Europeu Espacial (ESO), baseado no Chile.
A partir daí, o sistema foi monitorado por equipamentos na Terra e no espaço. A partir do solo, os astrônomos só podiam rastrear a atividade na órbita de uma estrela à noite, enquanto que a partir do espaço é possível observar continuamente.
Estes planetas orbitam uma estrela anã vermelha entre 1,5 e 12 dias, já que estão muito mais perto dela do que a Terra do Sol. Gillon e sua equipe começaram a analisar a atmosfera de cada planeta. “Há ao menos uma combinação de moléculas” e “se (esta) estivesse presente de forma relativamente abundante, isto nos indicaria com 99% de confiabilidade que há vida”, disse . “Mas a não ser que detectemos uma mensagem procedente de uma forma de inteligência de fora do nosso Sistema Solar, nunca teremos 100% de certeza”, completa.
Atmosfera
Avanço. O Telescópio Espacial James Webb, com lançamento marcado pela Nasa para 2018, terá a capacidade de detectar sinais da composição da atmosfera dos planetas de Trappist-1.


DETALHES

Nomes. Os exoplanetas foram batizados de B, C, D, E, F, G e H.

Estrela anã. É uma estrela mais fria e vermelha que o Sol, de um tipo muito comum na Via Láctea.
Tamanhos. Os maiores planetas são o B e o G, cerca de 10% maiores do que a Terra. Os menores são o D e o H, que são 25% menores do que nosso planeta.
Órbita. O planeta B, o mais próximo da estrela anã, precisa de 1,5 dia da Terra para completar sua órbita do TRAPPIST-1. O trânsito do planeta H, o mais distante, foi visto apenas uma vez.


SEMELHANÇA

Cientista anuncia zona habitável

SÃO FRANCISCO, EUA. O professor de física Stephen Kane, da Universidade de São Francisco (EUA), anunciou que encontrou um sistema planetário a 14 anos-luz de distância da Terra localizado em uma zona habitável – região que reúne condições para abrigar a vida como a conhecemos. O estudo foi divulgado no jornal “Astrophysival”.
Os exoplanetas, localizados no sistema Wolf 1061, ficam em uma região onde a água poderia existir em estado líquido na superfície. Um deles está inteiramente dentro da zona habitável, o que aumenta as chances de abrigar água e vida. O cientista reforça, porém que são necessários estudos mais precisos para comprovar ou não as condições.
Kane está trabalhando com a ajuda de colaboradores da Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos, e da Universidade de Genebra, na Suíça, para esclarecer mais detalhes sobre o exoplaneta Wolf 1061c e ver se ele tem características parecidas com as da Terra, que dão suporte à vida.
Um dos pontos a serem desvendados pelos novos estudos é a distância do exoplaneta de sua estrela-mãe. Planetas muito distantes podem ter temperaturas tão baixas que não permitam a existência de água líquida. Em planetas que ficam perto demais da estrela na qual orbitam, o problema pode ser o contrário: temperaturas tão altas que a água evapora antes de chegar ao solo.

Outra questão a ser esclarecida é a velocidade de mudança da órbita do Wolf 1061c em volta de sua estrela-mãe. Se a rota do exoplaneta mudar rápido demais, o clima pode ser caótico.
O Tempo