segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Rifas que zurram

O TEMPO
Laura Medioli
PUBLICADO EM 20/08/17 - 04h30
Outro dia comprei algumas rifas em prol de uma entidade filantrópica. Ao ler o cupom da “Ação entre Amigos” já fiquei meio assim… “Sorteia-se um burro, 12 meses, filho de jumento pega e égua manga-larga…”. Ao lado das palavras, a foto do próprio, com suas orelhas compridas e olhar simpático.

Pois é. Vai que eu ganho?

Obviamente, meu burro seria bem-vindo e, desde já, comunicado de que jamais seria usado como burro de carga. Não sei o que o destino lhe reservou ou se, alguma vez, em sua pouca idade, teve a infelicidade de usar correias, amarras e toda aquela parafernália necessária para uma carroça.

Acredito que não, pois a entidade a ser beneficiada trabalha com projetos de equoterapia e, assim como eu, não enxergaria no burro um carregador de entulhos. Por se tratar de um animal dócil, serviria às crianças com algum tipo de deficiência, já que a terapia equina vem obtendo ótimos resultados.

Mas nunca sabemos ao certo o destino de um burro. Para ser sincera, jamais havia pensado nisso até aparecerem as rifas em minha mão.

Caso me liguem comunicando que sou eu a sorteada, terei que me assentar na cadeira, respirar fundo e pensar no que fazer com ele – colocá-lo próximo a minhas galinhas felizes, já que tenho um galinheiro com 20 galinhas terminantemente proibidas de virar comida?

E  os cachorros? Constantemente estão caçando encrencas com gatos vizinhos, gambás noturnos, camundongos e pombas que, porventura, vêm parar no jardim.  Como explicar a eles a vinda desse novo ser, enorme, orelhudo, cheio de carrapatos, que zurra e ainda por cima dá coices?

Antes que eu seja pega de surpresa, solicitei ao “doutor Google” algumas informações básicas, e fui prontamente atendida:

Reino: Animalia; Filo: Chordata; Classe: Mammalia; Ordem: Perissodactyla; Família: Equidae; 

Gênero: Equus; Espécie: Equus asinus x Equus cabalus.

Hum… Então tá.

E continuo minha pesquisa: “Burro é o nome dado ao filhote macho do cruzamento entre o jumento, também chamado de asno ou jegue, com a égua, ou cavalo fêmea. Quando se trata de uma fêmea resultante desse cruzamento, falamos em mula. Como são indivíduos resultantes do cruzamento entre espécies com número de cromossomos diferentes,  burros e mulas tendem a nascer estéreis”.

Hum… Sei.

Pelo que entendi, então, meu burro não poderá namorar com a mula, pois ambos não conseguem cruzar – quer dizer, talvez sim, só não dá pra fazerem burrinhos ou mulinhas por aí.

E continuo tentando compreender esse imbróglio. Segundo o “doutor Google”, “os burros se apresentam mais parecidos com os cavalos do que com os jumentos”. E eu achando que burro e jumento fossem a mesma coisa. Mas deixa pra lá, tanto faz, já que não tenho a menoooor intenção de criar jumentos, mulas, jegues, asnos ou cavalos em casa. Apenas o burro – caso eu seja a sorteada, claro!

“Sua longevidade permite-lhes trabalhar por mais de 35 anos, e apresentam inteligência superior à de seus primos, os cavalos”.

Opa! Se os bichos são tão inteligentes assim, por que os seres desprovidos de Q.I. são chamados de burros? E olha que os cavalos já são inteligentes pra burro! Imagina os burros?

Enfim, tudo resolvido. Lugar e alfafa pra ele eu dou um jeito. Só não me responsabilizo pelos cães. Mas isso é uma questão de tempo, acredito.

Caso eu seja sorteada, gostaria de contar com vocês, leitores, para me ajudarem a escolher um nome bem bonito para ele. Mas já adianto: nada de Mimoso, Pompom, Loirinho ou algo que deprecie sua condição de burro, tipo “seu burrinho!”. Seu nome deve ter personalidade, postura, presença! Pois, como já  sabemos, burros são inteligentes pra burro!
O Tempo

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