Após o mês de outubro, quando é divulgada internacionalmente a campanha Outubro Rosa, que busca alertar as mulheres sobre o câncer de mama, as atenções agora se voltam para o sexo oposto. O Novembro Azul pretende conscientizar os homens sobre a importância da prevenção do câncer de próstata, desmistificando a doença.
No Brasil, esse tumor é o segundo mais incidente na população masculina, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. É também a segunda maior causa de morte oncológica nos homens.
“O importante é que por meio da informação possamos conscientizar os homens sobre os cuidados com a saúde, a relevância do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento, bem como sobre a mudança de hábitos. Fundamentalmente, deve-se frisar que as informações adquiridas sejam mantidas durante todo o ano, e não apenas no mês de novembro”, destaca o oncologista e diretor da Oncomed-BH, Roberto Porto Fonseca.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para o ano de 2016 são esperados 61,2 mil novos casos em todas as regiões do Brasil. Ainda segundo o instituto, aproximadamente 25% dos pacientes morrem devido à doença. “A maioria dos casos no mundo ocorre a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil é justificado principalmente pelo crescimento da expectativa de vida do brasileiro. As chances de cura são altas quando a doença se encontra localizada e a histologia do tumor é favorável. De modo geral, aproximadamente 100% dos pacientes com doença local e regional estarão vivos após o diagnóstico em cinco anos. A probabilidade cai para 28% para os pacientes com metástase”, afirma Fonseca.
Por isso, são tão importantes a prevenção e o diagnóstico precoce da doença. Porém, o rastreamento do tumor em homens saudáveis não é um consenso entre as instituições. “Há controvérsias entre as várias agências de saúde e sociedades médicas sobre qual parcela da população masculina deveria se submeter ao rastreamento. A US Preventive Service Task Force (USPSTF), o Inca e o National Health Service (NHS) são contrários ao rastreamento. Já a American Cancer Society (ACS), a American Urological Association (AUA), a European Association of Urology (EAU), o National Cancer Institute (NCI), o American College of Physician (ACP), a American Academy of Family Physician (AAFP) e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) são favoráveis ao rastreamento, com recomendações relativamente semelhantes”, ressalta o oncologista.
A SBU recomenda que o exame de toque retal, associado ao exame de sangue, o PSA (antígeno prostático específico), seja realizado a partir dos 50 anos, e para pacientes de alto risco (com histórico familiar, que são afrodescendentes ou que têm mutações reconhecidamente de risco), a partir dos 45 anos. Segundo o especialista, a decisão de se fazer ou não o rastreamento do câncer de próstata deve ser discutida entre médico e paciente.
“É inegável que os pacientes de alto risco se beneficiam do rastreamento. É também um consenso que ele não deve ser realizado após os 75 anos. É importante destacar que os riscos e os benefícios devem ser discutidos individualmente entre o médico e o paciente, considerando também que muitas pessoas diagnosticadas não necessitam de tratamento imediato para a doença. Homens que têm expectativa de viver mais dez anos também não devem se submeter ao rastreamento”, afirma o oncologista.
O especialista, no entanto, pondera que o PSA pode detectar tumores precoces, o que pode reduzir a taxa de mortalidade. Por outro lado, não é incomum a ocorrência de resultados falso-positivos, o que pode levar a diagnósticos em excesso e a tratamentos desnecessários. “Pode haver complicações relacionadas ao tratamento e efeitos colaterais significativos”, frisa.
Esperança. Segundo ele, em um futuro próximo pode haver uma nova técnica para o diagnóstico precoce. “Estão sendo realizados testes e novas pesquisas que apontam para uma possível detecção do câncer de próstata por meio do exame de sangue, o que nos daria informações sobre a presença da doença no organismo e sobre o tipo de tumor, que pode ser muito ou pouco agressivo”, finaliza.
As atividades físicas regulares, como correr ou andar de bicicleta, estão entre os maiores aliados do homem no combate ao câncer de próstata. “A melhor maneira de se prevenir contra esse câncer e vários outros tumores é praticar exercícios físicos, evitar o tabagismo e a obesidade e manter uma dieta saudável”, afirma o diretor da Oncomed-BH, Roberto Porto Fonseca.
Por isso, o esporte se tornou o protagonista da campanha de prevenção do câncer de próstata realizada pela instituição de tratamento de tumores ao longo deste Novembro Azul. Entre as ações programadas estão a distribuição de squeeze azul e de folder informativo para pacientes. Além disso, a clínica será decorada e sua fachada receberá a cor da campanha. O crachá dos funcionários também estará em azul neste mês, e várias atividades internas serão promovidas. (RA)
O Tempo
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