O TEMPO
Laura Medioli
PUBLICADO EM 20/05/18 - 04h00
Nesta semana, pelo jeito, trocaram muitos alhos por bugalhos por aí. O jornal Super Notícia que o diga. Curiosa, fui ler a reportagem cuja manchete era: “Olha a cobraaaa!!!”
A encrenca começou com um gato que, esperto, descobriu uma linguiça, de cerca de um metro de comprimento, dentro de uma sacola de supermercado. Deu seu jeito e, fisgando a carne, arrastou-a pela casa até deixá-la estirada na varanda. Sua dona, ao chegar em casa, olhou aquilo no chão e já foi logo pensando no pior.
– Uma cobra!!!
Apavorada, ligou pra vizinha, que, apavorada, ligou pro bombeiro. E deu no que deu. Rapidamente, três militares deixaram o pelotão, na cidade de Viçosa, para atender o chamado noturno de “captura de animal silvestre e agressivo”, levando, além dos equipamentos de praxe, ganchos para prender o bicho.
Do lado de dentro, mulher e vizinha aguardavam ansiosas o desfecho da história.
E fico aqui rindo sozinha, imaginando os bombeiros, na escuridão da noite, com suas armas e ganchos apontados pra uma linguiça. Só rindo.
Das notícias da semana, bizarra mesmo foi a do “cachorro” que virou urso. Fato que aconteceu numa pequena província rural da China. A filha pediu de presente um cachorrinho de estimação; a mãe saiu na rua e voltou com um... digamos, “cachorrão”. Preto, peludo e raríssimo, segundo o sujeito que o vendeu.
O bicho, que acreditavam ser um mastiff tibetano, além de grande, era um tanto quanto faminto. Depois que o viram saciar-se com dois baldes de macarrão e andar sobre duas patas, começaram a perceber que tinha algo errado.
Segundo a garotinha, numa entrevista ao “China News”, a família ficou desconfiada mesmo foi quando o “cachorro” cresceu 3 m e chegou a 150 kg.
Juro! Saiu no jornal.
Mas não é só na China que acontecem essas coisas. Na minha antiga casa na Pampulha, quando eu ainda era criança, fugiu uma onça do zoológico. Minha avó ligava de hora em hora enlouquecendo a minha mãe.
– Glorinha! Cuidado com a onça, não deixe os meninos brincarem lá fora... Glorinha, tranque a casa... Olha a onça!
E essa overdose de onça na cabeça foi o dia inteiro.
Indiferentes a ela, continuávamos livres, descalços e felizes. Até que, à noite, minha mãe resolveu jogar veneno num formigueiro, próximo aos bambuzais. A meninada foi atrás, com a lanterna na mão. De repente, um barulho de passos e folhas secas sendo pisoteadas lentamente.
– Quem está aí? – perguntou minha mãe. Silêncio. Os passos se aproximavam. Até que uma sombra sinistra e ameaçadora apareceu.
– A ooooonça!!! – gritou minha mãe.
– A ooooonça! – gritamos nós.
E dá-lhe pernas. Descendo ribanceira abaixo, tropeçando nas pedras do caminho, gritando muito e quase sem ar, finalmente, chegamos em casa: eu, minha mãe, meus três irmãos, dois primos e o Miltão – nosso vira-lata grande e magricelo, que, sem ninguém perceber, se enfiara no mato.
Descobrimos, enfim, que a “onça” era o Miltão, que nem a “cobra” era a linguiça. Só faltava mesmo o Miltão ter sido um urso. Será???
O Tempo
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