sábado, 25 de março de 2017

Páscoa é chance de renda extra para quem faz ovos


A Páscoa está chegando e tem muita gente querendo garantir uma renda extra. Após um início de ano cheio de contas a pagar, é uma excelente opção para manter o orçamento em dia e, quem sabe, até fazer uma reserva. Só para este ano, segundo informações da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), serão cerca de 120 lançamentos de ovos de chocolate de marcas tradicionais no país. Mas o alto preço de ovos de Páscoa encontrados nos supermercados motivou várias pessoas a investirem na produção caseira.

Carolane Avelino Gangana se divide entre o jaleco de radiologista e o avental de doceira. De manhã, trabalha como radiologista. À tarde, se dedica à produção de chocolates em casa. “Fora das datas comemorativas, ganho em média R$ 1.000 por mês com a venda dos meus chocolates. Minha estimativa é que nesta Páscoa eu receba entre R$ 2.000 e R$ 2.500, porque a divulgação está mais intensa”, conta a doceira.

Além dos ovos tradicionais, ela produz sozinha chocolate trufados, coelhinhos de chocolate e pão de mel. “Se tudo der certo neste ano, penso em até contratar alguém para me ajudar nas produções futuras”, conta Carolane.

Mãe e filha, a bióloga Eliete e a jornalista Natália Christofari resolveram unir forças e se profissionalizaram no ramo de doceria. Nascidas em uma família de panificadores, elas sempre se viram juntas na cozinha. “Desde quando eu era criança, minha mãe preparava doces, bolos e pães para vender”, conta Natália, que está desempregada.

Desde o ano passado, fizeram da cozinha de casa uma confeitaria. “Já temos uma clientela. É muita demanda, mas minha mãe ajuda muito. Vi nesta oportunidade uma forma de me manter financeiramente”, conta.

O preço dos produtos varia de acordo com o pedido do cliente. O campeão de vendas na microempresa de Natália é o ovo de colher trufado, que pode chegar a R$ 55, dependendo do recheio. Um ovo de chocolate simples de 350 gramas sai por R$ 30. Além do sabor, os preços são fortes aliados para garantir a venda. “Nossa estimativa é de um crescimento de 15% a 20% nas vendas neste ano em relação a 2016”, calcula.

Da alergia ao negócio. Para a administradora Carolina Sabino, a ideia de preparar chocolates caseiros chegou depois que descobriu a alergia à parafina da filha de 9 anos. “Ela comia esses chocolates mais baratos e passava mal. Foi assim até a chegada do diagnóstico”, conta.

Carolina conseguiu conciliar a carreira de administradora com a de doceira por pouco tempo, mas desistiu do trabalho formal para se dedicar ao negócio e aos filhos. “Além de alérgica, minha filha tem crises epilépticas, então preciso ficar mais perto dela e do meu filho de 11 anos”, explica.

Com o marido desempregado, Carolina teve que intensificar a produção de chocolates para conseguir pagar as contas da casa. “Geralmente, dependendo do mês, ganho cerca de R$ 1.000. É apertado, mas dá para pagar as principais contas”, afirma. A estimativa para vendas na páscoa é de um aumento de 10%. “As pessoas estão me procurando mais, devido ao alto valor dos ovos de chocolate nos supermercados. Aqui elas sabem que o produto é caseiro e mais barato”, explica. O carro chefe dos chocolates de Carolina é o ovo tradicional de 250 gramas, que pode sair entre R$ 20 e R$ 30, e os pirulitos de chocolate.

Tem até “espionagem”. Entender o mercado é fundamental tanto para se diferenciar quanto para saber se um possível cliente, na verdade, é um concorrente. A dica é da analista do Sebrae Andreza Capelo. “É importante buscar diferentes fornecedores. A atividade de compras tem impacto direto nos resultados”, diz Andreza.


Planejamento evita que o doce desande

Planejamento e organização são as palavras-chave para quem pretende empreender na Páscoa, principalmente pelo caráter sazonal, já que há menos tempo para se recuperar de um erro. Segundo a analista do Sebrae Andreza Capelo, o planejamento dá ao empreendedor a possibilidade de criar metas que o incentivem, de perceber o tempo e os recursos necessários.

“Sem planejamento, dificilmente ele irá contemplar o fato de que, entre seus conhecidos, há diferentes perfis de compradores. Ao planejar, ele descobre que tipo de demanda vai atender em maior volume, e pode se dedicar a isso”, diz.

Para o consultor financeiro Diogo Gonçalves, o empreendedor precisa colocar tudo na ponta do lápis para que o doce sonho não desande. “É preciso levantar os custos da matéria-prima, saber quanto tem para investir, contabilizar gastos como gás e energia elétrica, e em quanto tempo a pessoa consegue produzir para cumprir o prazo de entrega. Isso tudo precisa estar bem planejado”, diz.

O Tempo

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