AFP
A atriz francesa Riva, que ganhou fama mundial como a protagonista de "Hiroshima Meu Amor" (1959) e voltou a ter grande destaque há cinco anos como "Amor", faleceu na sexta-feira aos 89 anos, anunciaram neste sábado fontes próximas à artista.
"Até o final permaneceu ativa", declarou sua agente, Anne Alvares Correa, que recordou que em março deve estrear o último filme da atriz, "Paris Pieds Nus", de Fiona Gordon e Dominique Abel.
"Emmanuelle Riva era uma mulher comovente, uma artista de rara exigência. Se vai uma voz inesquecível. Uma voz habitada pelo amor das palavras e da poesia", afirmou Frédérique Bredin, presidente do Centro Nacional do Cinema (CNC) da França.
Desde "Hiroshima Meu Amor" (1959) até "Amor" (2012), "foi uma das atrizes mais corajosas do cinema francês", destacou Bredin em um comunicado.
"Cada pessoa tem muitas vidas dentro de si. E nesta profissão desenvolvemos todas as possibilidades", afirmou Emmanuelle Riva em 2012 à AFP no Festival de Cannes, onde falou sobre seu papel em "Amor", do austríaco Michael Haneke, premiado com a Palma de Ouro.
No filme ela interpreta uma mulher doente, à beira da morte em meio a grandes sofrimentos, compartilhados por seu marido, interpretado por Jean-Louis Trintignant.
O papel em "Amor" valeu a Emmanuelle Riva o prêmio César de melhor atriz, assim como um Bafta e uma indicação ao Oscar.
Nascida em 1927 em uma família de operários do leste da França, desde adolescente Paulette (seu nome real) declamava as falas de personagens clássicos em seu quarto.
Aos 19 anos, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial, viajou a Paris para estudar artes dramáticas, apesar das dúvidas de sua família.
Treze anos depois veio a consagração mundial com um filme que narra uma história de amor entre uma artista francesa e um arquiteto japonês em Hiroshima, a cidade devastada pelo primeiro ataque com bomba atômica da história.
Em 1962 ela venceu o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza por seu papel em "Thérèse Desqueyroux".
Emmanuelle Riva já era famosa, mas sempre permaneceu discreta em uma época de estrelas que tentavam chamar a atenção.
"Depois de Hiroshima, lutei com todas as minhas forças para evitar que me estereotipassem. O que interessa aos atores é poder mudar de papel", recordou em 2012.
Durante meio século, Emmanuelle Riva trabalhou no teatro, cinema e televisão, entre papéis de protagonista ou coadjuvante dos mais diversos tipos.
Em 2014 recebeu seu último prêmio, o Beaumarchais, entregue por um júri de críticos do jornal francês Le Figaro por sua atuação na peça "Savannah Bay" de Marguerite Duras.
O Tempo
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