A estudante Beatriz Nunes, 10, não gostava de ler: achava chato, tinha preguiça de encarar as palavras e nem imaginava que um livro poderia ser divertido. Mas, nos dois últimos anos, a biblioteca se tornou o lugar preferido dela na escola, onde cursa o quinto ano do ensino fundamental. “Pode perguntar para a auxiliar da biblioteca, vou lá todos os dias, já consegui preencher uma ficha inteira de livros, com uns dez. O livro entra na minha imaginação”, contou. Com um exemplar do preferido nas mãos, “Diário de Aventuras da Ellie”, ela participou nesta quinta-feira (18) do lançamento do projeto Leituras em Conexão, realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte com o objetivo de fazer de todos os alunos da rede bons leitores, como Beatriz.
Uma das ações do projeto é a definição de que 40% dos recursos do Programa de Ação Pedagógica (PAP), encaminhados todos os anos pela prefeitura às escolas como incentivo para a criação de iniciativas extraclasse, sejam destinados especificamente ao desenvolvimento de projetos de leitura e de escrita. Esse percentual do PAP, em 2017, equivale a R$ 1,6 milhão, que serão distribuídos entre 191 instituições. A verba pode ser usada, por exemplo, para a criação de cantinhos de leitura e reforço no acervo da biblioteca.
A ideia é beneficiar mais de 190 mil alunos, do ensino infantil à Educação de Jovens e Adultos (EJA). “A leitura é a base da escola, o ponto inicial e fundamental da educação. Temos hoje na rede municipal muitos projetos que foram desenvolvidos e foram muito bons. Queremos que as escolas recuperem esses projetos, reeditem, utilizem novas tecnologias para que eles sejam transformados e criem novos. É uma chamada, uma mobilização, para que todos se preocupem com a formação de bons leitores”, afirmou a secretária municipal de Educação, Ângela Dalben. Atualmente, de acordo com ela, cerca de 54 mil pessoas não sabem ler na capital.
Segundo Ângela, o objetivo da pasta é formar não apenas leitores, mas sim leitores críticos. “Acho que, além de fundamental, hoje, no século 21, se não tivermos todos os cidadãos como bons leitores, não conseguimos construir projetos de vida”, disse.
Investimento. A secretária Ângela Dalben não soube informar o investimento no projeto: “Não sei dizer o valor exato, a ideia é construirmos programas com investimentos ao longo de três anos.
Professores estimulados a participar
A participação dos professores da rede municipal é um dos focos do projeto, que busca potencializar ações que já existem. Uma delas é o programa Jornada Literária, que incentiva a produção de textos. A edição de 2017, a sétima, foi lançada nesta quinta.
Neste ano, o tema é “Eu leio, inspiro-me e conto: releituras”, em que os alunos terão que fazer releituras de obras, literárias ou não. A novidade é que o projeto será estendido a estudantes da Educação de Jovens e Adultos. Até então, só alunos do segundo e do terceiro ciclos do ensino fundamental podiam participar.
O programa oferece oficinas a docentes, que auxiliam os alunos na produção de textos. Ao final do processo, as produções de cada escola formam um livro, e uma comissão julgadora seleciona as melhores obras.
Ainda na quinta, 84 livros foram expostos, e as escolas participantes da última edição foram certificadas. O professor Fábio Moreira, 38, e alunos do sexto ano da Escola Municipal Padre Marzano Matias receberam o prêmio de melhor obra na categoria do segundo ciclo do ensino fundamental.
O Tempo
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