segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Autora lança livro sobre o embate do ser humano com a morte


A escritora Heloisa Seixas vem ao Sempre um Papo para conversar com o público da capital mineira sobre seu mais recente livro, “Agora e na Hora”, nesta segunda-feira (28), às 19h30, no auditório da Cemig (rua Alvarenga Peixoto, 1.200, Santo Agostinho), com entrada gratuita. Assim como em seus últimos dois lançamentos, o tema da atual publicação é o embate do ser humano com a morte.

Qual foi o mote que te despertou a escrever o livro “Agora e na Hora”? 

Sempre escrevi sobre o que me assombra. Meus três primeiros romances, “A Porta”, “Diário de Perséfone” e “Pérolas Absolutas”, tratavam, respectivamente, de paixão, solidão e loucura, três assombros. Mas nada é mais assustador do que o desconhecido. E nada representa mais o desconhecido do que a morte. Achei que era hora.

Por que, na sua opinião, a temática da morte segue como uma das mais delicadas e fascinantes na cultura ocidental?

Acho que a literatura é, em grande parte – aliás, não só a literatura, mas qualquer forma de arte –, uma maneira de exorcizar aquilo que nos inquieta. Há quem escreva para divertir ou para se divertir, mas muitos escritores usam a escrita como uma forma de se livrar dos próprios medos. Quando botamos no papel aquilo que nos inquieta, quebra-se o encanto. De alguma maneira, assumimos o controle. Ou temos a ilusão de que assumimos. Mas isso serve para nos apaziguar.

Você trouxe referências de outras áreas para essa narrativa?

As referências mais fortes são sobre livros e escritores. O personagem principal é um escritor, por isso é um homem que gosta de livros, que lê muito. Portanto é natural que o romance traga essas referências. Mas claro que escolhi citar autores que também são importantes para mim e sempre me tocaram, como Jorge Luis Borges, Ambrose Bierce, Albert Camus, Sylvia Plath.

De que maneira esse livro se inscreve na sua trajetória?

De uns 15 anos para cá, tenho enfrentado a morte, ou a quase morte, de várias maneiras. Não eu, pessoalmente. Mas de forma indireta. E, como tudo que mexe muito comigo acaba virando livro, tenho escrito bastante sobre isso. Foram vários livros em torno desse assunto. “O Lugar Escuro” (2007) é sobre minha convivência com o Alzheimer da minha mãe; “O Oitavo Selo” (2014), um quase-romance no qual relatei, de forma ficcional, os confrontos de meu marido Ruy (Castro) com a morte; e agora este. Sempre que escrevo um livro desses, fico mais leve, passo a dormir melhor.

Como a senhora cria seus livros?

Cada livro se escreve de uma forma única. Todos são diferentes entre si. Já escrevi um romance a partir de uma expressão, que acabou sendo o título. Já escrevi livros em dois meses, talvez até menos. E já levei dez anos para concluir um, justamente o “Agora e na Hora”, porque tinha medo de morrer quando pusesse o ponto final no livro.

Qual o papel da literatura para a existência humana, na sua opinião?

Puxa, essa pergunta é de uma magnitude que me deixa sem fala. A literatura, e a arte em geral, é uma das redenções do homem, uma das justificativas para que ele exista. O que mais dizer?

Qual é a sua primeira lembrança literária?

Minha avó me contando histórias. A história contada, antes dos livros, foi o que primeiro me fascinou e marcou. Escrever não foi uma decisão, foi quase imposição, o resultado de um impulso inexplicável.

Qual é a frase mais marcante que a senhora já leu? 

Uma de Albert Cohen, que usei como epígrafe em um livro: “As palavras, minha pátria, elas consolam e vingam”.
O Tempo

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