Sair de casa para comprar só mesmo se for necessário. Essa é a filosofia do gerente de administração Vanderson Silva, que se tornou preferencialmente um consumidor a distância. Ele conta que é um dos adeptos do novo sistema de delivery, via aplicativos. “Hoje, praticamente 90% das minhas compras são via aplicativos, de alimentos a roupas. A vantagem é a praticidade” diz. Outro benefício dessa modalidade é ter ferramentas que permitem fazer pesquisas nos apps, segundo Silva.
É fato que o serviço de delivery já existe há anos. A diferença é que, se antigamente, o atendimento era exclusivamente pelo telefone, hoje, com a tecnologia, os mais diversos canais de atendimento são utilizados pelas empresas – e-mail, WhatsApp, sites e aplicativos –, com o objetivo de ficar mais próximo do consumidor e, assim, aumentar as vendas. Com aplicativos como o Get Ninjas, depois de poucos cliques um nutricionista pode chegar à sua casa. Em outros apps, a pessoa pode escolher um médico comparando currículo, valor de consulta e tempo de chegada.
Já existe empresa oferecendo consultoria do produto que comercializa por essas plataformas, tudo para facilitar a vida do cliente. O delivery é tão importante que metade dos restaurantes e das lanchonetes atendidos pelo Sebrae em todo o país oferece o serviço, sem terceirização, para dar mais comodidade ao consumidor.
Além dos estabelecimentos que adotam a modalidade há décadas, negócios recentes no formato tradicional estão adotando o delivery. É o caso da hamburgueria The Taste Burguer, que depois de dois anos de mercado, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, se rendeu às entregas via telefone e aplicativo. Esse modelo começou no fim do ano passado.
No segmento de lavanderias, por exemplo, a rede 5àsec conta com o e-commerce, chamado de “Lavanderia Online”. O projeto inclui um novo website, que já está no ar, e um aplicativo para smartphones e tablets, que será lançado no primeiro trimestre deste ano. “Com isso, passamos a ter uma variedade maior de consumidores, em especial a nova geração, que vive mais conectada”, diz o diretor. Assim, os clientes podem contar com a coleta e a entrega de roupas sem precisar ir às lojas.
A rede está apostando no crescimento desse tipo de serviço, que representa de 35% a 40% do faturamento das lojas, segundo o diretor de franquias, Alex Quezada. Em cinco anos, a perspectiva é que a participação chegue a 50%. Quando o serviço foi lançado no Estado, representava, no máximo, 10% dos negócios, pois era algo pouco conhecido, observa Quezada.
Saúde. E, se tem um setor experiente, além do de bares e restaurantes, é o de saúde, em que o atendimento domiciliar veio muito antes da tecnologia. Há quase 20 anos, a empresa Hospital na Residência, sediada na capital, oferece esses serviços. “No nosso caso, é mais que comodidade, é necessidade”, observa o diretor Marcelo Baltazar. Ele explica que há possibilidade, para algumas especialidades, de o médico se deslocar até a residência do paciente, além da modalidade home care. “Entre as vantagens da internação domiciliar estão o contato maior com a família e a segurança, já que não há risco de infecção hospitalar”, diz.
Trânsito pior ajuda a aumentar a demanda
A combinação de pessoas com menos tempo livre e trânsito cada vez pior, em especial nas grandes cidades, fez a demanda pelos serviços de profissionais em domicílio aumentar. É o caso da fisioterapeuta Isabel Cristina Lara Freitas, que percebeu alta na demanda por esse tipo de serviço nos últimos três anos na capital. “Em torno de 80% de meus atendimentos são nas residências”, afirma. Ela vai até a casa de seus pacientes há dez anos.
Isabel diz que, entre os mais jovens, a procura pelo atendimento em casa tem relação com o trânsito ruim. No caso dos pacientes mais idosos, ela ressalta que existe a dificuldade de locomoção – muitos não dirigem e ficam dependendo de um parente para acompanhá-los a uma clínica. “Existe a comodidade de ter o serviço em casa. Além do tempo, há gastos nos deslocamentos, seja num estacionamento ou no pagamento do transporte, seja um táxi ou Uber, por exemplo”, analisa.
Aplicativo. A nutricionista Shellen Pollyanna, que está no Get Ninjas, percebeu a elevação da procura pelos seus serviços. “Comecei a atender em domicílio em 2014. Na época, esse tipo de atendimento representava de 1% a 2% dos meus pacientes. Hoje, está entre 30% e 40%”, ressalta.
Para ela, as pessoas estão mais ocupadas e valorizando, cada vez mais, o tempo. “Elas não querem perder tempo no deslocamento, no trânsito cada dia pior, estão mais práticas”, frisa. A nutricionista destaca ainda que outra vantagem para os profissionais que vão até os seus clientes é que não há faltas nem atrasos.
No setor de drogaria, serviço é fundamental para o cliente
A participação do delivery cresceu nos últimos anos na drogaria São Camilo, no bairro Caiçara, na região Noroeste de Belo Horizonte, conforme a proprietária Jacqueline Moreira Freitas. A empresa oferece o serviço de entrega há cerca de 18 anos. “Quando a gente começou, as encomendas não chegavam nem a 5% do movimento. Hoje, em torno de 40% das vendas são pelo delivery”, compara.
Para Jaqueline, quem não oferece o serviço perde vendas, principalmente para as grandes redes. “É uma comodidade, ainda mais para remédio. Muitas vezes, a mãe está com a criança doente e não tem como sair de casa”, diz.
Eletricidade. E quem está com obra em casa e precisa de algum material elétrico não precisa sair correndo buscar o produto. O gerente da Loja Elétrica, Édimo Pires, conta que, para casos urgentes, o pedido pode ser feito pelo telefone. “Temos o delivery há mais 30 anos. Só que a gente vai se modernizando para atender mais rápido”.
O Tempo
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