A falta de vitamina C pode levar ao ressurgimento do escorbuto, uma doença comum entre os séculos XVI e XVIII e muito rara atualmente. A enfermidade é consequência de uma dieta pobre em frutas cítricas e outros vegetais que contêm o nutriente e já reapareceu na Austrália, onde foram registrados 12 casos em dezembro do ano passado.
No Brasil, ainda não se tem notícia de casos de escorbuto, mas a falta de vitamina C já é uma realidade, mesmo com a grande quantidade de frutas, verduras e legumes para compor a dieta. Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco mostrou que 12,1% dos 250 universitários avaliados apresentaram consumo de vitamina C inferior a 10 mg/dia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a ingestão de 45 mg/dia para um adulto.
O consumo aquém do indicado foi verificado em 10,5% dos homens e 13% das mulheres. A ingestão regular de vitamina C reduz os sintomas de gripes e resfriados, diminui o estresse e combate o envelhecimento da pele. A deficiência crônica pode levar ao escorbuto, que causa sangramento e inflamação nas gengivas, com consequente perda dos dentes, inflamação e dor nas articulações, queda de cabelos, baixa na imunidade e dificuldades, de cicatrização.Dieta equilibrada. Os especialistas garantem que não há necessidade de preocupação excessiva. Segundo o endocrinologista e metabologista do Instituto Ipemed Amilton Junqueira, uma alimentação que inclua frutas cítricas (abacaxi, acerola, laranja e tangerina, por exemplo), tomate, batata-doce e brócolis é suficiente para prevenir o escorbuto.
“Especialmente idosos, crianças, fumantes e pessoas que fizeram a cirurgia bariátrica, por serem parte do grupo mais propenso a desenvolver o escorbuto, devem ter mais cuidado”, diz o médico.
Segundo a nutricionista Tamara Oliveira, membro do Instituto Mineiro de Obesidade e Cirurgia, o tratamento da doença pode durar até três meses e é feito com a reposição de vitamina C por via oral e a ingestão de alimentos que contenham esse nutriente.
“Além da suplementação, que é manipulada em laboratório, vamos orientar o paciente a como preparar e armazenar a sua comida para que ela não oxide e não perca a vitamina C”, explica. O mais recomendado é o consumo in natura.
Marinheiros desenvolviam o mal após muito tempo no mar
No período das grandes navegações, entre os séculos XVI e XVIII, o escorbuto era muito comum. Os marinheiros passavam meses no mar e, como não havia processos de refrigeração e congelamento disponíveis na época, não podiam ingerir frutas frescas ou armazenar polpas.
Sem a ingestão adequada de vitamina C, estima-se que cerca de 1 milhão de homens tenham sucumbido a essa doença, de acordo com dados da Universidade de Londres. Para se ter uma ideia, cerca de dois terços da tripulação de Vasco da Gama teriam sido vítimas da doença. Entre os portugueses, ela ficou conhecida como “mal de Angola” porque era perto do país africano que os sintomas se manifestavam mais frequentemente.
No ano de 1747, o cirurgião escocês James Lind comprovou clinicamente que o escorbuto poderia ser prevenido com suco de frutas cítricas. Mas seu consumo profilático só foi adotado em 1795, por decisão do Almirantado Britânico. (TM)
FLASH
Saudável. Segundo a nutricionista Tamara Oliveira, o consumo in natura dos alimentos, ou seja, sem qualquer tipo de preparo, é o mais indicado porque preserva os nutrientes ali contidos.
O Tempo
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