O secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, pretende alterar a forma como a Prefeitura de São Paulo distribui medicamentos a pacientes de sua rede. A ideia é usar qualquer farmácia da cidade para este objetivo. Hoje, remédios e outros produtos fornecidos pelo Município, como fraldas geriátricas, são retirados pessoalmente nas unidades de saúde e não são raras as reclamações relacionadas à ausência de parte dos produtos.
O formato do programa ainda não está fechado. Segundo Pollara, a pasta vai estudar se passará a fornecer uma espécie de 'vale medicamento' aos usuários ou então se precisará criar um site específico a ser acessado pela rede particular para checar e validar a receita apresentada pelo paciente em busca de medicação. O modelo pretendido parece semelhante ao programa Farmácia Popular, do governo federal, criado em 2004.
"Não queremos mais entregar remédio na UBS (Unidade Básica de Saúde). Essa logística não dá certo, é muito difícil. Não vamos competir com a coisa mais permeada que tem, que é farmácia", disse o secretário ao Estado. "Vamos começar a trabalhar nisso. Já mandei que o departamento de informática pesquise qual seria a melhor maneira para implementar esse modelo, qual o melhor mecanismo. O que eu quero é que o cara vá na farmácia ao lado da casa dele e retire o remédio."
A alteração, no entanto, deve ir contra a determinação do prefeito João Doria (PSDB) de cortar gastos. "Esse modelo vai ser mais caro, acredito, mas muito mais eficiente. Hoje, o que existe não funciona. A reclamação é total e todo dia. Remédio é na farmácia, nosso negócio é oferecer tratamento, saúde", completou Pollara. Ampliar a quantidade de medicamentos entregues via Correio é outra opção em estudo.
Ano passado, com a crise econômica, a demanda por esse serviço na rede municipal aumentou ao menos 30%. Entre janeiro e agosto, 5,4 milhões de paulistanos retiraram remédios nas UBSs e demais equipamentos municipais. No mesmo período de 2015, haviam sido 4,1 milhões. Consequentemente, a média mensal de pessoas que retiram remédios e insumos passou de 520 mil para 676 mil.
A alta demanda - 330 mil pessoas deixaram de ter plano de saúde na cidade entre 2014 e 2016 -, agravou o quadro de falta de medicamentos básicos em algumas unidades, obrigou a secretaria a rever o planejamento de compras de cada uma das mais de 500 farmácias municipais e gerou até a abertura de uma inquérito do Ministério Público Estadual para investigar o caso.
O Tempo
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