O TEMPO
CRISE SEM FIM
Afirmação é do ex-diretor da Petrobras Renato Duque em depoimento ao juiz Sergio Moro
PUBLICADO EM 10/06/17 - 03h00
CURITIBA. O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque afirmou, nessa sexta-feira (9), que a ex-presidente da Petrobras Graça Foster sabia de propinas na Petrobras e que chegou a ter prometido, para si, US$ 1 milhão em vantagens indevidas em um contrato da estatal. “Ela me chamou no gabinete e disse o seguinte: eu sei o que foi feito, eu sei que é feito, e sei que tem que ser feito. Eu só não sei fazer. Eu preciso da sua ajuda para que isso aconteça”, afirmou Duque, durante depoimento ao juiz Sergio Moro.
O ex-diretor da Petrobras afirmou ter acertado propinas de 0,5% para o PT, a pedido de Graça Foster, em contratos entre a estatal e a empresa italiana Saipem, para a qual ele foi chamado para atuar. Na ocasião, segundo Duque, ela era diretora de Gás e Energia da Petrobras. Duque não deu detalhes sobre a data.
“Eu conversei com José Eduardo Dutra (primeiro presidente da petrolífera no primeiro governo Lula, em 2003) e trouxe para ele essa questão dos dois projetos que a Saipem queria que eu participasse e que queria esse apoio na Petrobrás. Pedi para que conversasse com a Graça para que se ela ajudasse a Saipem nesses dois processos. Haveria uma participação de 0,5% do contrato para o PT”, relatou Renato Duque, em depoimento.
Ele disse que, após a conversa com Dutra, que também foi presidente do PT, e a então diretora de Gás e Energia da estatal, Graça Foster, recebeu a resposta positiva para o pagamento de propinas.
“O Dutra conversou com a Graça e voltou com a resposta afirmativa: ‘Está de acordo, vai ajudar no que puder, e fica certo 0,5% para o PT. E tem outra demanda. Que você separe US$ 2 milhões. Um pra mim e um pra ela. O meu eu vou precisar em 2014 para campanha em Sergipe. O dela eu não sei qual vai ser a destinação’”.
Apesar do suposto acerto, Duque afirmou que o pagamento “não se concretizou”. Os emissários da Saipem ficavam “empurrando a dívida com a barriga”, segundo Duque. “Quando veio a Lava Jato, eu dei isso aí como perdido”, afirmou. O ex-diretor da Petrobrás também relatou ter tido uma reunião com Graça Foster em época anterior ao suposto acerto.
O depoimento foi dado na ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF)na qual Duque é acusado de crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
Arrependimento. Segundo a Lava Jato, Duque integrou um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro para favorecer a italiana Saipem na contratação de obras da Petrobras.
Os procuradores sustentam que o ex-diretor de Serviços da estatal e outros acusados se utilizaram de transações bancárias nas contas da Hayley/SA, offshore uruguaia que mantinha contas na Suíça e que, posteriormente, remetia os valores como simulação de investimentos na sua subsidiária Hayley do Brasil.
Preso pela operação Lava Jato há pouco mais de dois anos, Duque tenta fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público, sem sucesso.
Nos depoimentos à Justiça, ele vem admitindo espontaneamente ter recebido propina, sem benefícios. “Hoje eu tenho consciência de que cometi esses crimes. Me arrependo”, disse o ex-diretor.
Suspeitas. A reportagem não conseguiu contato com a ex-presidente da Petrobras Graça Foster nessa sexta-feira (9). Em ocasiões anteriores, ela não quis se pronunciar a respeito
das suspeitas.
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