O ex-procurador geral da República Rodrigo Janot defendeu, na manhã desta segunda-feira (23), a utilização das delações premiadas e a realização de operações anti-corrupção como medida para frear a crise econômica e retomar o crescimento do país. Ele participou de palestra em uma instituição de ensino privada na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Janot iniciou o discurso fazendo comparações entre a corrupção e o uso de entorpecentes ilegais. “Há semelhanças na corrupção e no uso de drogas. Quem faz uso dessas ações acha que consegue parar na hora que quiser. Começa com uma vantagem, depois com uma propina e aí, quando se dá conta, já perdeu toda a sua liberdade”, disse, atribuindo a fala ao papa Francisco.
O ex-procurador geral também defendeu que as empresas privadas também auxiliem na fiscalização de atos de corrupção. Segundo ele, o próprio Banco Mundial só autoriza certas negociações e convênios com entidades que possuírem ações internas de combate à corrupção.
Ele citou números gerais da operação Lava Jato e focou em dois tipos de corrupção: a endêmica e a sistêmica. No primeiro caso, Janot contou duas histórias sobre irregularidades na utilização de notas fiscais para funcionários públicos.
“Um caso que me marcou foi quando um membro de Ministério Público de outro país viajou a Brasília e, no almoço, tentou conseguir uma nota fiscal com valor muito superior ao que havia gastado”, contou.
Já a corrupção sistêmica, segundo ele, aconteceria como um ciclo de vantagens indevidas. Seria iniciado no pagamento de propinas para obter licitações, o que aumentaria o lucro e, assim, posteriormente, novas negociatas seriam feitas junto ao poder público.
Janot deixou o posto de comando do Ministério Público Federal há cerca de um mês. Ao todo, a palestra durou cerca de 40 minutos e contou com um auditório repleto de estudantes universitários.
Outro dado citado pelo ex-PGR é a estimativa proporcional entre a corrupção e o Produto Interno Bruto (PIB) do país. “Hoje acreditamos que os esquemas de corrupção movimentem algo em torno de 2%, 2,5% do PIB. Isso daria mais de R$ 100 bilhões. O déficit fiscal é pouco maior que isso. Daí tiramos o quanto o assalto ao erário público é prejudicial”.
O Tempo
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