A Sempre que há mudança de temperatura, seja para o frio ou o calor, vários animais mudam seu comportamento, com o objetivo de perder ou ganhar temperatura para se adaptarem às novas condições do meio ambiente. Aqueles que vivem em zoológicos não são diferentes. “Algumas espécies sentem mais frio do que outras, mas as de origem tropical e de regiões quentes são as que mais sofrem”, afirma o zootecnista Carlos Frederico Grubhofer, do zoológico de Curitiba (PR), integrante da Câmara Técnica de Zootecnia do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). “É comum que os mamíferos, por exemplo, acompanhem o deslocamento do sol ao longo do dia, permaneçam mais tempo próximos uns dos outros e que busquem abrigo do vento e da chuva. As aves abrem suas asas, expondo seu peito em direção ao sol, enquanto jacarés emergem nas horas de sol e submergem se o sol estiver encoberto e os lagartos procuram rochas e pedras banhadas pelo sol”, relata Grubhofer, que também é diretor tesoureiro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR) Os animais têm formas diversas de produção, ganho e captação de energia e calor, bem como de adaptação às condições ambientais. Algumas espécies produzem calor internamente, por meio da transformação da alimentação em energia calórica, embora também captem energia do meio ambiente e do contato com os outros animais. Outras não produzem calor, somente o obtém a partir do meio ambiente. Os animais homeotérmicos, incluindo os humanos, consomem maior quantidade de alimentos termogênicos – aqueles que geram maior quantidade de calor (carboidratos, gorduras) e procuram lugares quentes, se abrigam do vento e se agrupam, o que faz com que a temperatura corporal aumente e reduza a perda de calor. “As dietas dos animais homeotérmicos, no inverno, são constituídas de alimentos mais calóricos, com maior eficiência na produção de calor pelo animal, como milho, castanhas, pinhões, carboidratos em geral, e até mesmo alimentos quentes, como acontece com alguns primatas”, explica o zootecnista. O zootecnista revela que animais com pelos ficam mais peludos – seja pelo crescimento, espessamento ou incremento da quantidade de fios. Com isso, reduzem o contato do vento com a pele, melhorando o aquecimento do corpo. Já os animais de penas, normalmente, sentem menos o frio, pois elas geram uma camada protetora contra o vento e a perda de calor. Em relação às espécies que não geram seu próprio calor (caso dos pecilotérmicos, como répteis e peixes), a tendência é que busquem se abrigar em locais quentes, como pedras, água quente, sol, terra, de onde retiram o calor que precisam. Outra forma que usam para se proteger nesse período é evitar se expor ao frio, vento e água fria, que fazem baixar sua temperatura corporal. Como ficam manejo e ambiente no zoológico? Os zoológicos possuem equipes técnicas que gerenciam as questões ligadas às mudanças de temperatura ambiental, planejando e organizando as atividades, os manejos, a ambientação e alimentação para o enfrentamento das variações térmicas. “O planejamento inicial, na construção dos ambientes, é fundamental, daí, percebe-se nos zoológicos a preocupação na construção dos recintos de forma que sejam ventilados e frescos, no verão, e secos, quentes e sem correntes de vento, no inverno”, explica. O manejo para o inverno deve prever ambientes quentes e secos nos locais para o descanso, com a colocação de “camas” de palha ou outro material que isole o frio que vem do solo, principalmente em recintos feitos de concreto, cimento ou lajotas. Pode haver colocação de anteparos e fechamentos que impeçam a passagem de correntes de ar e, principalmente, de umidade. “Há dois ambientes diferentes, na maior parte dos recintos do zoológico: um indoor (área fechada, também chamado de cambiamento) e um solário, visando, inclusive, ao manejo no frio, quando os animais são recolhidos nas horas ou dias mais frios e soltos nos solários nas horas mais quentes. Para espécies muito sensíveis ao frio, os ambientes indoor podem ser aquecidos, para o manejo nos dias mais frios ou úmidos”, explica Grubhofer. O zootecnista afirma que, “com toda a tecnologia disponível na aclimatação de ambientes, gestão de recursos alimentares e técnicas para a sua preparação e no conhecimento das espécies, o manejo dos animais selvagens nas diferentes estações e climas não é mais um problema e a sua manutenção em zoológicos tem sido possível com grande bem-estar e conforto, propiciando a conservação de espécies em praticamente qualquer lugar”, diz. Fonte: Carlos Frederico Grubhofer é zootecnista, atua nas áreas de nutrição, manejo alimentar e geral, bem-estar e ambientação animal e gestão ambiental. Trabalha no zoológico de Curitiba, como chefe de nutrição. É diretor tesoureiro do CRMV-PR e integrante da Câmara Técnica de Zootecnia do CFMV. Assessoria de Comunicação do CFMV |
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