Tite precisou de apenas seis jogos para reerguer a seleção brasileira. Com 100% de aproveitamento desde que assumiu, ele levou o time à liderança isolada nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 e recuperou parte da confiança do torcedor brasileiro. Mas a tarefa não foi fácil. Em entrevista exclusiva ao Estado, nesta sexta-feira, Tite admitiu a surpresa ao receber o convite para assumir a seleção e revelou o "turbilhão" que viveu em suas primeiras semanas de trabalho.
"Foi um turbilhão de coisas que aconteceram. Um convite que eu não esperava, não imaginava. Que loucura, que maluquice!", disse o treinador, que aceitou o convite para comandar a seleção num momento difícil da equipe, em crise após queda precoce na Copa América Centenário e a sexta colocação na tabela das Eliminatórias, fora, portanto, da zona de classificação para o Mundial da Rússia.
"Comecei a fazer um exercício comigo mesmo, por etapas, um primeiro contato com os atletas. Primeiramente foi o contato telefônico. Liguei para cada um deles", revelou o treinador. "A partir disso, foi um processo de etapas, e as primeiras foram de reconstrução. Qualquer profissional que estivesse ali teria trabalho. Peguei a seleção numa situação difícil. Eu tive que potencializar o time logo de cara."
Em suas primeiras convocações, Tite surpreendeu ao chamar jogadores como Paulinho, contestado após o trágico 7 a 1 diante da Alemanha, na Copa de 2014. "O Paulinho tem um passado de campeão pela seleção. Na China, é um dos principais atletas. E isso não foi ninguém que nos falou, nós que fomos ver. Todos os atletas convocados tiveram um acompanhamento in loco", justificou o treinador.
Outra aposta de Tite foi Gabriel Jesus, campeão olímpico no Rio-2016 e maior destaque do Palmeiras, que pode confirmar o título do Brasileirão no domingo. O técnico se mostrou encantado com o futebol e a personalidade do jovem jogador, já negociado com o Manchester City.
"Ele é de verdade, em termos técnicos e como pessoa. Ele tem uma base muito forte, ele teve um berço muito forte. Ele tem muito respeito. O comportamento dele no Palmeiras, com a imprensa, com o grupo. Ele tem uma força de sustentação impressionante. Ele tem uma transparência natural de admitir e corrigir seus erros", declarou.
Quanto a Neymar, Tite revelou que pretende devolver à braçadeira de capitão ao atacante no futuro. Mas não estabeleceu um prazo. "Passado um tempo depois da Olimpíada, eu disse a ele que ele é uma liderança técnica da equipe. Ele me procurou depois e disse que estava aberto à voltar a ser capitão. Era um momento de pressão e a gente estava colocando nas costas do Neymar a responsabilidade. Ele vai ser capitão na sequência, só não foi ainda por uma questão de oportunidade."
Questionado sobre as pendências judiciais do jogador na Espanha - na quarta, o Ministério Público do país europeu pediu dois anos de prisão a Neymar por suspeita de corrupção -, Tite desconversou.
"Tem algumas coisas que são particulares. Técnico não interfere. Essa situação não interfere. Eu cobro dele o desempenho dentro de campo. Ele tem todo um staff para esses assuntos. Todos têm sua vida particular, eu não interfiro na vida pessoal do atleta", afirmou Tite.
O Tempo
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