quarta-feira, 30 de novembro de 2016

ISSO TAMBÉM PASSA...

Havia um homem que costumava ter em cima de sua cama uma placa escrita: 

ISSO TAMBÉM PASSA...

Então perguntaram à ele o por quê disso...
Ele disse que era para se lembrar que, quando estivesse passando por momentos ruins, poder se lembrar de que eles iriam embora, e que ele teria que passar por aquilo por algum motivo. 
Mas essa placa também era pra lembrá-lo que quando estivesse muito feliz, que não deixasse tudo pra trás, porque esses momentos também iriam passar e momentos difíceis viriam de novo...
E é exatamente disso que a vida é feita:
 MOMENTOS!
Momentos os quais temos que passar, sendo bons ou não, pro nosso próprio aprendizado. Por algum motivo... 
Nunca esqueça do mais importante: 
NADA É POR ACASO! Absolutamente nada. 
Por isso temos que nos preocupar em fazer a nossa parte da melhor forma possível.

(Chico Xavier)

Obras alteram circulação do trem que liga Minas a Vitória

A tradicional viagem de trem entre Belo Horizonte e Vitória, no Espírito Santo, ficará suspensa por cerca de duas semanas. 
A paralisação no transporte, que é um xodó dos mineiros, ocorrerá entre os dias 10 e 23 de dezembro para a primeira etapa da obra de manutenção no túnel ferroviário de Marembá, localizado entre Barão de Cocais e a capital mineira. A passagem do trem ficará restrita ao trecho compreendido entre a Estação Pedro Nolasco, em Cariacica, no Espírito Santo, e a Estação Ferroviária Dois Irmãos, localizada no município de Barão de Cocais, em Minas. 
A partir do dia 24 de dezembro, o trajeto feito pelo Trem de Passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas será normalizado. Conforme informou a Vale, empresa responsável pela locomotiva, a intervenção, que será realizada em duas fases, prosseguirá em fevereiro de 2017. 
Dúvidas

Para mais informações, os passageiros poderão entrar em contato pelo Alô Ferrovias (08002857000), canal de atendimento gratuito mantido pela Vale para esclarecimento de dúvidas, críticas e sugestões.
O Tempo

Mudança em pacote anticorrupção é 'atentado à democracia', diz Ajufe

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, condenou na manhã desta quarta-feira, 30, a votação na madrugada do substitutivo do projeto das 10 Medidas de Combate à Corrupção que desfigurou a proposta inicial e incluiu alterações polêmicas como a previsão de punir por crime de abuso de autoridade magistrados, procuradores e promotores.
"Na madrugada de hoje na Câmara dos Deputados ocorreu um atentado à Democracia brasileira. Enfraquecer a Magistratura criando crimes pela atividade cotidiana dos juízes é favorecer a prática da corrupção", afirmou Veloso.
A crítica da entidade vai na mesma linha da feita pelos procuradores da República, que veem uma retaliação aos investigadores e juízes diante dos avanços da Operação Lava Jato contra políticos dos principais partidos do País. Para Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato, a proposta, tal qual aprovada pela Câmara na madrugada, é uma "lei da intimidação".
As categorias criticam, sobretudo, a forma vaga como a lei coloca as atitudes que podem ser enquadradas como crime de abuso de autoridade.
Pela emenda aprovada, os membros do Ministério Público podem responder pelo crime de abuso de autoridade se, entre outros motivos, promoverem a "instauração de procedimento sem que existam indícios mínimos de prática de algum delito".
Além da "sanção penal", o procurador ou promotor poderia estar "sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado".
Já os magistrados podem ser enquadrados em pelo menos oito situações, entre elas, se "expressar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento". A pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão e multa.
A emenda que prevê a possibilidade de enquadrar magistrados e procuradores obteve o apoio de 313 deputados. Muitos dos que votaram a favor da medida são investigados por conta do esquema de corrupção da Petrobrás.
Os deputados também incluíram a possibilidade de punir policiais, magistrados e integrantes do MP de todas as instâncias que violarem o direito ou prerrogativas de advogados. A emenda foi patrocinada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Campanha
A proposta inicial do projeto de lei foi lançada a partir de uma campanha do Ministério Público Federal, que coletou mais de 2 milhões de assinaturas em apoio à proposta, encaminhada ao Congresso como projeto de lei de iniciativa popular.

Do texto original enviado pelo Ministério Público Federal, foram mantidos no pacote apenas a criminalização do caixa 2 de campanha eleitoral, o aumento de punição para crime de corrupção (com crime hediondo a partir de 10 mil salários mínimos), a transparência para tribunais na divulgação de dados processuais, limitação de recursos para protelação de processos e ação popular, este último incluído pelo relator no pacote.
O Tempo

Piloto de avião teria pedido ajuda antes da queda: 'Ajude-nos!'


Um tripulante de uma companhia aérea contou nesta quarta-feira que ouviu a comunicação entre o avião que levava a delegação da Chapecoense e a torre de controle do aeroporto de Medellín e que o piloto do Avro RJ85 da LaMia pediu ajuda desesperadamente, segundo a Rádio Caracol, da Colômbia. "Ajude-nos, ajude-nos" teriam sido suas palavras.

O piloto teria solicitado prioridade de pouso por conta de problemas de combustível. "Solicitamos prioridade para proceder, solicitamos prioridade para proceder ao localizador, temos problemas de combustível", teria dito o piloto Miguel Quiroga.

As informações são de que dois aviões solicitaram emergência quase ao mesmo tempo à torre de comando do aeroporto de Medellín e a prioridade para aterrissar foi dada a um Airbus A320, com capacidade maior de passageiros. Uma hipótese é de que o Avro RJ85 teve de dar duas voltas na cidade para esperar o pouso do outro avião e, por isso, o combustível acabou.

O A320 também estava com pouco combustível e em situação de emergência. Tratava-se de um avião da Aerolinea VivaColombia, que vinha com turistas da ilha de San Andres, no Caribe. Radares mostraram dois aviões voando próximos no local da queda da aeronave onde estava a equipe da Chapecoense. Após dar prioridade de pouso ao Airbus, o piloto da LaMia decretou situação de emergência. "Agora temos uma falha elétrica, temos uma total falha elétrica".

Ximena Suárez, aeromoça da companhia aérea e uma das sobreviventes da tragédia, afirmou que sua única lembrança foi o apagar das luzes dentro da aeronave. "As luzes se apagaram e não lembro mais de nada", disse para a secretária de governo do departamento de Antioquia, Victoria Eugenia Ramírez, ao ser resgatada.

Além de Ximena e do comissário Erwin Tumiri, também sobreviveram ao acidente os jogadores Alan Ruschel, Jackson Follmann, e Hélio Neto, e o jornalista Rafael Henzel, que foram internados em diferentes hospitais próximos de Medellín.

O avião bateu em um morro e deixou 71 mortos, sendo 19 jogadores do time da Chapecoense. A delegação da equipe de Chapecó estava a bordo para a disputa do primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.
O Tempo

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Tutela de evidência nos recursos

Tutela de evidência nos recursos

Amadeu Roberto Garrido de Paula

Vivemos por décadas sob a vigência de um Código de Processo Civil vindo à luz sob o regime político de exceção. Um código padrasto, em que não só a parte sofredora de dano em seu direito subjetivo, como também o juiz, tinham ciência e consciência de que a integridade do direito deveria ser realizada imediatamente. Mas havia que aguardar-se o esgotamento das formas. Enquanto isso, o direito, que aflora ao limiar das consciências justas, permanece em estado latente. A consequência é uma frustração de seu titular, durante o período de espera. A frustração é uma agressão extremamente negativa ao estado psíquico das pessoas. Chamaram-me atenção, ao percorrer estradas da Escócia, avisos às margens das estradas com o seguinte teor: "Cuidado. A frustração pode gerar acidentes graves". Os alquimistas diziam que Deus, ao punir os "culpados" no inferno, não os imergia em caldeiras ardentes; simplesmente deixava as almas esperando... 
A maior virtude de nosso novo Código de Processo Civil é a efetiva democratização do processo. O fenômeno está presente na maioria dos dispositivos que não tem correspondentes no código revogado. Para se ter uma ideia do sentido opressivo do código anterior, não foram poucos os casos em que recursos não foram conhecidos, por desertos, porquanto a guia de recolhimento se apresentava inferior ao valor devido, por um real ou até mesmo centavos, sem oportunizar-se ao recorrente prazo para complementá-la (TST AIRR 356-58-2012.5.05.0018, Min. 
Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7a. Turma, 11/11/2016, julgado sob a égide do CPC de 1973). No âmbito do TST, vários outros precedentes anteriores confirmam, de modo ainda mais específico, a esdruxularia antes narrada, precisamente sob jurisdição em que o princípio da instrumentalidade das formas deveria ter maior colorido. No âmbito do C. STJ, a jurisprudência se firmou no sentido da possibilidade de complementação, porém desde que a guia juntada apresentasse transparência e legibilidade manifesta. Enfim, confirmava-se inteiramente o repto de Liebman ("A forma é necessária, o formalismo deforma"). A opressão formalista foi superada pelo atual código democrático e da cidadania. 
Neste comento, como prediz seu título, enfocamos a novel tutela de evidência nos recursos. Trata-se, como é de curial sabença, de amparo incontinenti, independentemente de "periculum in mora"; basta que o direito salte aos olhos, grite dos autos. Se houver equívoco do magistrado, a reversibilidade produzirá seus efeitos saneadores, quando da sentença de mérito, como é comum do sistema das liminares "ab initio" e "inaudita altera pars". 
O pedido é dirigido ao Relator, desembargador ou ministro. Os autos, em geral, já estão fartos do necessário, alegações dialógicas, documentos, pronunciamentos interlocutórios, razões finais e a sentença. Esta, por sua vez, deve ter evidenciada a necessidade de reforma. Suponha-se a hipótese da declaração de nulidade de um ato jurídico, seu desfazimento, no principal, porém mantidos íntegros seus efeitos secundários. A reforma é mero ponto de lógica, considerada a eficácia "ex tunc" da decisão declaratória, diversamente da decisão constitutiva na hipótese de simples anulabilidade e eficácia "ex nunc". Trata-se, para Kelsen, de anulabilidade "extrema", de efeitos retroativos. Nosso direito é elementar ao distinguir ambas as hipóteses. A declaração de nulidade significa que o ato foi "nenhum" (na linguagem das ordenações reinóis); em outros termos, "inexistente", em ordem tal que as coisas devem ser integralmente repostas ao "status quo ante". Segundo o novo CPC (art. 932, II), ao contemplar pedido de tutela endereçado ao relator, nos recursos ou processos de competência originária do Tribunal, conclui-se que ela é plenamente admissível e realiza o ideal da celeridade da Justiça, previsto na Emenda Constitucional nº 45/2004 e cristalizado no elenco dos direitos e garantias individuais (CF, art. 5º). 
O exame dos pressupostos da tutela faz-se mais seguro no pórtico dos recursos do que no limiar da causa, dada sua maturação. 
Trata-se de importantíssima inovação, densificadora de preceito constitucional, entronizada em nosso ordenamento jurídico pelo Código de Processo Civil de 2015.

Amadeu Roberto Garrido de Paula, é advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Auditores proíbem condução de garis na traseira de caminhões de lixo

Auditores Fiscais do Trabalho proibiram, na manhã desta segunda-feira (28), a condução de garis na traseira dos caminhões compactadores pertencentes às empresas prestadoras de serviços públicos de coleta e limpeza urbana em Belo Horizonte (uma entidade pública e três terceirizadas).
Segundo a Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais (SRT/MG), a interdição refere-se especificamente a irregularidades encontradas na condução desses trabalhadores no estribo traseiro (parte externa) de veículos de coleta de lixo. A ação fiscal, que começou às 8h, termina às 11h desta segunda-feira (28).
Uma das auditoras fiscais do trabalho que participam da ação fiscal, Carolina Mayr, esclarece que a interdição ocorre após a constatação de risco grave e iminente a que os trabalhadores estão expostos, capaz de causar acidente de trabalho com lesão grave à sua integridade física, devido à condução na parte externa dos caminhões compactadores de lixo.
Entre os riscos estão atropelamentos e colisões de outros veículos com a traseira dos caminhões de lixo, assim como desvios repentinos de trajetória, frenagem ou aceleração bruscas, buracos, lombadas ou outros solavancos.
Em nota, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou que recebeu uma notificação da Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais na manhã desta segunda, que trata da proibição do transporte de garis no estribo traseiro dos caminhões. "O documento está sendo analisado pelas equipes técnica e jurídica da SLU, para que medidas cabíveis sejam tomadas", afirmou o órgão em nota.
Fiscalização
A fiscalização nas empresas, que está em andamento, teve início em outubro deste ano por meio da ida dos auditores às sedes e garagens das empresas e nos pontos de apoio, além de observação, nas ruas, do trabalho dos coletores de lixo.
Várias entrevistas foram feitas e inúmeros documentos foram analisados. Além da interdição, foram lavrados cerca de 100 autos de infração devido a inúmeros descumprimentos da legislação trabalhista e de segurança e saúde no trabalho, tais como a não realização de exames médicos; não elaboração de Análise Ergonômica do Trabalho; falta de treinamento; instalações sanitárias nas garagens em condições precárias de higiene e limpeza; horas extras além do limite legal; trabalho em domingos e feriados sem autorização; e falta de comunicação de acidente de trabalho à Previdência Social.
Além disso, as empresas fornecem Equipamentos de Proteção Individual (EPI) inadequados para a tarefa de coleta, como luvas que não oferecem proteção contra perfurações e cortes e também calçados de segurança sem amortecedores de impacto, o que frequentemente provoca torções dos pés e tornozelos. Durante inspeção na regional centro sul de uma das empresas, a equipe de fiscalização verificou que não havia nenhuma luva em estoque para os garis e nenhuma ordem de compra havia sido expedida. Como consequência das precárias condições de trabalho, todas as empresas fiscalizadas apresentam elevado índice de afastamento dos trabalhadores.
Os auditores fiscais do trabalho verificaram, ainda, que muitos caminhões compactadores não estão em condições de se locomover, visto que apresentam pneus carecas; recapagem se desprendendo do pneu; estribos desnivelados e com dimensões incompatíveis com as normas aplicáveis, acentuando, assim, o risco de queda dos trabalhadores.
O que diz a legislação
O Art. 235 do Código de Trânsito Brasileiro tipifica como infração de trânsito grave "Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos devidamente autorizados". Por isso, antes da interdição, as empresas foram devidamente notificadas para que apresentassem documentação que as autorizasse a conduzir pessoas na parte externa dos veículos. Contudo, declararam não possuir tal autorização e não apresentaram qualquer dispositivo legal, como regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que evidenciasse autorização para a condução de pessoas no estribo dos veículos.

Nota Técnica emitida em 2016 pela Câmara Temática de Esforço Legal (CTEL) do Contran também condena a prática da maneira como vem ocorrendo. A interdição formaliza, portanto, no âmbito trabalhista, a proibição de uma situação que já era considerada ilegal pela legislação de trânsito, sujeitando os empregadores, em caso de descumprimento, a processo criminal por eventuais acidentes sofridos pelos garis.
O Tempo

Fidel Castro

Fidel Castro

Amadeu Roberto Garrido de Paula

Para alguns, arquétipo do herói, como Alexandre da Macedônia. Para outros, do tirano implacável, como Sadam Hussein. 
O fato é que ninguém exerce poder político por 49 anos sem ser uma figura arquetípica. Advogado, no início protagonizou episódios ante os quais a esquerda mundial se encantou e encheu-se de esperanças. Encarado como o promotor do socialismo mundial, preconizado por Marx - "proletários do mundo inteiro, uni-vos". Os adversários recolheram-se em Miami. 
Em verdade, arquétipo do homem carismático e paradoxal. Sob a corrupta ditadura de Baptista, a ilha vista dos Estados Unidos tornou-se um cassino. Sem lideranças e instituições fortes, caiu como um castelo de cartas. Os guerrilheiros de Sierra Maestra, sem embargo dos combates e de sacrificados na luta pela democracia, foram os únicos que, em todo o mundo, conquistaram seus objetivos. Uma sociedade e um governo, voltados a um hedonismo barato e irresponsável, caíram nas mãos do Robin Hood do Caribe da década de 1950. 
O carisma desde lodo se evidenciou, por meio das comemorações da vitória. Vitória sem comemoração é um ato a que falta o símbolo, importante, porém vazia ao firmar o fato no inconsciente coletivo. Seus adeptos, ao invés do apoio incandescente e esperançoso, podem cair na letargia do mesmo. E se completou pela fluidez da linguagem. Poucos políticos souberam usar da expressão verbal como Fidel. Seus discursos eram de horas ante um povo extático. No ponto se forjaram as primeiras virtudes de mais de quatro décadas de poder efetivo e inquestionado. 
Sentiu, contudo, sua inevitável fraqueza, ante o gigante do norte. Assim, à propositura inicial de uma democracia ética e iluminista sobreveio a guinada de 180 graus, ao aderir à poderosa ditadura stalinista, fundada em burocracia sólida, genocídios e nacionalismo, este antípoda dos sonhos universais de Castro e da esquerda. Inúmeros apoiadores importantes do movimento democrático de Fidel o abandonaram. E o esperado apoio da União Soviética à revolução universal foi uma decepção.  Embora tenha propiciado fundamentos básicos à mantença econômica de Cuba, o empenho soviético não passou daí. Tinham de consolidar seu próprio terreno, consequente à segunda guerra mundial. 
Certamente o bloqueio econômico gerou a miséria de Cuba. Entretanto, não se pode esperar de uma grande nação capitalista, gerida pelos respectivos interesses, outra conduta; quando o histórico Presidente Barack Obama logrou engendrar um diálogo com Raul Castro, o venerando líder não deixou de manifestar sua crônica oposição. O enterro dessa tentativa evolucionista ficará consumado como uma das deletérias consequências da vitória de Donald Trump. 
Ernesto Guevara teve precisa conta da direção dos ventos e rompeu com a subserviência a outro patronato. Seus ideais do socialismo universal eram mais fortes. Demitiu-se do mais importante cargo governamental de Cuba para morrer indefeso na Bolívia. A primeira demonstração de que a guerra guerrilheira não consegue derruir Estados minimamente ordenados, seja sob governos democráticos, sejam ditaduras. 
A guinada de Castro inspirou a ideia demagógica de que se veria empreender lutas sob o mantra da democracia liberal, pregada ostensivamente, somente como um meio, um caminho para atingir-se a figura da "ditadura do proletariado", necessário, no pensamento marxista-leninista, para a instauração do socialismo.  O imaginário utópico do século XX e ainda pendente em veneráveis cabeças do século XXI. Essa elucubração imagística somente seria descartada de parte do pensamento esquerdista em meados da década de 1980 pelo Partido Comunista Italiano e seu líder Enrico Berlinguer, que firmou como propósito de sua "praxis" a "democracia como fim universal", o que gerou efeitos, inclusive, no Partido Comunista Brasileiro, com sua cisão entre dois grupos básicos: os seguidores do "Velho", combatente Luís Carlos Prestes, dissidência, e os que remanesceram no Partido sob a direção de alguém desprovido de "vis attractiva", tal qual Raul Castro, Giocondo Dias. 
Dissolvida a guerra fria, a agora Rússia logo retirou o amparo crônico à Ilha, o que gerou reações furibundas e inúteis de Fidel. A miséria tornou-se extrema, somente administrada por heranças do período ancorado, especialmente por meio da educação universalizada e, do mesmo modo, dos serviços de saúde. No ponto, são necessárias observações imperiosas. A educação do estilo soviético sempre foi marcada pela unilateridade de objetivos políticos. O pensamento aberto, criativo e crítico, fundamento da filosofia e de todas as ciências, exatas e humanas, foi soterrado. Restou a miopia e a pobreza do "conhecimento" único de seus próprios espelhos. A visão enciclopédica, responsável e cautelosa das ciências e das artes, ao expor seus resultados, foi simplesmente abandonada. Um físico comprometido com o partido não precisaria de muitos testes para anunciar suas investigações. Do mesmo modo, os literatos e filósofos, a exemplo de Vladimir Mayakovskiy, Alexandre Soljenitsin e Boris Pasternak. Tanto a saúde como a educação cubana foram promovidas à luz de valores quantitativos e não qualitativos e críticos, o mesmo que, há pouco, se adotou no Brasil. 
Ao finalizar, o pior de tudo: não há boas ditaduras. Os "paredóns" e os presos políticos e os exilados foram denúncias jamais contestadas pela ditadura castrista. Verdades incontestáveis. 
Esse menosprezo à vida, que, quando se vai, é como uma ilha que se desprende de seu promontório, são considerados nefandos crimes de lesa humanidade. Para alguns saudosistas, o preceito é relativizado quando essas ignomínias visam à "salvação social de toda a humanidade". Ao leitor cabe valorar esse relativismo. 
Talvez ninguém, neste século, nesta vida que se desenvolve sob condições absolutamente distintas dos meados do século passado, e nos futuros, verá mais um homem como Fidel Castro, carismático, resistente, dono da linguagem, e, ao mesmo tempo, equivocado, intransparente e ditador, como todos os tiranos, inominável. 

Amadeu Roberto Garrido de Paula, é advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.  

domingo, 27 de novembro de 2016

Banhos para fim de ano

Com a proximidade do fim de ano, a sensação de cansaço e estafa tende a ser intensificada. A vontade de começar a operar no modo “férias” só aumenta, enquanto ainda resta trabalho e um punhado de confraternizações – da firma, da família, dos amigos... – para comparecer até que finalmente chegue a contagem regressiva para 2017. Então, para dar conta do recado nesta reta final, uma boa saída são os banhos relaxantes, superprocurados entre novembro e dezembro em spas, salões e clínicas estéticas da cidade.
Com técnicas cada vez mais diversificadas, os banhos trazem em sua composição elementos com propriedades que prometem desde hidratação e esfoliação até o ganho de vitaminas e desintoxicação. “Nesta correria do dia a dia, a gente sente que as pessoas estão procurando os rituais para se cuidarem. Elas querem seu potencial tranquilizante; percebemos mesmo a chegada de muitos clientes estressados, e, quando eles saem, é outra coisa. É visível seu aspecto descarregado, relaxado”, comenta Daniela Braga, uma das sócias da Clínica Ben Vivere. Segundo ela, os banhos mais procurados neste momento são os chamados “detox”, que, além de serem refrescantes, promovem o desinchaço e a sensação de leveza para a temporada de calor.
“Há uma forte procura por iniciativas mais saudáveis. Dentro desse universo detox, o banho de chá-verde tem ganhado muito espaço por ajudar na liberação de toxinas. O de laranja também é uma boa pedida”, destaca. Pollyanna Mendes, sócia-diretora do Spa Mitra, que, dentre os detox, ainda ressalta o uso da argila como potente ativador da corrente sanguínea e também lembra o ganho de autoestima que os banhos relaxantes permitem. “Além do cansaço, em épocas de festividades, as pessoas querem estar mais bonitas, com a pele mais vistosa, mais atraente. Há banhos especialmente montados como ritual de beleza, com fase descolorante de pelos e hidratação com cenoura e mel, que facilita e intensifica o bronzeado de quem aproveitar o calor e tomar sol”, lembra.
Recorrer a tais banhos que fogem da simples ducha em casa tem seu lugar, afinal, segundo Miriam Junqueira, fisioterapeuta e professora do curso de Estética e Cosmética do Uni-BH, além do relaxamento acarretado pela temperatura da água, as essências e os óleos essenciais trazem benefícios por meio do estímulo ao olfato. “Com a temperatura entre 27° e 34°, esses rituais causam a vasodilatação. Mas também os elementos atingem outras áreas. Lavanda, por exemplo, acalma; alecrim e eucalipto são estimulantes; e o chocolate age no âmbito da satisfação”, comenta Miriam. Segundo ela, no entanto, na hora de escolher onde tomar o banho é preciso checar a higienização da banheira e as referências do local. “Também é preciso tomar cuidado com reações alérgicas aos produtos usados”, alerta.

Dicas para seu spa em casa

Quem deseja curtir um banho relaxante, no entanto, não precisa necessariamente procurar um spa ou uma clínica estética. É possível montar um mini-spa em casa, segundo Miriam Junqueira, professora do curso de Estética e Cosmética do UniBH.
Essências e óleos essenciais. “Você pode comprar a essência, os óleos essenciais, os sais e as ervas de sua preferência. Em lojas no Mercado Central, por exemplo, é possível achar várias. Lembrando que sal grosso também é ótimo para reduzir inchaço, a menta aumenta a circulação, e a argila, superbarata, ajuda no detox”, destaca Miriam.
Glicerina. Para dar uma função hidratante, a professora também indica acrescentar ao banho uma dose de glicerina. “Em uma jarra de um litro, coloque duas colheres de glicerina, uma xícara de sais de banho e umas cinco gotinhas do óleo essencial. A medida é para uma banheira dessas padrão, que cabem duas pessoas”, explica.

Chuveiro. Há técnicas de amarrar um tule com os sais e os óleos à ducha a fim de preparar um banho de spa sem banheira. A dica, no entanto, exige mais cuidado na execução. Converse nas casas de banho sobre o material adequado.
Atenção. “Fique atento à temperatura da água. A pressão pode cair e, se você estiver sozinho em casa tomando seu banho, pode ser muito perigoso”, alerta Fernanda Melo, massoterapeuta no Spa Lótus, que também chama atenção para a quantidade de elementos colocados no banho. “O excesso de óleos e sais pode causar reação alérgica. No spa, geralmente colocamos de 10 a 15 gotas de óleo essencial na banheira”, indica.

O Tempo

Artesanato mineiro gira R$ 4 bi e ajuda indústria e comércio

RIO DE JANEIRO. Quem olha para a tela pendurada, com flores e casinhas de Tiradentes, minuciosamente bordadas pelo Moisés Jordano, pensa em todo o trabalho que a peça deve ter dado. Quem olha para a luminária feita por Simone Oliveira com filtros de café reciclados praticamente nem presta atenção no ferro. E quem pensa nos R$ 4 bilhões que o artesanato mineiro fatura, em média, provavelmente não se dá conta de que, para cada R$ 100 que essa atividade embolsa, ela movimenta pelo menos mais R$ 46 com a compra de matéria-prima. “Segundo levantamento da Vox Populli, os custos da produção equivalem a 51% do faturamento. “Considerando que 92% desses gastos são feitos com compras de insumos, no varejo e na indústria, cerca de R$ 1,8 bilhão movimenta esses setores”, estima a presidente do Centro Cape, Tânia Machado.
E foi exatamente a diversidade de matéria-prima que ajudou a colocar Minas Gerais no topo do “Oscar do artesanato brasileiro”. Dos cem melhores empreendimentos premiados pelo Top 100 nos 27 Estados, 13 são mineiros. “Minas tem uma heterogeneidade relevante, além de tradição com identidade. Tudo isso agrega muito valor e reflete nos outros segmentos também”, destaca a analista de artesanato do Sebrae Minas, Sabrina Campos Albuquerque.

Além do reconhecimento, os vencedores ganharam uma oportunidade de dinamizar os negócios e escancarar seu artesanato para o mundo. O Sebrae organizou, no Rio de Janeiro, dois dias de rodadas de negócios, com 62 compradores, sendo 11 internacionais.
A empresa Essamulher, de Belo Horizonte, faz parte deste seleto grupo. De olho na chance de divulgar as bijuterias, até catálogo em inglês ela preparou. E deu certo. No primeiro dia do evento, teve reunião com compradores da Polônia, da Holanda e dos Estados Unidos. Ela cuida da gestão. A sócia Heloísa Araújo é responsável pela criação. “Eu sou administradora e ela é artista plástica, mas uma já dá palpite na área da outra. A estratégia é distribuir a coleção em uma pirâmide: 10% é inovação, 30% é o que já foi inovação e se tornou consistente. Os 60% restantes são peças que o mercado quer e sempre vão ter sucesso. Assim, a coleção fica viável economicamente”, explica Valéria, que agora comemora o a projeção que a marca conquistará a partir da premiação.
Os vencedores podem usar o selo Top 100 por três anos. “O prêmio não é somente para os melhores produtos, mas para os melhores empreendimentos, considerando práticas de gestão e sustentabilidade, que mostram ao mercado não só a qualidade, mas a maturidade do artesanato”, afirma a gestora do prêmio, Durce Masceni.
Viajou a convite do Sebrae


CARANGOLA

Arte com coador de café emprega 20

Simone Oliveira é de Carangola, na Zona da Mata. Há 17 anos ela descobriu, nos coadores de café, uma matéria-prima perfeita para fazer luminárias. Junto com os pais, ela emprega 20 pessoas. Também passou a fazer móveis e, neste ano, descobriu como reaproveitar os retalhos de ferro. “Lancei uma linha de bijuterias”, conta a artesã, que já venceu três das quatro edições do Top 100. Durante a rodada de negócios que aconteceu nesta semana no Rio de Janeiro, ela foi convidada por um comprador da Alemanha a participar de uma feira em Paris.
O prêmio também já rendeu frutos para Moisés Jordano, de Tiradentes. Até mesmo a tela que ele levou como mostruário para apresentar seu trabalho foi vendida. “Minha expectativa principal não é a venda imediata, mas o reconhecimento e a visibilidade que o prêmio traz para o exterior”, destaca.
O Top 100 acontece de três em três anos. Nesta edição, 2.145 artesãos se inscreveram. Os vencedores foram avaliados pelas práticas de gestão e sustentabilidade. Os trabalhos estão reunidos em um catálogo, enviado para embaixadas e compradores nacionais e internacionais. (QA)
O tempo

País precisa rever história, alerta Roberto Gambini

TIRADENTES. “A alma brasileira está doente, com sofrimento, fragmentada, mutilada porque falta um pedaço dela. É uma alma que está sofrendo e ninguém está ouvindo porque ela está chorando em todos nós e não sabemos qual é o nome dessa dor”. A frase é do psicoterapeuta Roberto Gambini, que falou sobre a cultura e as raízes brasileiras durante o Fórum do Amanhã, que termina neste domingo (27), em Tiradentes, a 190 km de Belo Horizonte. De acordo com Gambini, o Brasil é um paciente e precisa de tratamento para saber que direção tomar. Assim, o especialista disse que o país precisa ser tratado de um trauma.
Gambini classificou a história do Brasil como trágica. “Nascemos da união de opostos”, disse o médico referindo-se à junção dos portugueses colonizadores aos índios e, depois, com a vinda dos negros. Com a cristianização dos índios pelos portugueses, e, ao mesmo tempo, com o desejo dos colonizadores pelas índias, Gambini disse que nasceu um povo misto. O drama acontece, segundo ele, porque o filho dessa união não se identificou nem com o pai e nem com a mãe. “Como o menino vai se identificar com a mãe derrotada, que era como ela era vista. A interioridade da mãe (índia) foi negada (pelos portugueses) como se ela fosse vazia”, disse. É nesse ponto que o especialista acredita ter começado um “povo zé ninguém”, que não sabia o seu eixo. “Depois, as negras também foram incluídas como objeto de prazer”, acrescenta.
Nessa espécie de negação dessas culturas – indígena e africana – pelo colonizador que os enxerga como animais, é que Gambini disse que o Brasil quer sonhar. Mas antes de saber para onde vai, o país tem que saber que sua consciência está muito pequena. Assim, ele acredita que “se adotarmos uma atitude de olhar para nossa história, ela é a plataforma de lançamento de utopia”. “Não temos que procurar ideias extravagantes. Está tudo aqui (no Brasil). Temos ética, valores de vida, tudo está aqui em nós”, afirmou.

Para Gambini, é preciso que seja feito um reconhecimento da destrutividade. O segundo ponto é a reparação, referindo-se à dívida que a sociedade branca tem com os escravos e índios. “A dívida não está calculada”, criticou.
O Tempo

Futuro é incerto na ilha revolucionária de Fidel

O Tempo

REVISÃO

Para especialista, sem ‘peso’ sobre Raúl, situação política e econômica se abrirá


PUBLICADO EM 26/11/16 - 21h08







HAVANA, CUBA. O que vai acontecer em Cuba com a morte de Fidel Castro? “Um grande funeral”, ironizam cubanos ante a pergunta, tentando minimizar o impacto que teria na ilha o desaparecimento do pai da Revolução Cubana. “Os cubanos já enterraram Fidel faz tempo”, afirmou um diplomata ocidental que viveu vários anos em Cuba. “Eles estão com a cabeça no futuro. Para muitos deles, Fidel não é mais que um passado glorioso”, disse. Deixando o poder em 2008 para seu irmão mais novo Raúl, Fidel conservou um peso moral.
“Com a morte de Fidel, a situação política e econômica provavelmente se abrirá. Tirará um peso sobre Raúl. Ele não terá mais que se preocupar com as contradições com seu irmão mais velho, uma personalidade avassaladora”, afirmou à agência France Presse Michael Shifter, presidente do Inter-American Dialogue, centro de estudos americanos.
Em Cuba não há estátuas suas nem grandes retratos nas ruas, mas os muros estão cobertos por frases suas e a imprensa oficial cita cotidianamente suas frases grandiloquentes.
Único. Setenta por cento dos cubanos jamais conheceram outro líder a não ser aquele que chamam simplesmente Fidel, “o comandante” ou “o chefe”. Nas conversas, os mais prudentes simplesmente aludiam a ele fazendo um gesto de acariciar a barba, e falando baixo. “A imensa maioria dos cubanos conserva um vínculo pessoal com Fidel”, afirma o analista político Rafael Hernández, diretor da revista “Temas”.
“A expectativa de mudança vai crescer entre a maioria dos cubanos. A morte de Fidel muito certamente abrirá a porta para conflitos maiores e confrontos entre as pessoas que exercem o poder. Se terá ido o árbitro supremo de todos os conflitos em Cuba. Raúl terá mais, muito mais espaço, mas também o terão seus adversários políticos”, estimou Michael Shifter.
Arturo López Levy, especialista em assuntos cubanos do Centro de Estudos Globais da Universidade de Nova York, foi mais prudente. “Depois da morte de Fidel, ganharão ímpeto a reforma orientada para o mercado e a erradicação das políticas comunistas mais impraticáveis. Sem o carisma de Fidel, as disposições do Partido Comunista descansarão nos resultados econômicos”, afirmou. “Mas o impacto sobre o ritmo e a natureza das reformas de Raúl será limitado. Raúl já tem a última palavra na aplicação de sua agenda reformas. Ele não necessita provar sua legitimidade”, disse.

EUA perdem o adversário de meio século

Os Estados Unidos acordaram neste sábado (26) sem o seu adversário de meio século, Fidel Castro, que durante cinco décadas foi um rival indomável da Casa Branca. “A história registrará e julgará o enorme impacto de sua personalidade singular no povo e no mundo em volta dele”, afirmou Barack Obama, em uma referência ao discurso de Fidel “A história me absolverá”, com o qual se defendeu em 1953, quando julgado pelo ataque ao quartel Moncada. “Os cubanos recordarão o passado e também olharão para o futuro. Devem saber que têm nos EUA um país amigo e associado”, afirmou o presidente norte-americano.


REPERCUSSÃO

“Fidel Castro está morto! Ditador brutal que oprimiu seu próprio povo por quase seis décadas.” Donald Trump, presidente eleito dos EUA

“Fidel e Chávez construíram a Alba, Petrocaribe e impulsionaram o caminho de liberdade dos nossos povos. A história os absolveu.” Nicolás Maduro, presidente da Venezuela

“Estadista excepcional considerado um símbolo de toda uma era na história moderna do mundo. Fidel foi um verdadeiro e leal amigo da Rússia.” Vladimir Putin, presidente da Rússia

“Peço ao Senhor por seu descanso e confio todo o povo cubano à intercessão materna de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira deste país.” Papa Francisco

“Morreu o maior de todos os latino-americanos. Sinto sua morte como a perda de um irmão mais velho, de um companheiro insubstituível.” Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil

“Fidel Castro foi um líder de convicções. Marcou a segunda metade do século XX com a defesa firme das ideias em que acreditava.” Michel Temer, presidente do Brasil

O Tempo