terça-feira, 2 de maio de 2017

Por hora, Minas registra 14 crimes contra idosos

Cerca de 14 crimes são cometidos contra idosos por hora em Minas Gerais. De janeiro a novembro do ano passado, foram registradas 117.721 ocorrências de delitos contra pessoas com mais de 60 anos no Estado. Muitos desses casos, porém, aconteceram nas casas das vítimas, principalmente os que envolvem ameaças e agressões por motivos financeiros.

“Tanto na violência física como na psicológica, os principais agressores são da família. Com as idosas podemos, por meio da Lei Maria da Penha, pedir medida protetiva. Mas, para os idosos, não”, relatou a delegada Larissa Maia Campos, da Delegacia Especializada da Mulher, do Idoso e da Pessoa com Deficiência de Belo Horizonte.

As estatísticas da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) são compostas por denúncias de diversos tipos, em sua maioria furto, ameaça, roubo e estelionato.

Há dois anos, o aposentado Flávio Renato de Lisboa Silva, 74, morador de Contagem, na região metropolitana de BH, denunciou o próprio filho por agressão e estelionato.

“É difícil a gente perceber que está sendo vítima de um crime. Eu assinava os documentos que ele pedia sem saber que se tratava de pedidos de empréstimo em meu nome. Quando recusei, fui ameaçado de morte por ele”, explicou Silva.

No dia 20 de março, o jardineiro de uma idosa de 80 anos foi preso suspeito de matá-la, no Barreiro. De acordo com a Polícia Civil, ele se aproveitou da intimidade com a mulher para ter acesso à conta dela. “Muitas vezes, a denúncia não chega até nós porque o idoso não consegue denunciar o crime por estar sendo chantageado”, disse a delegada.

Intolerância. Muitos idosos também costumam ser vítimas, na rua, da intolerância e da impaciência dos agressores. “No mês passado, eu caí dentro do ônibus porque o motorista não teve paciência de esperar eu me sentar. Fiquei com a perna machucada”, contou a professora aposentada Marilda Lima de Ribeiro, 84.

A idosa não denunciou o caso, assim como a dona de casa Leila Silva do Carmo, 64, que foi agredida por um rapaz por ter-se recusado a passar a carteira para ele no centro de Belo Horizonte.
Canais. Atualmente, existem vários canais em que crimes contra idosos podem ser denunciados de forma anônima. Além das delegacias, a vítima pode denunciar o fato pelos telefones 181 ou 100.
Grupos de convivência podem ajudar vítima a denunciar caso
Para amenizar a dificuldade que os idosos têm em denunciar os agressores, principalmente em casos que envolvem relacionamento afetivo e familiar, a psicóloga Fernanda Braga aconselha que, na terceira idade, as pessoas procurem interagir em grupos de convivência.

“É muito mais fácil o idoso perceber que entrou no ciclo de violência e tomar coragem de denunciar as agressões, sejam elas físicas, psicológicas ou até mesmo sexuais, quando ele está rodeado de pares da mesma faixa etária, que compreendem e se identificam com a situação vivida”, explicou a profissional.

Em Belo Horizonte, existem 67 grupos de convivência para idosos, conveniados com a prefeitura, espalhados pelas nove regionais da cidade.

Além de atividades de recreação e esportes, os grupos promovem a interação entre pessoas da terceira idade. Para descobrir o grupo de convivência mais próximo de casa, basta procurar a associação de moradores do bairro.


SAIBA MAIS


Proposta. O senador Zezé Perrella (PTB-MG) é autor de um projeto de lei, em tramitação no Senado, que pretende ampliar o combate à violência contra idosos. Entre as medidas propostas está a adoção de medidas protetivas semelhantes às concedidas a mulheres vítimas de violência doméstica.

Tramitação. O texto está sendo analisado pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS).
O Tempo

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