O TEMPO
Paulo César de Oliveira
PUBLICADO EM 16/01/18 - 03h00
Como é uma terra de ninguém e aceita tudo, as redes sociais estão infestadas de notícias fantasiosas, às vezes agressivamente mentirosas. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, que o diga. É até personagem de uma marchinha de Carnaval, ridicularizado por suas últimas decisões de tirar da cadeia gente acusada de corrupção. Decisões fundadas na lei, por menos que com elas concordemos. O ministro, no entanto, terá, como presidente do TSE, cargo que deixa no mês que vem, influência nas eleições deste ano, pois as regras da disputa foram definidas em sua gestão. Regras que, infelizmente, não terão como mudar o Congresso, cuja renovação não será a necessária.Mas, voltando à internet, na eleição presidencial, muita sujeira e mentira vão circular, tornando a disputa uma guerra sem precedentes. Se serão capazes de influir no resultado, veremos depois. Até porque, com os podres fartamente comprovados nas ruas, o povo faz questão de não tomar conhecimento. Do outro lado, eles dizem que não têm nada com isso, são todos uns “santos”. Mas, apesar do bombardeio contra tudo e contra todos, pois os atiradores estão nos dois lados, a sucessão presidencial segue seu curso.
Um nome que aflorou com força, representando o povo, mas que, assim como surgiu, refluiu, está de vota ao processo de forma mais consistente. Uma possível candidatura do prefeito João Doria Jr. volta a ser discutida dentro do PSDB, que está concluindo que o governador Geraldo Alckmin não é mesmo um candidato com carisma para vencer uma eleição presidencial. A candidatura Doria vai ganhando força por ser um nome novo, combativo, com um bom discurso, inatacável, sem “rabo preso”. Poderá ser o candidato de centro.
Enquanto isto, Lula é candidatíssimo e finge pouco se lixar com as acusações que lhe são feitas. É um candidato forte. As outras candidaturas, que poderão ser muitas, são apenas para compor o quadro. Pelo lado do governo, tem que se considerar o nome do ministro Henrique Meirelles, pois a economia está avançando e ele pode se viabilizar, como foi com Fernando Henrique. Quem viver verá.
Mas esse curso atual da disputa presidencial pode ser alterado pelo Judiciário. O julgamento do recurso de Lula contra sua condenação por corrupção, qualquer que seja o resultado, terá reflexos no processo eleitoral. Reflexo que se estenderá às disputas estaduais, questão que preocupa especialmente o PT. Lula, como candidato, seria um puxador de votos para postulantes petistas ou que tiverem o apoio da legenda. Com ele fora, ninguém sabe ainda prever o comportamento do eleitorado. E muito menos os rumos da campanha, que se imagina mais pobre, com menos recursos da corrupção.
Sem recursos, o caminho natural passa a ser a internet, campo livre, onde se posta gratuitamente o que se pensa e, muito mais, o que não se pensa, mas aquilo que pode atingir os adversários. A agressividade prevista na redes sociais preocupa o TSE, que não sabe como conter o uso da internet nas campanhas. Mas sabe que vai enfrentar enxurradas de denúncias de quem se sentir prejudicado.
O Tempo
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