quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Por preservação, telas de Portinari sairão da Igrejinha

Os quadros de Candido Portinari que compõem a via-crúcis da Igreja São Francisco de Assis, conhecida como Igrejinha da Pampulha, serão retirados do local para não serem danificados pela infiltração existente no teto do prédio projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A decisão foi tomada pela Arquidiocese Metropolitana de Belo Horizonte, após recomendação do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).
Ainda não há um prazo para que os quadros sejam retirados, mas eles só retornarão após a conclusão das obras de restauração da Igrejinha, que devem começar em dezembro deste ano – o prazo previsto para conclusão é no final de 2018.
“Estamos orçando com as empresas especializadas em remoção de obras de arte. Ainda precisamos encontrar um local adequado para que esses quadros fiquem seguros, já que tem que ser um ambiente climatizado. Ainda não temos uma data certa, mas quando as obras (reforma) começarem, eles não estarão mais no local”, explicou a coordenadora do Patrimônio Cultural da arquidiocese, Mônica Fonseca.
As infiltrações na estrutura do imóvel atingem o forro de madeira que reveste o teto e as paredes onde estão afixadas as telas de Portinari. Dos 14 quadros, quatro – os que estão mais próximos do local da infiltração – já apresentam pequenos danos. Segundo o Iphan, eles apresentam estragos na parte de trás da moldura e também pequenas marcas na parte da frente.
“São danos pequenos, alguns naturais do desgaste. Estamos analisando quem poderá fazer esse trabalho de conservação dos quadros ou uma eventual restauração. A primeira opção é que esse trabalho seja realizado pelo Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais da UFMG”, detalhou Mônica.
Patrimônio. A obra de restauração de toda a Igrejinha da Pampulha é uma das exigências para a manutenção do título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no ano passado.
Para solucionar a infiltração, a principal intervenção está no restauro das juntas de dilatação da estrutura, que, com o desgaste, permitem a passagem da água. A estimativa é que a obra custe R$ 1,4 milhão, recurso que virá do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas.
Relembre
Atrasos. A obra de restauração da Igrejinha da Pampulha estava prevista para começar no fim do ano passado, e foi adiada por causa de casamentos que já estavam agendados no local.


SAIBA MAIS

Histórico. A Igrejinha foi construída entre 1943 e 1945. Porém, só teve sua ornamentação concluída em 1957.
Restauração. A última reforma completa da estrutura aconteceu entre 2003 e 2005.
Obras. As telas de Portinari medem 49 cm x 49 cm e foram emolduradas com madeira. Portinari é responsável também pela pintura do altar-mor e do painel do lado de fora da igreja, que retrata a vida de São Francisco de Assis.

Segurança. Até 1961, a Igrejinha não tinha sistema de segurança. Ele só foi implantado depois que um repórter roubou um dos quadros para denunciar a falta de cuidado.
O Tempo

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