Com as articulações cada vez mais intensas em Brasília, há quem tenha decidido votar a denúncia contra o presidente Michel Temer por outros critérios. Aliás, não decidiu: deixou a escolha para seus eleitores. A deputada Renata Abreu (Podemos/SP) montou uma enquete no site do partido para que os próprios eleitores orientem sua decisão em plenário.
A votação digital foi aberta em 13 de julho, mesmo dia da votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pela apreciação do relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) sobre a admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente por corrupção passiva. Na CCJ, Renata votou a favor do parecer.
Até a tarde desta quarta-feira, 19, 608 pessoas participaram da votação e 88% delas são a favor do prosseguimento da denúncia. Para a deputada, a ferramenta funciona como uma forma de engajar o eleitor. "O cidadão está muito apático. Eles criticam, mas precisam participar", disse. Nesse caso, a participação valerá muito: Renata explica que se a enquete mudar e a maioria votar contra a aceitação da denúncia, ela acompanhará os eleitores.
Questionada sobre possíveis situações em que os resultados das enquetes online discordem da opinião pessoal do partido ou de cada deputado, Renata disse: "A ordem é respeitar a maioria". A bancada do Podemos tem 14 deputados na Casa. De acordo com o Placar da Denúncia do jornal "O Estado de S. Paulo", cinco são a favor da aceitação da denúncia, um é contra e oito estão indecisos ou não quiseram responder - grupo em que hoje está Renata, aguardando o resultado da enquete online.
A deputada, que é presidente do partido, disse que a ideia é continuar a fazer enquetes online para futuros projetos, e que todos os parlamentares da sigla participem. Quanto à sua enquete, alguns já expressaram que devem seguir o resultado. "Muitos deputados já querem participar, e ao menos seis devem seguir a votação da maioria", contou.
A enquete deve ficar aberta até 2 de agosto, dia da votação no plenário, e qualquer um pode participar, mas é preciso fazer um cadastro para garantir que cada um vote apenas uma vez.
A parlamentar afirmou que caso a experiência seja bem-sucedida ela deverá seguir outros critérios além da maioria absoluta, por exemplo, a proporcionalidade de votos. "Se, em uma votação de algum projeto, 70% for a favor e 30% contra, vamos negociar com a bancada para que 70% dos deputados do partido votem a favor e 30% votem contra."
O Tempo
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