Os casos cada vez mais frequentes de corrupção que envolvem o cenário brasileiro trazem à tona uma pergunta: o que é possível fazer para que a honestidade seja preservada? A resposta pode estar no simples incentivo à boa-fé e ao exemplo.
Isso é o que o diretor de ensino Iure Kaliline, professor da Faculdade Ipemed de Ciências Médicas de Belo Horizonte, constatou. Em novembro do ano passado, foi implantada, em uma das unidades da instituição, a Cantina Solidária, que tem por objetivo vender aos alunos lanches a preço de custo e sem qualquer monitoramento na hora do pagamento: uma caixa fica próximo aos produtos, e cada cliente deposita o valor correspondente à mercadoria. Além disso, alguns dos alunos ainda têm a opção de realizar o pagamento no final de cada mês.
Em pouco mais de três meses, cerca de 85% dos compradores honraram o compromisso – o que foi considerado um bom número, conforme o responsável pela iniciativa.
“Nossa intenção é valorizar a cordialidade, o respeito, a honestidade, não somente aos colaboradores e aos alunos, mas ao público em geral, já que a confiança atribuída àquele que compra gera comprometimento. Queremos mostrar às pessoas que, não importa o tamanho do lugar em que se dê a prática, o exemplo é sempre o que ajuda”, afirmou Kaliline.
Quem reforça essa conclusão é o psiquiatra Paulo Roberto Repsold, diretor da Associação Mineira de Medicina, ao afirmar que oferecer ações que levem ao bom exemplo serve como caminho para uma sociedade mais justa.
Determinar o que leva uma pessoa a cometer um crime ou um ato de desonestidade envolve uma importante interação de fatores distintos, explica o especialista em psiquiatria forense e criminal. São eles: o biológico, quando a pessoa tem algum gene que a leva a determinada condição ou conduta; o psicológico, quando algum distúrbio de ordem mental se desenvolve; e o sociológico, que trata de valores, princípios e cultura da sociedade em que se está inserido – especialmente no seio familiar.
E, segundo o especialista, esse último fator é primordial na conduta em sociedade de uma pessoa. “O bom e o mau exemplos começam, principalmente, no ambiente íntimo de cada indivíduo. É nesse cenário que podemos enxergar a atuação dos fatores biológico, psicológico ou sociológico, com ênfase nos dois últimos. Afinal, se a pessoa não tiver comprometimento psicológico ou alguma disfunção dos três (fatores), além de ter bons exemplos ao redor, a chance de agir de forma desonesta cai drasticamente”, afirma Repsold.
Além disso, com base em sua experiência de atendimento, o especialista considera perigosa a ideia de que a classe social seja determinante para uma conduta desonesta. “Um grande equívoco é associar a criminalidade à pobreza ou à riqueza. Aqui, no Brasil, isso se dá muito mais pela desestruturação da família. A maior parte dos infratores comprometidos psicologicamente se desenvolveu mal por conta de um vácuo no sentido de valores e princípios dentro de casa”, completa Repsold.
Isso é o que o diretor de ensino Iure Kaliline, professor da Faculdade Ipemed de Ciências Médicas de Belo Horizonte, constatou. Em novembro do ano passado, foi implantada, em uma das unidades da instituição, a Cantina Solidária, que tem por objetivo vender aos alunos lanches a preço de custo e sem qualquer monitoramento na hora do pagamento: uma caixa fica próximo aos produtos, e cada cliente deposita o valor correspondente à mercadoria. Além disso, alguns dos alunos ainda têm a opção de realizar o pagamento no final de cada mês.
Em pouco mais de três meses, cerca de 85% dos compradores honraram o compromisso – o que foi considerado um bom número, conforme o responsável pela iniciativa.
“Nossa intenção é valorizar a cordialidade, o respeito, a honestidade, não somente aos colaboradores e aos alunos, mas ao público em geral, já que a confiança atribuída àquele que compra gera comprometimento. Queremos mostrar às pessoas que, não importa o tamanho do lugar em que se dê a prática, o exemplo é sempre o que ajuda”, afirmou Kaliline.
Quem reforça essa conclusão é o psiquiatra Paulo Roberto Repsold, diretor da Associação Mineira de Medicina, ao afirmar que oferecer ações que levem ao bom exemplo serve como caminho para uma sociedade mais justa.
Determinar o que leva uma pessoa a cometer um crime ou um ato de desonestidade envolve uma importante interação de fatores distintos, explica o especialista em psiquiatria forense e criminal. São eles: o biológico, quando a pessoa tem algum gene que a leva a determinada condição ou conduta; o psicológico, quando algum distúrbio de ordem mental se desenvolve; e o sociológico, que trata de valores, princípios e cultura da sociedade em que se está inserido – especialmente no seio familiar.
E, segundo o especialista, esse último fator é primordial na conduta em sociedade de uma pessoa. “O bom e o mau exemplos começam, principalmente, no ambiente íntimo de cada indivíduo. É nesse cenário que podemos enxergar a atuação dos fatores biológico, psicológico ou sociológico, com ênfase nos dois últimos. Afinal, se a pessoa não tiver comprometimento psicológico ou alguma disfunção dos três (fatores), além de ter bons exemplos ao redor, a chance de agir de forma desonesta cai drasticamente”, afirma Repsold.
Além disso, com base em sua experiência de atendimento, o especialista considera perigosa a ideia de que a classe social seja determinante para uma conduta desonesta. “Um grande equívoco é associar a criminalidade à pobreza ou à riqueza. Aqui, no Brasil, isso se dá muito mais pela desestruturação da família. A maior parte dos infratores comprometidos psicologicamente se desenvolveu mal por conta de um vácuo no sentido de valores e princípios dentro de casa”, completa Repsold.
Ranking. O Brasil é o 76º colocado em ranking sobre a percepção de corrupção no mundo, segundo estudo divulgado em janeiro pela organização Transparência Internacional, que analisou 168 países e territórios.
Músico relata vergonha ao pegar dinheiro que achou
O incentivo à boa-fé serviu como diretriz para o músico Leonardo (nome fictício), 28. Ele já vivenciou uma situação na qual se arrependeu de ter agido de maneira desleal.
“Um dia eu voltava do trabalho para casa quando encontrei uma carteira no chão. Achei documentos, cartões e R$ 130 em dinheiro. Eu peguei essa quantia e guardei, levando a carteira até uma rádio local, e ela foi entregue para o dono. Dois dias depois, eu reconsiderei o que tinha feito, acabei falando com um amigo que me ajudou e devolveu esse valor ao dono pessoalmente”, afirma, admitindo que sentiu vergonha de encarar a vítima depois do erro cometido.
“A consciência ficou tranquila depois disso porque foi o exemplo de honestidade, que presenciei de meus pais, que falou mais alto”, afirma Leonardo.
“Um dia eu voltava do trabalho para casa quando encontrei uma carteira no chão. Achei documentos, cartões e R$ 130 em dinheiro. Eu peguei essa quantia e guardei, levando a carteira até uma rádio local, e ela foi entregue para o dono. Dois dias depois, eu reconsiderei o que tinha feito, acabei falando com um amigo que me ajudou e devolveu esse valor ao dono pessoalmente”, afirma, admitindo que sentiu vergonha de encarar a vítima depois do erro cometido.
“A consciência ficou tranquila depois disso porque foi o exemplo de honestidade, que presenciei de meus pais, que falou mais alto”, afirma Leonardo.
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