Cerca de 2.000 pessoas se reuniram neste domingo (11) no bairro Jaraguá, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, para comemorar o 79º Jubileu de Santo Antônio de Pádua e celebrar a coroação dos chefes do estado maior das tradições do Rosário.
A festa teve muitas cores, comidas e músicas, além de um cortejo pelas ruas do bairro. O encontro, organizado pela igreja católica por meio da Ordem Templária da Cruz Santo Antônio, recebeu cerca de 30 guardas de congado de diversas cidades mineiras.
Segundo o anfitrião, o rei perpétuo da Arquidiocese de Belo Horizonte, Manoel Fonseca dos Reis, de 60 anos, a festa representa a manutenção das festividades do passado. "Uma festa deste tipo é importante para expandir o discurso inter-religioso, mostrando que nós nos respeitamos. O fato de crermos em um só Deus nos unifica, mas não nos uniformiza", comentou ele, que é neto da benzedeira Sá Don’Anna, que criou a festa em 1904.
Manoel também ressaltou a importância do jubileu para a preservação do patrimônio cultural de origem africana. "A festa também marca a liberdade de expressão. Todos são bem-vindos para promover a graça, a paz e o respeito", disse.
A matriarca da família Fonseca dos Reis, Maria Fonseca Reis, de 90 anos, que há 79 promoveu a primeira festa, comenta o ritual. "É a promoção da comunhão, do reencontro com amigos queridos e de acolhimento. Adoramos aos santos e a Jesus e agradecemos por estarmos de pé", disse.
Fé que une
Moradora da Pampulha há 60 anos, Maria ainda ressalta o objetivo do evento. "A proclamação da nossa fé que nos une".
O maquiador Marcio Sá, de 48 anos, trocou os pincéis pelas colheres. Ele é cozinheiro voluntário do evento e com mais 30 pessoas preparam a comida para todos os envolvidos, cerca de 2 mil pessoas. "Festa importante, todos de qualquer religião são bem recebidos! Todos os alimentos foram doados por moradores e membros que frequentam a capela."
A aposentada Maria Lúcia Oliveira, de 63 anos, moradora do bairro Cristina em Santa Luzia, acordou às 5h para fazer parte do coral com mais 25 amigas. "Vamos cantar para embelezar ainda mais a festa. Nosso ônibus trouxe 20 pessoas que acordaram cedo, mas estão animadas. Sem o grupo eu já estaria em depressão em casa", conta. A aposentada Maria de Lourdes Souza, 70, há dois anos participa do coral e também é porta bandeira na festa. "É um prazer um momento de paz participar de um momento tão abençoado", disse.
Paixão de infância
A aposentada Glória Machado, 80, mãe da Laura Medioli, participa do evento há 20 anos, mas a paixão pelo congado veio na infância. "Desde a infância na fazenda do meu avô eu acompanho as festas e há 20 eu acompanho aqui na Pampulha. É um momento maravilhoso de fé e reencontros", disse.
Laura Medioli disse que desde adolescência acompanha a mãe no festejo. "É a vida dela isso aqui. É uma festa muito bonita, tradicional do congado. Fico feliz em ver minha mãe tão envolvida, reencontrando amigos e fazendo atividades. Hoje ela poderia estar deprimida, como muitas da idade dela, mas está firme e forte", disse.
O evento teve ainda uma missa missa solene presidida por representantes do clero romano e do clero ortodoxo, seguida pelo cortejo real de santo Antônio pelas ruas do entorno da capela do Rosário.
O Tempo
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