terça-feira, 11 de julho de 2017

FHC recusa reunião com Temer

O TEMPO

CRISE SEM FIM



Tucanos se reuniram ontem para tentar alinhar posição sobre o Planalto


PUBLICADO EM 11/07/17 - 03h00

São Paulo. O presidente Michel Temer tentou encontrar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no último domingo, mas alegando conflito na agenda, o tucano recusou o convite. O ex-presidente chegou a dizer que o peemedebista teria um “ato de grandeza” se renunciasse e convocasse eleições gerais.

A assessoria do Planalto afirma que a reunião não tinha data marcada e nega que o tucano tenha recusado o convite. Temer tentaria obter o apoio de FHC ao seu governo.

FHC viaja hoje ao exterior e ontem participou de encontro de líderes tucanos no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. A reunião do partido foi realizada justamente para afinar o discurso sobre a gestão Temer.

Ao blog da jornalista Andréia Sadi, no G1, Fernando Henrique considerou “muito ruim” a situação política atual, mas que não teria como antecipar uma posição oficial do partido. O ex-presidente comentou declaração do presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati, de que a crise estava insustentável a cada dia, e que a saída do partido do governo seria inevitável.

“Não tenho como antecipar a posição do partido. Mas ele expressou sentimento da Câmara, sentimento da sociedade, mas não o de todos os governadores”, disse Fernando Henrique ao blog da jornalista, que ainda afirmou ver a possibilidade de antecipação das eleições. Ele, no entanto, observou: “mas só com a renúncia de Michel Temer precedida de conversa com todos os grandes partidos e não somente com o PSDB”, ponderou.

A reunião de ontem, nas palavras de um tucano, não deveria definir a saída ou não do PSDB do governo (até o fechamento desta edição a reunião não havia terminado). Os tucanos estariam indecisos sobre quando deixar o governo. Como possuem quatro ministérios, romper com Temer significa entregar os cargos imediatamente. Como decidiram permanecer com o presidente após a divulgação da delação de Joesley Batista, os tucanos querem decidir pelo desembarque ou não em um momento em que a imagem do partido não sofra mais desgaste.

Nos últimos dias, líderes tucanos defenderam que o PSDB deixe seus cargos no governo. Tasso afirmou que o país caminha para a “ingovernabilidade” com Temer e disse que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), próximo na linha sucessória da Presidência, “tem condições” de assumir.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), por sua vez, afirmou que “se é para fazer uma escolha entre abandonar a nossa bancada na Câmara federal e abandonar os cargos confortáveis do governo, eu prefiro abandonar os cargos”.

AÉCIO

Possibilidade. Parte dos tucanos gostariam de pedir a saída definitiva de Aécio Neves da presidência do partido. Mas como ele participaria da reunião, estariam constrangidos em discutir o tema.

DIVISÃO

‘A crise não é nossa’, diz Perillo
São Paulo. Favorável à permanência de ministros do PSDB na gestão de Michel Temer, o governador de Goiás, Marconi Perillo, criticou a condução do partido. “O PSDB não tinha que estar no centro da crise, a crise não é nossa”, afirmou ao jornal “Folha de S.Paulo”. “O prejuízo é ficar dessa forma, vai ou não vai. Se vai sair, é preciso defender uma tese”, disse.

Tucanos passaram a defender que, se o partido desembarcar, será necessário engrossar o coro de antecipação de eleições diretas – como sugerido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – ou alguma outra alternativa, que não as indiretas.

A caminho da reunião da cúpula do PSDB, Perillo argumentou que eventual desembarque vai dificultar ainda mais a votação das reformas trabalhista e previdenciária.

“Sem elas, o país vai quebrar e aí nós também vamos quebrar”, disse. Para Perillo, o partido deveria” deixar os deputados livres para votarem de acordo com suas consciências”.

Outros tucanos estão em sintonia com Perillo, como Reinaldo Azambuja, governador do Mato Grosso do Sul, e o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC). Os governadores Pedro Taques (Mato Grosso), Simão Jatene (Pará) e Beto Richa (Paraná) defendiam a permanência no governo, mas em meio ao impasse são tidos como incógnitas.

O governador paulista, Geraldo Alckmin, que alinhou o encontro com Tasso Jereissatina última sexta-feira, defendeu no domingo a saída do partido do governo após a votação das medidas.

SEM RUMO

Muro. Com tantas posições distintas, aumentou a percepção de que a sigla está sem discurso claro. “O desembarque será decidido após um consenso que ainda não existe”, afirmou o deputado Silvio Torres (SP).
O Tempo

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