Lidar com a perda de um ente querido não é nada fácil. Afinal, requer uma mistura de sentimentos e atitudes que são tabus para muita gente. Neuropsicóloga Leninha Wagner revela como ajudar uma pessoa enlutada a superar este momento tão difícil.
No próximo sábado, dia 19 de junho, é celebrado no Brasil o “Dia Nacional do Luto”, uma data dedicada à reflexão e aos sentimentos de perda. A data ganha uma evidência especial, principalmente neste momento dramático onde a pandemia ceifou de forma abrupta a vida de milhares de pessoas. Para os familiares e amigos de quem se foi, fica a sensação de ter acontecido um “corte”, uma “edição” no filme da vida. Pois muitos, sequer tiveram o consolo de um rito de passagem, uma despedida, honrando a vida e a memória de quem partiu.
Conforme explica a neuropsicóloga Leninha Wagner, o luto é vivenciado de maneira singular. “Não existe um padrão de reação. Há variações em intensidade e duração, influenciadas por fatores como o contexto da morte e as características do enlutado. É importante dar tempo e espaço para a expressão de emoções e sentimentos negativos, para não considerar como patológicas aquelas reações que são necessárias e naturais. Temos que permitir a manifestação da dor da perda para que este momento seja devidamente elaborado”.
O apoio ao indivíduo enlutado deve ser efetivo; e para tanto, alguns equívocos devem ser evitados, orienta Leninha. “Deve-se considerar as culturas, as crenças, os contextos e as dinâmicas dos relacionamentos familiares, bem como identificar fatores que possam prejudicar o enfrentamento do luto, como a não manifestação dos sentimentos, o adiamento do processo ou a negação da perda. A elaboração do luto pode ser compreendida como a fase em que há diminuição do sofrimento frente às lembranças do falecido, havendo a retomada do interesse pela vida, por parte dos familiares”.
Mesmo quando o processo de luto é considerado normal, isto não significa que não exista sofrimento ou necessidade de adaptação à nova estrutura familiar. “Assim, encontrar espaços onde seja possível expressar-se livremente, compartilhar a dor e se deparar com outras pessoas que experimentam sentimentos e dificuldades semelhantes ameniza o sofrimento e favorece a busca pelas soluções dos problemas enfrentados”, pondera a neuropsicóloga.
“Todo luto precisa ser olhado, apesar de nem todos os enlutados necessitarem de cuidado, o que ressalta a necessidade da existência de espaço a ser utilizado por aqueles que demandarem atenção. Oferecer cuidado ao enlutado auxilia no processo de elaboração das famílias, no resgate de prazer e continuidade da vida de quem permaneceu”, completa Leninha.
Diante de um luto patológico, onde a pessoa não se sente capaz de retomar a vida e suas atividades, “é importante buscar por um profissional da saúde mental, um psicólogo será de grande valia neste momento tão devastador onde tantas vidas têm sido perdidas”, finaliza.
A neuropsicóloga Leninha Wagner está disponível para falar mais sobre o luto: suas fases mais comuns, maneira de acolher aquele que está vivendo esta fase difícil e tratamentos quando a perda afeta significativamente a vida daquela pessoa.
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