Apenas praticar sexo, mesmo que regularmente, não garante a verdadeira realização sexual. Carícias, gestos, toques e olhares trocados entre os parceiros são os responsáveis pela sensação de felicidade e satisfação em sentido geral, revela um estudo feito pela Universidade de Toronto, no Canadá e publicado na revista norte-americana “Personality and Social Psychology Bulletin”.
Os pesquisadores avaliaram a correlação entre o sexo e o bem-estar com pessoas que tinham algum relacionamento amoroso. Foram entrevistadas 335 pessoas casadas e outras 148 comprometidas. Ambos os grupos mostraram que a prática constante de sexo oferece uma maior satisfação na vida. Contudo, a associação entre sexo e felicidade no sentido geral era dependente de gestos e carinhos, apontando que os entrevistados levaram em conta a prática de carícias antes, durante e depois. Isso mostrou que a associação entre a frequência sexual e a satisfação na vida era insignificante. Vale ressaltar que os resultados não consideraram a idade dos participantes, o tempo de relacionamento ou o status amoroso. Essa conclusão apoia o fato de que o afeto na hora do sexo – fator que já foi constatado como grande fornecedor de bem-estar psicológico em outra pesquisa – é a chave para o prazer em sua plenitude.
O resultado da pesquisa é endossado pela psicóloga Sônia Eustáquia, especialista em sexualidade humana. Ela afirma que o ato em si oferece muito pouco para a realização humana. “É como se nascêssemos incompletos, e, quando encontramos alguém, há um desfecho, uma conclusão. Nesse relacionamento, é saudável e natural que haja a troca de confiança, de segurança, que podem ser transmitidas também durante o sexo, seja na forma de beijo, de abraço, de olhar, de contato físico”, explica ela.
Natural. O psiquiatra Marco Túlio Aquino, membro do Comitê de Especialidades da Unimed, também enfatiza a importância dessa correspondência afetiva. “A expressão da afetividade e dos vínculos é inerente ao ser humano, e essa necessidade também existe durante o sexo, indo além das questões instintivas e biológicas. O segredo para relacionamentos duradouros é justamente uma sexualidade prazerosa que ofereça um vínculo afetivo”, afirma.
O especialista ainda ressalta que a neurociência tem feito avanços importantes nessa área. Uma delas é a descoberta de neurotransmissores que são ativados durante a relação sexual e que estão associados ao desenvolvimento das relações entre as pessoas.
Por fim, além da partilha de gestos e carícias que envolvem confiança, segurança e intimidade, o psiquiatra aponta outros fatores importantes. “Nossas cognições estão voltadas, em muitos aspectos, para o sexo. Nesse sentido, o comportamento sexual, geralmente, é uma busca por gratificação, que não deve causar sofrimento e nem estar associado a nenhum tipo de ansiedade. Isso tudo é um indicativo de normalidade, de um bom exercício de sua sexualidade”, afirma Aquino.
Desde sempre
Registro. O psiquiatra Marco Túlio Aquino diz que o sexo é um tema abordado desde os primórdios. “Há registros de que alguns povos primitivos já buscavam tratar da sexualidade”, afirma.
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