sábado, 15 de julho de 2017

Temer trocará ministros para se vingar de partidos infiéis

O TEMPO

CRISE SEM FIM

Presidente deve dar vagas do PSDB e do PSB a legendas do centrão após votação em plenário

PUBLICADO EM 15/07/17 - 03h00






BRASÍLIA. O presidente Michel Temer (PMDB) pretende se vingar dos partidos da base aliada que deram votos contra ele na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na última quinta-feira. De acordo com relatos de interlocutores do presidente, o peemedebista pretende fazer uma reforma ministerial para desalojar cinco ministros pertencentes a PSDB e PSB, principalmente.

Outros partidos podem entrar na mira do presidente após a votação em plenário, marcada para o dia 2 de agosto. Tudo vai depender do nível de fidelidade da base na votação decisiva. O presidente pretende fazer as mudanças logo após a decisão do plenário. Mesmo que a Casa Legislativa vote para autorizar o processamento da denúncia, Temer só será afastado se o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) recebê-la.

A ideia no governo é trocar os membros de partidos com alto índice de traição por representantes de legendas que deram provas de fidelidade. Os partidos do chamado centrão, como PP, PSD, PR e PTB, garantiram 100% de fidelidade a Temer na CCJ e, por isso, podem ganhar o espaço que tucanos e socialistas devem perder na Esplanada dos Ministérios.

Confirmando-se a decisão de retirar os quatro ministros que o PSDB hoje tem no governo, Temer estará antecipando-se a um movimento da legenda, rachada hoje na definição sobre o desembarque. O partido tem maioria atualmente na bancada a favor de deixar o governo, mas caciques, capitaneados principalmente pelo senador Aécio Neves, insistem na permanência.

Hoje, o PSDB tem na Esplanada os ministros Antônio Imbassahy (Governo), Bruno Araújo (Cidades), que chegou a pedir demissão e voltou atrás, Louislinda Valois (Direitos Humanos) e Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores).

O mais bombardeado pelo PMDB é Imbassahy, principalmente por ocupar uma pasta de vital importância na negociação com os parlamentares.

De acordo com a agência de notícias Reuters, o tucano tem dito a interlocutores estar desconfortável por estar em um cargo que deveria ser de extrema confiança do presidente e seu partido estar ameaçando deixar a base há várias semanas.

No caso do PSB, a legenda chegou a anunciar que está fora da base de Temer. Além disso, orientou voto contra o presidente na CCJ. No entanto, o partido está rachado, deu dois dos quatro votos a favor do peemedebista e continua com o comando do Ministério das Minas e Energia, nas mãos de Fernando Bezerra Coelho.

Pressão. Integrante da tropa de choque do governo na Câmara dos Deputados, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), vice-líder do PMDB na Casa, defendeu nessa sexta-feira (14) que os partidos que votaram contra Temer deixem a base. “Essa denúncia é uma ofensa, teve o objetivo de ofender o presidente. Todos que se posicionaram favoravelmente a essa ofensa não têm mais lugar no nosso lado”, disse o deputado, sem citar o PSDB.

Questionado se o governo deveria retirar os cargos do PSDB na Esplanada, Marun desconversou. “Eu não estou dizendo que o PSDB deve perder ministérios porque não vi nenhum ministro tucano se associar a essa ofensa esdrúxula, mas quem nos ofendeu deve ter o mínimo de caráter de se afastar de nós”, afirmou.


PSB X TEMER

Na CCJ. Dos quatro integrantes do partido no colegiado, dois votaram contra Temer (Júlio Delgado, de Minas, e Tadeu Alencar, de Pernambuco). Os contrários foram Fabio Garcia (MT) e Danilo Forte (CE).

No plenário. Até agora, 19 deputados do PSB já manifestaram a intenção de votar contra Michel Temer no plenário da Câmara. Por outro lado, apenas três dizem que vão votar a favor do presidente. Outros seis socialistas estão indecisos, e sete não responderam.


PSDB X TEMER

Na CCJ. Em votação na última quinta-feira, cinco dos sete tucanos no colegiado votaram contra Temer. Assim se posicionaram Rocha (AC), Betinho Gomes (PE), Fábio Souza (GO), Jutahy Junior (BA) e Silvio Torres (SP).

No plenário. Até agora, 18 deputados tucanos já anunciaram voto contrário a Temer na discussão que será realizada em plenário, no dia 2 de agosto. Outros dez são favoráveis ao presidente, dez estão indecisos, e oito não responderam.
O Tempo

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