segunda-feira, 10 de julho de 2017

Vitalidade turbinada pela atividade física

Marisa Simões Rocha, 58, se aposentou, mas o que menos aconteceu foi ficar parada. Orgulhosa em se identificar como corredora, ela treina para sua terceira prova de meia maratona, para percorrer 21 km. “Agora também sou comerciante e trabalho com o meu marido. Eu costumo falar que posso ficar idosa, mas não velha”, afirma.

Marisa conta que só começou a praticar atividade física aos 54 anos e que hoje desfruta dos benefícios que a “melhor idade” lhe trouxe. “Além de ter perdido 12 kg, eu ganhei mobilidade e hoje eu sou mais disposta, mais saudável. A corrida me trouxe felicidade. Lembro que, depois de conseguir participar da minha primeira meia maratona, fiquei uma semana em êxtase e dava pulos de alegria dentro de casa”, diz. Além da corrida, a aposentada pratica pilates e spinning três vezes por semana. “Sempre é tempo de começar”, orienta.

Conforme publicação do ILC-Brasil, os gerontolescentes também estão à frente da tendência de “desaposentação” que está mudando a forma como entendemos o trabalho e a aposentadoria. Um exemplo dessa abordagem transformadora do envelhecimento, segundo o documento, é a Pass it on Network, que funciona como um fórum de intercâmbio global para facilitar que idosos proativos contribuam de forma criativa para melhorar a própria vida, a de outros idosos e a da comunidade.

Assim como Marisa, a ex-funcionaria pública Mirta Franco Chaves, 71, investe na atividade física. “Tento levar uma vida bem saudável, não sou muito comilona, faço academia e ando muito. Eu cuido de mim porque não quero envelhecer e me acomodar, achar que vou morrer. Eu sempre penso que vou ainda viver muitos anos, por isso gosto de estar bem comigo mesma”, ensina a aposentada.

Para essa parcela da população, envelhecer é visto cada vez mais como um processo individual, repleto de múltiplas oportunidades de desenvolvimento pessoal e de prolongamento da jovialidade, de modo que os exercícios físicos aparecem como atividade fundamental na rotina diária. O personal trainer Nikolas Chaves vislumbrou essa oportunidade de negócio há cerca de dez anos, quando se especializou no atendimento domiciliar de pessoas com idade acima de 50 anos.

“Eles têm muita disciplina, dão muito valor para o bem-estar físico, não faltam e são bem regulares, pois precisam da atividade para realizar tarefas básicas do dia a dia, como pegar ônibus e carregar sacolas. Além disso, a energia que eles passam também é bem bacana. As aulas são sempre uma experiência de troca muito interessante, na qual eu sou professor e aluno ao mesmo tempo”, afirma.

Com esses alunos, Chaves conta que o treino funcional é bem diferente da atividade oferecida com o apelo mercadológico por algumas academias. “O treino que eu realizo nada mais é do que praticar e repetir alguns gestos técnicos necessários para as atividades do cotidiano deles, como levantar da cadeira várias vezes”, diz.

Passeios. Outro sinal de que a terceira idade tem-se renovado está no fato de que as pessoas nessa faixa etária querem sair de casa e conhecer os destinos turísticos brasileiros. Os viajantes com mais de 60 anos já são um importante público para o turismo. De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), o cliente da “melhor idade” representa aproximadamente 15% dos pacotes turísticos vendidos pelas agências de viagens associadas.

Os destinos nacionais mais procurados são a Serra Gaúcha e o Nordeste, de modo geral, em especial a Bahia. Buenos Aires e Portugal lideram os destinos internacionais. Na hora de fazer turismo, esses viajantes têm optado por realizar o passeio acompanhados (84%), e apenas 15% planejam a próxima viagem sozinhos, conforme estudo do Ministério do Turismo.


Eles são mais ativos do que seus pais


É provável que os baby boomers – os gerontolescentes de agora – sejam mais ativos sexualmente do que seus pais. De acordo com o “Glossário do Envelhecimento Ativo”, eles têm uma melhor condição de saúde, são mais frequentemente solteiros ou divorciados, sexualmente mais liberais do que as gerações anteriores e têm acesso a medicamentos que melhoram a vida sexual.

Segundo a pesquisa Mosaico Brasil, do Programa de Estudos da Sexualidade da Universidade de São Paulo (ProSex), coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo e divulgada em 2016, para mais de 43% dos entrevistados com mais de 51 anos, o sexo é importante ou muito importante.

Porém, o prolongamento da vida sexual, somado às práticas inseguras, tem-se refletido no aumento de ocorrências das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) entre os idosos. Somente 10% desse grupo com mais de 60 anos disse proteger-se durante a relação sexual.
O Tempo

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