‘INOPORTUNO’
Juiz determinou que Polícia Federal não arquivasse procedimento que deu origem à operação
PUBLICADO EM 08/01/18 - 03h00
BRASÍLIA. O juiz federal Sergio Moro determinou que a Polícia Federal (PF) não arquivasse o inquérito que deu origem à operação Lava Jato, em Curitiba, que teve sua primeira fase deflagrada em 14 de março de 2014. O encerramento do procedimento de investigação inicial do escândalo da Petrobras aconteceu em maio do ano passado, dois meses antes da dissolução do grupo de trabalho de policiais que atuava exclusivamente na força-tarefa.
Em despacho assinado em 27 de setembro, Moro escreve que a autoridade policial pediu o arquivamento do inquérito sob a justificativa de não existir mais questões a serem solucionadas nos autos pela PF. O juiz, no entanto, argumentou que estão veiculadas ao procedimento “inúmeras demandas de forma centralizada, não sendo oportuno, no momento o seu arquivamento, por uma mera questão pragmática”.
Esse processo, que desencadeou a primeira fase da Lava Jato, tinha como alvo a atuação do doleiro Alberto Youssef na lavagem de R$ 1,4 milhão do ex-deputado federal José Janene (PP-PR) – morto em 2010 –, no Posto da Torre, em Brasília. Aberto pelo delegado Márcio Adriano Anselmo, o inquérito resultou na prisão de Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O encerramento do “inquérito-mãe” da Lava Jato pela PF tem caráter simbólico, mas aconteceu no momento em que policiais e procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) acusaram um “desmonte” da equipe que iniciou as investigações, em Curitiba, promovido no governo do presidente Michel Temer.
Em julho do ano passado, a PF de Curitiba comunicou oficialmente que o grupo de trabalho da maior operação de combate à corrupção do país passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas. Na prática, os quatro delegados que restaram na equipe, que já teve nove, deixaram de trabalhar exclusivamente no caso da Petrobras.
O Tempo
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