O frio havia muitos anos não surpreendia os moradores de Machacalis, no Vale do Mucuri, e mudou a rotina dos alunos da Escola Estadual José de Alencar. Além dos agasalhos, eles levam cobertores para a sala de aula. É que as vidraças estão todas quebradas, e o vento gelado é como um açoite, principalmente para as crianças do turno da manhã e os alunos da noite, do projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“A gente sente muito frio. Quando chove, molha tudo. Os alunos têm que arrastar carteiras e sentam todos amontoados em um canto da sala para não molharem. Um horror!”, reclama a cuidadora de idosos Rosimara Rodrigues Chaves, do EJA. Os alunos também se protegem do frio e da chuva colocando pedaços de papelão nas janelas. Outros problemas põem em risco a segurança de todos. O telhado está infestado de cupins e ameaça desabar.
Estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com o Sindicato Único dos Trabalhadores de Minas Gerais (Sind-UTE-MG) revela que a maioria das escolas estaduais de ensino médio em Minas Gerais tem problemas de infraestrutura.
Estudo. A reportagem de O TEMPO teve acesso à pesquisa, que será publicada neste mês. O estudo mostra que, nos últimos cinco anos, pouca coisa mudou nas 3.660 escolas estaduais de ensino médio de responsabilidade do Estado. Em 2012, segundo o Censo Escolar, 63% das instituições tinham laboratório de ciência. A nova pesquisa revela aumento desse índice para 64%.
A presidente do Sind-UTE-MG, Beatriz Cerqueira, se diz assustada com as condições de oferta de alimentação escolar. Segundo ela, 52% das unidades não oferecem todas as condições para servir a comida, como cozinha, refeitório e despensa, por exemplo. “São dados graves”, reforça Beatriz.
A escola José de Alencar, que não conta com refeitório, tem verba empenhada de R$ 300 mil do governo estadual para reformas. O termo de compromisso foi assinado há um ano, e o dinheiro não foi liberado. “A jurisdição da Secretaria Regional de Educação de Teófilo Otoni alega haver outras escolas em situação pior”, ressalta o diretor da instituição, Wilton Gil.
“A situação só piorou nos últimos dois anos. Antes, a gente assinava um termo de compromisso, e, com 30 dias, o dinheiro já caía na conta da escola, e a gente dava a ordem de serviço”, reforça. A última obra, conta, foi a ampliação da quadra, em 2007. A escola tem 807 alunos, com idades entre 11 e 60 anos, dos ensinos fundamental e médio e do EJA.
Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, a Escola Estadual Francisco Cândido Xavier funcionou por 17 anos em cima da loja de conveniência de um posto de combustíveis, com salas de aula e cozinha improvisadas em escritórios. A varanda servia de pátio, e o galpão vizinho, de quadra. Só em março deste ano, ganhou sede apropriada.
“A gente sofreu muito carregando água nas panelas. Hoje, temos reservatório”, diz a assistente de secretaria Rosane Madalena de Paula Azevedo.
“A gente sente muito frio. Quando chove, molha tudo. Os alunos têm que arrastar carteiras e sentam todos amontoados em um canto da sala para não molharem. Um horror!”, reclama a cuidadora de idosos Rosimara Rodrigues Chaves, do EJA. Os alunos também se protegem do frio e da chuva colocando pedaços de papelão nas janelas. Outros problemas põem em risco a segurança de todos. O telhado está infestado de cupins e ameaça desabar.
Estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com o Sindicato Único dos Trabalhadores de Minas Gerais (Sind-UTE-MG) revela que a maioria das escolas estaduais de ensino médio em Minas Gerais tem problemas de infraestrutura.
Estudo. A reportagem de O TEMPO teve acesso à pesquisa, que será publicada neste mês. O estudo mostra que, nos últimos cinco anos, pouca coisa mudou nas 3.660 escolas estaduais de ensino médio de responsabilidade do Estado. Em 2012, segundo o Censo Escolar, 63% das instituições tinham laboratório de ciência. A nova pesquisa revela aumento desse índice para 64%.
A presidente do Sind-UTE-MG, Beatriz Cerqueira, se diz assustada com as condições de oferta de alimentação escolar. Segundo ela, 52% das unidades não oferecem todas as condições para servir a comida, como cozinha, refeitório e despensa, por exemplo. “São dados graves”, reforça Beatriz.
A escola José de Alencar, que não conta com refeitório, tem verba empenhada de R$ 300 mil do governo estadual para reformas. O termo de compromisso foi assinado há um ano, e o dinheiro não foi liberado. “A jurisdição da Secretaria Regional de Educação de Teófilo Otoni alega haver outras escolas em situação pior”, ressalta o diretor da instituição, Wilton Gil.
“A situação só piorou nos últimos dois anos. Antes, a gente assinava um termo de compromisso, e, com 30 dias, o dinheiro já caía na conta da escola, e a gente dava a ordem de serviço”, reforça. A última obra, conta, foi a ampliação da quadra, em 2007. A escola tem 807 alunos, com idades entre 11 e 60 anos, dos ensinos fundamental e médio e do EJA.
Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, a Escola Estadual Francisco Cândido Xavier funcionou por 17 anos em cima da loja de conveniência de um posto de combustíveis, com salas de aula e cozinha improvisadas em escritórios. A varanda servia de pátio, e o galpão vizinho, de quadra. Só em março deste ano, ganhou sede apropriada.
“A gente sofreu muito carregando água nas panelas. Hoje, temos reservatório”, diz a assistente de secretaria Rosane Madalena de Paula Azevedo.
Mudança. Após quatro anos funcionando em um motel desativado em Lajinha, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, a Escola Estadual de Liberdade concluiu a última fase da mudança para um prédio novo. No antigo, as salas de aula tinham janelas rotatórias, antes utilizadas para preservar a intimidade dos casais na hora de servir bebidas e refeições do serviço de quarto. Anteriormente, a escola funcionava no salão de catequese de uma igreja.
O Tempo
Pouco avanço nas demandas
Por lei, o Estado é obrigado a cuidar das escolas do ensino médio. É o que aponta Beatriz Cerqueira, presidente do Sind-UTE/MG. A última pesquisa do Dieese foi em 2012, e, “lamentavelmente, houve pouco avanço em termo de infraestrutura. Deveriam ter investido mais”, denuncia ela.
Em março, dez escolas – em Lavras, Ribeirão Vermelho e Ijaci, no Sul de Minas – foram interditadas por falta de sistema de segurança contra incêndios, pedido que havia sido feito desde 2015, segundo os bombeiros.
A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informa que, além de obras de urgência, executa construções e reformas a partir de estudos de prioridades feitos pelas 47 superintendências regionais de ensino do Estado.
A escola de Machacalis funciona em um prédio cedido pela prefeitura local e passou por obras emergenciais em 2015, segundo a SEE. “A (escola) José de Alencar está entre as prioridades da regional de Teófilo Otoni”, afirma a SEE, que, na última semana, encaminhou um engenheiro à escola para verificar a necessidade de manutenção e reparos do prédio. Também solicitou documentos para a elaboração de planilha, primeira etapa do processo de reforma, conforme explica a pasta.
Com relação às escolas de Lavras, o órgão diz que se trata de “uma situação específica, já devidamente resolvida”. A secretaria afirma ter assinado acordo com o Ministério Público no dia 12 de julho e se compromete a apresentar ao Corpo de Bombeiros os projetos de Plano de Segurança contra Incêndio e Pânico.
Em março, dez escolas – em Lavras, Ribeirão Vermelho e Ijaci, no Sul de Minas – foram interditadas por falta de sistema de segurança contra incêndios, pedido que havia sido feito desde 2015, segundo os bombeiros.
A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informa que, além de obras de urgência, executa construções e reformas a partir de estudos de prioridades feitos pelas 47 superintendências regionais de ensino do Estado.
A escola de Machacalis funciona em um prédio cedido pela prefeitura local e passou por obras emergenciais em 2015, segundo a SEE. “A (escola) José de Alencar está entre as prioridades da regional de Teófilo Otoni”, afirma a SEE, que, na última semana, encaminhou um engenheiro à escola para verificar a necessidade de manutenção e reparos do prédio. Também solicitou documentos para a elaboração de planilha, primeira etapa do processo de reforma, conforme explica a pasta.
Com relação às escolas de Lavras, o órgão diz que se trata de “uma situação específica, já devidamente resolvida”. A secretaria afirma ter assinado acordo com o Ministério Público no dia 12 de julho e se compromete a apresentar ao Corpo de Bombeiros os projetos de Plano de Segurança contra Incêndio e Pânico.
O Tempo
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