MATO GROSSO
Magistrada ganhou notoriedade depois de mandar prender o ex-governador Sinval Barbosa
PUBLICADO EM 02/03/17 - 03h00
Cuiabá. Comparada ao juiz federal Sergio Moro pela determinação em punir os corruptos, a juíza Selma Arruda, 54, da 7ª Vara Criminal de Mato Grosso, não dá um pulo fora do cordão de seguranças que a cerca 24 horas por dia. Quatro policiais grandalhões escoltam a juíza de 1,50 metro, que se destaca sobre saltos altíssimos, colares e pulseiras reluzentes. Ganhou a guarda no ano passado.
Foi nessa época que as ameaças a ela ficaram constantes. A juíza decretou a prisão do ex-governador Sinval Barbosa (2010-2014), do PMDB, e de outros poderosos de Mato Grosso, investigados pela operação Sodoma.
Apelidada de Lava Jato Pantaneira, a operação apura desvio em compras de terrenos, fraude em licitações e propina para cobrir custos de campanha.
Como Moro, Selma Arruda é conhecida por ser dura e não hesitar em manter prisões preventivas. Também como o juiz de Curitiba, virou celebridade no Estado, sendo aplaudida na rua quando é reconhecida.
Algo, porém, a separa de Moro. Ele evita dar entrevistas. A magistrada é presença frequente em programas da TV local.
“O Moro não precisa (de mídia), ele tem a Globo, que fala dele o tempo todo”, diz Selma. “O Mato Grosso não tem visibilidade nacional. Gosto de debate, quero que as pessoas falem (sobre corrupção), aprendam que tem que fazer certinho”, diz.
Gaúcha, Arruda se mudou para Mato Grosso grávida do primeiro de seus três filhos e com o diploma em direito recém-conquistado.
Começou a ser notada no Estado quando decretou a prisão de Riva, em 2015. “Metade do Mato Grosso me odiou. Ele era muito popular”, conta a magistrada.
Selma começou a magistratura enfrentando contrabandistas e narcotraficantes em regiões de conflito no Estado. Passou cinco anos em Cáceres, a 80 km da fronteira com a Bolívia. Descreve a região como a “boca grande de entrada de drogas” no país. “Percebia que, quando prendia um grande traficante, o comércio caía”, diz a juíza, contrária à descriminalização das drogas: “Seria o caos do caos”.
O Tempo
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