domingo, 19 de fevereiro de 2017

Filme húngaro vence Berlim

O Tempo

URSO DE OURO

“On Body and Soul” foi eleito melhor filme; já “Pendular”, da carioca Júlia Murat, arrebanhou prêmio da crítica

PUBLICADO EM 19/02/17 - 03h00






BERLIM. O húngaro “On Body And Soul”, história de amor com tintas espirituais dirigida por Ildikó Enyedi, foi o grande vencedor desta edição do Festival de Berlim, levando o Urso de Ouro de melhor filme. O Brasil, que cometia com o longa “Joaquim”, de Marcelo Gomes, sobre o amadurecimento político de Tiradentes, saiu sem prêmio desta edição.
O grande prêmio do júri foi para o franco-senegalês “Felicité”, de Alain Gomis, sobre uma cantora da noite que enfrenta percalços para pagar o tratamento do filho, internado num hospital em Kinshasa, no Congo. O finlandês Aki Kaurismäki ganhou o prêmio de melhor diretor por “The Other Side of Hope”, que aborda a delicada questão dos refugiados na Europa sob a chave de uma comédia ácida. O austríaco George Friedrich, de “Bright Nights”, ganhou o Urso de Prata de melhor ator, como o homem que reavalia a relação com o filho, de quem é distante, e com o pai, que acabou de morrer.
Como atriz, a coreana Kim Min-hee (“On The Beach at Night Alone”) desbancou aquela que até então era apontada como a favorita, a transexual chilena Daniela Vega, de “Uma Mujer Fantástica”. A obra chilena, dirigida por Sebastián Lelio, contudo, levou o prêmio de roteiro. O filme retrata os percalços de uma mulher transexual. “Temos que lutar contra essa era de trevas e o faremos com amor”, disse Lelio, que dedicou o prêmio a Vega.
O prêmio de contribuição artística foi para “Ana, Mon Amour”, do romeno Cãlin Peter Netzer, que levou esse Urso de Prata pela edição do filme: o retrato de um relacionamento amoroso contado entre várias idas e voltas no tempo. O longa vencedor usa técnicas do teatro do oprimido para recriar a experiência de presos palestinos num centro de interrogatório em Jerusalém. Ao anunciar o prêmio, a documentarista Laura Poitras (“Citizenfour”) também aproveitou para alfinetar Trump: “Ele chamou o jornalismo de inimigo. Nós somos inimigos do nacionalismo”, disse.
Já o prêmio Alfred Bauer, voltado para obras de experimentação cinematográfica, foi para “Spoor”, thriller de Agnieszka Holland que faz a defesa do vegetarianismo por meio da história de uma aposentada que sai para investigar o desaparecimento de seus cães. Na categoria de curta, quem levou o Urso de Ouro foi o português “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante, que trata de um menino assustado com a perspectiva da morte. O Urso de Prata ficou com “Ensueño de la Pradera”, do mexicano Esteban Arrangoiz Julien. Criado neste ano, o prêmio para melhor documentário foi para o franco-palestino “Ghost Hunting”, de Raed Andoni, que desbancou o brasileiro “No Intenso Agora”, de João Moreira Salles. Ambos foram exibidos na seção Panorama.
Brasileiro premiado. Entre os prêmios dos júris independentes, paralelos ao do júri oficial, “On Body and Soul”, de Ildikó Enyedi, já havia sido o maior vencedor: prêmio da crítica, do júri ecumênico e o do jornal “Berliner Morgenpost”. Exibido na seção Panorama, “Pendular”, da carioca Julia Murat, ganhou o prêmio da Fipresci, federação que reúne críticos do mundo.
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