São várias poses e ângulos até a escolha da foto perfeita e da rede social para postar. O costume de compartilhar autorretratos feitos com o celular tornou-se um fenômeno global, mas o exagero nesse comportamento – que ganhou o nome de “selfite” – preocupa os especialistas em saúde mental.
Em 2014, uma reportagem ganhou repercussão mundial ao dizer que esse hábito excessivo havia sido reconhecido pela Associação de Psiquiatria Americana (APA) como um distúrbio. A instituição desmentiu a notícia, afirmando que não há reconhecimento oficial de que a mania de selfie seja uma doença. O termo “selfitie”, porém, já havia viralizado na internet.
Agora, uma nova pesquisa, publicada no “International Journal of Mental Health and Addiction”, concluiu que esse comportamento tornou-se uma obsessão para grande parte dos adeptos, podendo ser dividida em três graus: no limite, aguda e crônica. Nos dicionários, o termo obsessão é descrito como “ideia fixa; preocupação excessiva com alguma coisa e que dificulta pensar em outra; neurose, compulsão”.
O psicólogo Mark Griffiths, da Universidade de Nottingham Trent, e Janarthanan Balakrishnan, da Escola de Administração de Thiagarajar, na Índia, fizeram um estudo com 600 participantes indianos acima de 18 anos, sem distinção de sexo ou classe social. Num primeiro momento, 200 deles foram divididos em grupos, a princípio para análise dos fatores que levavam as pessoas a tirar selfies. Eles criaram uma escala com diferentes graus dessa obsessão, que depois foi testada com as outras 400 pessoas.
Segundo os estudiosos, existem os casos de indivíduos que estão no limite do comportamento normal: quando uma pessoa tira selfie pelo menos três vezes por dia, mas não posta nas redes sociais. Depois vem o nível agudo, no qual se postam as fotos mais de três vezes ao dia. Por fim, os pesquisadores identificaram o estágio crônico, em que não se consegue mais controlar a vontade de tirar selfies o tempo todo, compartilhando seis ou mais fotos por dia.
Metodologia. Para determinar a classificação, a equipe desenvolveu 20 frases, que incluíam os fatores que levavam as pessoas a tirar selfies e quais eram as sensações causadas. Cada participante deveria dizer o quanto concordava com afirmações como, por exemplo, “me sinto mais popular quando posto selfies nas redes sociais” ou “quando não posto selfies, me sinto desconectado do meu grupo de amigos”. Quanto mais se concordasse com os termos, maior era a pontuação.
Os resultados mostraram que 34% dos entrevistados tinham selfite no limite, 40% sofriam de selfite aguda e 25% apresentavam selfite crônica. Para a equipe, aqueles que têm tal comportamento estão em busca de atenção e, normalmente, são afetados pela falta de autoconfiança. O hábito, então, seria uma tentativa de aumentar o status social e fazer parte de um grupo.
Em entrevista a O TEMPO, Mark Griffiths, principal autor do estudo, disse que a principal intenção é fornecer dados de referência para outros pesquisadores investigarem o conceito mais detalhadamente e em diferentes contextos. “Ainda não há um posicionamento oficial se o selfite é um transtorno mental. O conceito pode evoluir ao longo do tempo à medida que a tecnologia avança, mas os seis fatores identificados que parecem estar subjacentes à atividade no estudo são potencialmente úteis para entender essa interação humano-computador em dispositivos eletrônicos móveis”, diz Griffths.
Para Janarthanan Balakrishnan, coautor, novos passos devem ser dados. “Agora, que a existência da condição parece ter sido confirmada, espera-se que outras pesquisas sejam feitas para entender mais sobre como e por que as pessoas desenvolvem esse comportamento potencialmente obsessivo e o que pode ser feito para ajudar os mais afetados”, disse Balakrishnan ao site “Business Insider”.
Em 2014, uma reportagem ganhou repercussão mundial ao dizer que esse hábito excessivo havia sido reconhecido pela Associação de Psiquiatria Americana (APA) como um distúrbio. A instituição desmentiu a notícia, afirmando que não há reconhecimento oficial de que a mania de selfie seja uma doença. O termo “selfitie”, porém, já havia viralizado na internet.
Agora, uma nova pesquisa, publicada no “International Journal of Mental Health and Addiction”, concluiu que esse comportamento tornou-se uma obsessão para grande parte dos adeptos, podendo ser dividida em três graus: no limite, aguda e crônica. Nos dicionários, o termo obsessão é descrito como “ideia fixa; preocupação excessiva com alguma coisa e que dificulta pensar em outra; neurose, compulsão”.
O psicólogo Mark Griffiths, da Universidade de Nottingham Trent, e Janarthanan Balakrishnan, da Escola de Administração de Thiagarajar, na Índia, fizeram um estudo com 600 participantes indianos acima de 18 anos, sem distinção de sexo ou classe social. Num primeiro momento, 200 deles foram divididos em grupos, a princípio para análise dos fatores que levavam as pessoas a tirar selfies. Eles criaram uma escala com diferentes graus dessa obsessão, que depois foi testada com as outras 400 pessoas.
Segundo os estudiosos, existem os casos de indivíduos que estão no limite do comportamento normal: quando uma pessoa tira selfie pelo menos três vezes por dia, mas não posta nas redes sociais. Depois vem o nível agudo, no qual se postam as fotos mais de três vezes ao dia. Por fim, os pesquisadores identificaram o estágio crônico, em que não se consegue mais controlar a vontade de tirar selfies o tempo todo, compartilhando seis ou mais fotos por dia.
Metodologia. Para determinar a classificação, a equipe desenvolveu 20 frases, que incluíam os fatores que levavam as pessoas a tirar selfies e quais eram as sensações causadas. Cada participante deveria dizer o quanto concordava com afirmações como, por exemplo, “me sinto mais popular quando posto selfies nas redes sociais” ou “quando não posto selfies, me sinto desconectado do meu grupo de amigos”. Quanto mais se concordasse com os termos, maior era a pontuação.
Os resultados mostraram que 34% dos entrevistados tinham selfite no limite, 40% sofriam de selfite aguda e 25% apresentavam selfite crônica. Para a equipe, aqueles que têm tal comportamento estão em busca de atenção e, normalmente, são afetados pela falta de autoconfiança. O hábito, então, seria uma tentativa de aumentar o status social e fazer parte de um grupo.
Em entrevista a O TEMPO, Mark Griffiths, principal autor do estudo, disse que a principal intenção é fornecer dados de referência para outros pesquisadores investigarem o conceito mais detalhadamente e em diferentes contextos. “Ainda não há um posicionamento oficial se o selfite é um transtorno mental. O conceito pode evoluir ao longo do tempo à medida que a tecnologia avança, mas os seis fatores identificados que parecem estar subjacentes à atividade no estudo são potencialmente úteis para entender essa interação humano-computador em dispositivos eletrônicos móveis”, diz Griffths.
Para Janarthanan Balakrishnan, coautor, novos passos devem ser dados. “Agora, que a existência da condição parece ter sido confirmada, espera-se que outras pesquisas sejam feitas para entender mais sobre como e por que as pessoas desenvolvem esse comportamento potencialmente obsessivo e o que pode ser feito para ajudar os mais afetados”, disse Balakrishnan ao site “Business Insider”.
Psiquiatras avaliam o fenômeno
De acordo com o psiquiatra Frederico Garcia, secretário geral da Sociedade Mineira de Psiquiatria, a origem do problema não está na selfie em si, mas nos efeitos que ela provoca. “São as sensações produzidas no ser humano diante das curtidas, dos comentários, em todo movimento que nasce da postagem da selfie”, diz o médico.
Garcia afirma que, apesar de ainda não poder se determinar a selfite como um distúrbio mental, esse comportamento compulsivo merece atenção. “Trata-se da exposição de um estímulo ao ser humano muito recente. O que sabemos é que ele provoca a liberação de dopamina no cérebro, o que leva à compulsão. Ainda levaremos alguns anos para entender esse fenômeno, mas ele apresenta características semelhantes às de outros transtornos comportamentais e deve ser acompanhado”, pontua.
A psiquiatra Mila Santiago, especialista em vício em tecnologia e diretora do Instituto Brasiliense de Psiquiatria, acredita que a selfite pode estar associada a outros tipos de transtornos de saúde mental e ao impacto da tecnologia na vida social. “Podemos destacar a ansiedade, depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ou até mesmo problemas de autoconfiança e autoestima. Vivemos numa era de conexão diária e constante, na qual trazemos a realidade para dentro do mundo virtual e isso inclui as coisas boas e também as ruins, em vários sentidos”, acrescenta.
Garcia afirma que, apesar de ainda não poder se determinar a selfite como um distúrbio mental, esse comportamento compulsivo merece atenção. “Trata-se da exposição de um estímulo ao ser humano muito recente. O que sabemos é que ele provoca a liberação de dopamina no cérebro, o que leva à compulsão. Ainda levaremos alguns anos para entender esse fenômeno, mas ele apresenta características semelhantes às de outros transtornos comportamentais e deve ser acompanhado”, pontua.
A psiquiatra Mila Santiago, especialista em vício em tecnologia e diretora do Instituto Brasiliense de Psiquiatria, acredita que a selfite pode estar associada a outros tipos de transtornos de saúde mental e ao impacto da tecnologia na vida social. “Podemos destacar a ansiedade, depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ou até mesmo problemas de autoconfiança e autoestima. Vivemos numa era de conexão diária e constante, na qual trazemos a realidade para dentro do mundo virtual e isso inclui as coisas boas e também as ruins, em vários sentidos”, acrescenta.
O Tempo
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