Imagine um game em que um jagunço tenha que atravessar o sertão inteiro, passar por rios perigosos tocando uma boiada, duelar com políticos astutos, resistir às tentações do diabo, fugir da morte e sobreviver com a incerteza quente ardendo a cabeça. Inspirada pelo sobrinho Arthur, 14, a historiadora Heloísa Starling imaginou como as gerações hi-tech devem absorver a obra-prima de João Guimarães Rosa (1908-1967), “Grande Sertão: Veredas”, que completa 60 anos em 2016. “Além do teatro, do cinema, da música, as tecnologias vão conversar facilmente com Guimarães, já conversam, aliás, porque os temas que ele aborda serão sempre muito fortes a nossa imaginação. E é importante que abramos a mente para perceber seus recados. Isso pode ocorrer até num game moderninho”, ela explica.
Abarcada por novos olhares artísticos e tecnológicos diante a politização atemporal de Guimarães Rosa, a mostra “Rosa Expandido”, que ocupa o Palácio das Artes entre esta quinta-feira (3) e domingo, preparou uma programação gratuita para reverberar a obra do escritor de Cordisburgo em diferentes linguagens modernas, envolvendo artes plásticas, teatro, cinema e intervenções poéticas.
“Nós queremos é desmistificar o Guimarães Rosa. E isso fica mais fácil de ver nas artes, no bate-papo que faremos no cinema, numa intervenção poética que vai cochichar versos nos ouvidos do público. Nós vamos ter várias coisas acontecendo ao mesmo tempo. É uma experiência de linguagem para agradar a todos os públicos”, garante a gerente de programação artística da Fundação Clóvis Salgado, Ray Ribeiro, ressaltando que todas as atrações são gratuitas, com retirada de ingressos uma hora antes do início dos espetáculos e apresentações.
O principal destaque da mostra é a presença de Maria Bethânia. Conhecida por levar a poética ao palco com leituras de Fernando Pessoa, recentemente ela realizou, no Instituto Inhotim, a leitura de seus poetas preferidos, incluindo Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Ferreira Gullar e Guimarães Rosa. Apesar disso, esta será a primeira vez em que a cantora vai interpretar trechos de “Grande Sertão”, no Grande Teatro do Palácio das Arte, neste domingo, às 19h – a retirada de ingressos gratuitos acontece nesta sexta-feira, a partir das 10h.
Quem também dá outro viés cênico à obra de Guimarães Rosa é o Grupo Ponto de Partida, único a ter coragem de criar uma versão teatral de “Grande Sertão”, em 1993. Nessa sexta-feira, a diretora da companhia, Regina Bertola, vai falar sobre a experiência da adaptação. No mesmo dia, na Sala Juvenal Dias, o cantautor Elomar faz raríssima apresentação do espetáculo híbrido de show e palestra interpretativa chamado “Canto do Sertão – Um Aboio para Rosa”, que relaciona a exaltação da linguagem sertaneja com as mensagens no livro de Guimarães Rosa.
Imaginação. O processo de observar com outros olhos o caminho de Riobaldo e Diadorim pelo sertão mineiro, no entanto, ganha mais força com a exposição inédita de Arlindo Daibert (1952-1993), “Imagens do Grande Sertão”, aberta nesta quinta-feira (3), na Galeria Mari’Stella Tristão. Em seus desenhos e xilogravuras elaboradas durante uma década, o mineiro de Juiz de Fora relaciona a epopeia sertaneja com personagens como o rei assassinado em “Hamlet”, de Shakespeare, ou a imperatriz romana Octacília.
“O livro trata de um sentimento da cultura universal, diálogos entre Deus e o diabo, o bem e o mal, o amor e o desamor, vida e morte. E isso está em tudo. Então, Arlindo resolveu unir referências interessantes que falam sobre os mesmos temas. Em Hamlet, você tem um rei assassinado com veneno. Guimarães narra a morte de forma similar, quando Maria Mutema mata o marido com chumbo derretido no ouvido. O Arlindo era formado em letras, conhecia o texto de Guimarães com profundidade e sabia das peças que a história podia pregar. Por isso, demorou tanto para fazer as próprias interpretações. Acho que cada um terá o próprio tempo para absorver Guimarães Rosa e suas possibilidades de conhecimento”, analisa o curador da exposição, José Alberto Pinho Neves.
Abarcada por novos olhares artísticos e tecnológicos diante a politização atemporal de Guimarães Rosa, a mostra “Rosa Expandido”, que ocupa o Palácio das Artes entre esta quinta-feira (3) e domingo, preparou uma programação gratuita para reverberar a obra do escritor de Cordisburgo em diferentes linguagens modernas, envolvendo artes plásticas, teatro, cinema e intervenções poéticas.
“Nós queremos é desmistificar o Guimarães Rosa. E isso fica mais fácil de ver nas artes, no bate-papo que faremos no cinema, numa intervenção poética que vai cochichar versos nos ouvidos do público. Nós vamos ter várias coisas acontecendo ao mesmo tempo. É uma experiência de linguagem para agradar a todos os públicos”, garante a gerente de programação artística da Fundação Clóvis Salgado, Ray Ribeiro, ressaltando que todas as atrações são gratuitas, com retirada de ingressos uma hora antes do início dos espetáculos e apresentações.
O principal destaque da mostra é a presença de Maria Bethânia. Conhecida por levar a poética ao palco com leituras de Fernando Pessoa, recentemente ela realizou, no Instituto Inhotim, a leitura de seus poetas preferidos, incluindo Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Ferreira Gullar e Guimarães Rosa. Apesar disso, esta será a primeira vez em que a cantora vai interpretar trechos de “Grande Sertão”, no Grande Teatro do Palácio das Arte, neste domingo, às 19h – a retirada de ingressos gratuitos acontece nesta sexta-feira, a partir das 10h.
Quem também dá outro viés cênico à obra de Guimarães Rosa é o Grupo Ponto de Partida, único a ter coragem de criar uma versão teatral de “Grande Sertão”, em 1993. Nessa sexta-feira, a diretora da companhia, Regina Bertola, vai falar sobre a experiência da adaptação. No mesmo dia, na Sala Juvenal Dias, o cantautor Elomar faz raríssima apresentação do espetáculo híbrido de show e palestra interpretativa chamado “Canto do Sertão – Um Aboio para Rosa”, que relaciona a exaltação da linguagem sertaneja com as mensagens no livro de Guimarães Rosa.
Imaginação. O processo de observar com outros olhos o caminho de Riobaldo e Diadorim pelo sertão mineiro, no entanto, ganha mais força com a exposição inédita de Arlindo Daibert (1952-1993), “Imagens do Grande Sertão”, aberta nesta quinta-feira (3), na Galeria Mari’Stella Tristão. Em seus desenhos e xilogravuras elaboradas durante uma década, o mineiro de Juiz de Fora relaciona a epopeia sertaneja com personagens como o rei assassinado em “Hamlet”, de Shakespeare, ou a imperatriz romana Octacília.
“O livro trata de um sentimento da cultura universal, diálogos entre Deus e o diabo, o bem e o mal, o amor e o desamor, vida e morte. E isso está em tudo. Então, Arlindo resolveu unir referências interessantes que falam sobre os mesmos temas. Em Hamlet, você tem um rei assassinado com veneno. Guimarães narra a morte de forma similar, quando Maria Mutema mata o marido com chumbo derretido no ouvido. O Arlindo era formado em letras, conhecia o texto de Guimarães com profundidade e sabia das peças que a história podia pregar. Por isso, demorou tanto para fazer as próprias interpretações. Acho que cada um terá o próprio tempo para absorver Guimarães Rosa e suas possibilidades de conhecimento”, analisa o curador da exposição, José Alberto Pinho Neves.
PROGRAME-SE
Imagens do Grande Sertão – Arlindo Daibert
Quando: Desta quinta-feira (3) a 15 de janeiro de 2017
Onde: Galeria Mari’Stella Tristão
Filmes baseados na obra de Guimarães Rosa
Quando: Nesta quinta-feira (3)
Sessões às 15h, 17h e 19h
Onde: Cine Humberto Mauro
Grupo Ponto de Partida – Palestra Encenada
Quando: 4 de novembro, 19h
Onde: Teatro João Ceschiatti
Canto do Sertão – Um Aboio Para Rosa, de Elomar
Quando: Sexta (4), às 20h30
Onde: Sala Juvenal Dias
Seminário 60 Anos de “Grande Sertão”
Quando: Sábado (5), às 10h
Onde: Teatro João Ceschiatti
Maria Bethânia lê Guimarães Rosa
Quando: Domingo (6), à 19h
Onde: Palácio das Artes
O Tempo
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