Doria cobra a saída de Aécio

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Prefeito de São Paulo e senador mineiro protagonizam momento de tensão em encontro do PSDB

PUBLICADO EM 12/07/17 - 03h00

BRASÍLIA. O clima esquentou entre o prefeito de São Paulo, João Doria, e o senador e presidente licenciado do PSDB, Aécio Neves (MG), durante encontro da cúpula tucana na noite de segunda-feira. De acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, Doria foi duro e cobrou que Aécio deixe de vez a presidência do partido. O mineiro afastou-se do comando da sigla após ter sido citado na delação do empresário Joesley Batista, da JBS. Com o afastamento de Aécio, o senador Tasso Jereissati (CE) assumiu o comando nacional do PSDB interinamente.

O prefeito, segundo relatos dos presentes à jornalista, quer renovar o partido e sua direção, além de estabelecer uma espécie de “saída honrosa” para Aécio. A assessoria do senador disse à reportagem que “não houve clima pesado” na reunião com Doria e que “eles, inclusive, saíram juntos do Palácio dos Bandeirantes”. “Houve divergências entre os presentes, mas com cordialidade”, diz a nota.

Doria chegou a pedir a Tasso que marque a reunião da Executiva para renovar o comando do partido na primeira quinzena de agosto. Segundo alguns tucanos, Aécio já começou a dar sinais internamente de que pode concordar em antecipar as eleições do partido – previstas para o ano que vem.

Na avaliação de outros tucanos, a decisão de antecipar a eleição da executiva do partido dificulta a vida de Aécio dentro do PSDB. Interlocutores tucanos acreditam que há pouco tempo para que o senador consiga articular apoios para manter influência na direção partidária. A tendência é que a ala paulista da legenda conquiste o comando da sigla.

Os tucanos também pretendem aproveitar a convenção para fazer uma reflexão sobre as propostas do partido para o Brasil. “Precisamos revisitar o nosso programa”, disse Tasso. Segundo ele, o PSDB tem passado por um processo de envelhecimento e, portanto, precisa de renovação: “Precisamos refletir sobre nossos erros”.

Desembarque. Em entrevista à imprensa nessa terça-feira (11), Dória mostrou aos jornalistas um tom sereno ao falar do encontro da véspera. O prefeito de São Paulo afirmou que houve consenso sobre um desembarque “gradual” do partido do governo de Michel Temer. A decisão, acrescentou, deve ser tomada na reunião da executiva do partido, marcada para o início de agosto.

Já o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), evitou falar em desembarque ao gravar um vídeo logo após a reunião do partido. O governador se limitou a dizer que a “lealdade (do PSDB) é para com o Brasil, seus valores e seus princípios”, mas não falou em desembarque da sigla do governo. “O nosso compromisso é com o povo brasileiro”, disse o governador.

No último domingo, Alckmin afirmou que o PSDB deve apoiar o governo somente até a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. Na segunda-feira, ele disse que “vai ficando claro na consciência dos líderes qual é o melhor caminho para o futuro”. O governador defendeu a reunião da executiva do partido para firmar um pacto de não agressão entre a ala que quer o desembarque imediato da base e o grupo que trabalha pela permanência.

De acordo. Segundo relatos dos participantes do encontro do PSDB na segunda-feira, Geraldo Alckmin concordou que está chegando a hora de os quatro ministros tucanos saírem do governo.

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