Três anos depois de o Brasil sair do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), a ONG Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida relançará no domingo, 15, a campanha Natal Sem Fome - suspensa há dez anos.
O objetivo é arrecadar 500 toneladas de alimento, para enfrentar o aumento da falta de alimentos no Brasil, que tem se acentuado desde 2014, devido às crises econômica e política.
De acordo com números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad, do IBGE) de 2014, com os últimos dados disponíveis, sete milhões de pessoas passam fome no País. Esse número manteria o Brasil ainda fora do Mapa - com menos de 5% da população sem alimentos suficientes.
No entanto, o porcentual tem aumentado nos últimos três anos. Documento assinado por 40 entidades da sociedade civil, entre elas Ibase e Action Aid, e entregue às Nações Unidas em agosto, chama atenção para o problema.
"Ficou muito claro que, nestes últimos três anos, com a crise batendo forte no Brasil, precisaríamos voltar a trabalhar. O aumento do desemprego, da violência, e o retorno que a gente tem dos comitês espalhados pelo país é de que a situação está muito complicada", contou o presidente do conselho da Ação da Cidadania, Daniel de Souza, filho do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que criou a ONG em 1993.
Naquele ano, o número de famintos no Brasil chegava a 32 milhões de pessoas. "Estamos tentando trabalhar quase que de forma preventiva, para evitar que o País volte a uma situação de risco", afirmou Souza.
A campanha será lançada no Aterro do Flamengo, com um banquete oferecido em uma mesa de um quilômetro de extensão. Depois, a campanha será estendida a outros 17 estados, entre eles São Paulo. Durante dois meses, a ONG reunirá os alimentos doados, que serão organizados em cestas básicas e distribuídos para a população carente no último fim de semana antes do Natal. A ideia é atender cerca de dois milhões de pessoas.
"A participação cidadã, individual, é muito importante, mas, para atingirmos a meta de 500 toneladas, temos que receber doações no atacado, de empresas. Elas devem representar de 70% a 80% do total de doações", explicou Daniel de Souza.
Serão lançadas também ações via redes sociais e campanhas publicitárias reunindo diversos artistas.
"Logicamente é uma ação simbólica, já que uma cesta básica não dura muito tempo", disse Daniel. "Mas é uma forma de sociedade, empresas, governos, agências internacionais chamarem atenção para o problema, dar uma atenção especial a essa população mais vulnerável. A gente não pode voltar para o Mapa da Fome, isso seria uma derrota muito grande."
O Tempo
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