terça-feira, 8 de maio de 2018

O Quadro noturno

Amadeu Garrido de Paula


Do alto de meu sonho o quadro se agitou
Lutavam cores indefinidas e tons desconhecidos
Avermelhados fortes logo se esmaeciam
Tênues pinturas com eles se mesclavam
E todo meu corpo estremecia e pugnava
Para dar-lhe as formas, ora mortas ora vívidas,
Mas apenas pontos esparsos eram percebidos.
Prosseguir entre a vigília e o sono vasto
À procura da obra que sempre desaparecia
Deixei-me estar, lânguido, na procura da paz estética
Até que o despertar na alba trouxesse a obra
Aquele estranho  quadro inserto em meu sonhar.
Porém não queria deixar o sonho porque sabia
Que depois dele as estranhas coisas se dispersariam
E meus termos do normal diluiriam
Em algo sólido e insípido aquelas aventuras de pintar
Que se tornariam vulgares e conhecidos riscos.
Os anjos de Deus e do demônio me deixariam
A algaravia da vida destruiria a estranheza
Entre as cores que brigavam no sonho
E traziam no mistério da noite a insólita beleza.

Amadeu Garrido de Paulaé Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.

Esse texto está livre para publicação

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