quarta-feira, 22 de março de 2017

Futuro da Lava Jato em xeque

O Tempo

DENÚNCIA

Em depoimento a Moro, deputado afirmou que há um “complô” para acabar com a operação


PUBLICADO EM 22/03/17 - 03h00





SÃO PAULO. Em depoimento concedido nessa terça-feira (21) ao juiz Sergio Moro, o deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ) afirmou que existe nos bastidores um complô para acabar com efeitos da operação Lava Jato nas lideranças do país. Convocado para testemunhar a favor do ex-ministro Antonio Palocci, o parlamentar, que é o que está há mais tempo na Câmara dos Deputados, alertou o magistrado de que as principais figuras do cenário político brasileiro sairão ricas e livres, ficando presos somente seus cúmplices.

“O que se passa em Brasília é uma vergonha absoluta. Há uma tentativa de desqualificar a Lava Jato. Há uma tentativa de acabar com a Lava Jato. Mas acabar com a Lava Jato para esses que detêm foro especial por prerrogativa de função. É uma situação que vai submeter o Brasil ao ridículo internacional. Vai atingir os empresários que são cúmplices dos políticos, que estão presos, as empresas, que estão fechadas, e os empregos, que estão perdidos. E os políticos sairão ricos”, denunciou Teixeira.

No mesmo depoimento, Sergio Moro questionou o parlamentar se a proposta de adotar o sistema de lista fechada teria alguma relação com essa tentativa de acobertar as principais lideranças do país.

“A lista fechada, que não é nova na discussão, é uma forma de criminalizar a política. Primeiro, surge atribuindo ao financiamento de campanha as dificuldades do nosso setor. Juiz, a corrupção existe porque existe corrupto. O roubo existe porque existe ladrão. A democracia não pode ser responsabilizada. Senão, as ditaduras seriam íntegras. Não há eleições, então não há corrupção? Estão criminalizando a política pelos fatos criminais praticados por políticos. A política não é isso, não é nada disso. Estão roubando para o próprio bolso para construir fortunas enormes e botando a culpa no processo eleitoral”, atacou Teixeira.

Encantado. Sobre o tema principal do depoimento, a denúncia do Ministério Público Federal contra Palocci, acusado de favorecer interesses da empreiteira Odebrecht enquanto ministro da Fazenda, Teixeira afirmou que não soube de nenhuma irregularidade. Porém, o deputado disse que o petista ficou “encantado” com o setor privado.

“Por muitas lutas passadas, tínhamos uma identidade. Mas depois que chegou ao poder, Palocci ficou muito encantado pelos direitos da iniciativa privada”, declarou Miro.
Unânimes. Todas as testemunhas negaram as acusações contra Palocci. Também foram ouvidos os deputados petistas Paulo Teixeira e Carlos Zarattini e o ex-diretor da Petrobras Guilherme Estrella.
O Tempo

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