A contagem regressiva foi iniciada. Falta um ano para a bola rolar na Copa do Mundo da Rússia. Um período de tempo que voou se comparado às lembranças que ainda temos, tão recentes como ontem, de que há três anos o Brasil recebia sua segunda Copa do Mundo. Pois agora se aproxima a vez dos russos. O Mundial retorna ao continente europeu para encarar desafios que vão além do futebol. O terrorismo assusta, assim como a extensão continental de uma Rússia de mais de 17 milhões de quilômetros quadrados, nove fusos horários e várias diferenças geográficas e climáticas. Facetas de um país que ainda enfrenta uma grave recessão, barreiras econômicas internacionais e em situação de guerra na Síria e na Ucrânia.
Apesar de tudo isso, o governo de Vladimir Putin estipulou no orçamento federal para o triênio 2017-19 investimentos de 156,4 bilhões de rublos (cerca de R$ 8,2 bilhões) destinados para a Copa do Mundo.
O investimento não esconde uma certa megalomania. A Rússia quer fazer um Mundial impactante e para isso não poupará esforços. Mas existem outras situações que preocupam. No meio desta avalanche de questionamentos, começa no dia 17 deste mês, no próximo sábado, uma espécie de prova de fogo para os russos - a Copa das Confederações. São Petersburgo, Moscou, Sochi e Kazan sediarão as partidas, que se estenderão até o dia 2 de julho e envolverão oito países - Rússia, Alemanha, Portugal, Chile, México, Nova Zelândia, Austrália e Camarões.
Panorama. O jornalista Tarcio Cruz, que esteve a trabalho nas últimas semanas em Moscou e São Petesburgo, relatou a O TEMPO o panorama que espera os turistas para o torneio teste do Mundial. Apesar de boa parte do caderno de encargos para a Copa ter sido cumprido, obras estruturais ainda estão sendo feitas.
"Sobre a organização eles estão bem preparados, quanto a parte esportiva já está tudo muito bem organizado, os estádios estão prontos. Porém quanto a parte de obras públicas e organização para o turismo, os russos ainda estão muito atrás. Moscou, por exemplo, não tem sinalização de trânsito em inglês, taxistas, comerciantes, profissionais do setor turístico e hoteleiro só falam russo e todas as placas são em cirílico, impossível de ler", avalia Tarcio.
"Faltando duas semanas para a abertura da Copa das Confederações, estava uma bagunça perto do estádio Luzhniki (sede da abertura e do encerramento da Copa do Mundo). Estavam correndo com obras de ampliação de via e recapeamento", conta o jornalista, que também relatou pequenas obras e intervenções em São Petesburgo.
"Faltando duas semanas para a abertura da Copa das Confederações, estava uma bagunça perto do estádio Luzhniki (sede da abertura e do encerramento da Copa do Mundo). Estavam correndo com obras de ampliação de via e recapeamento", conta o jornalista, que também relatou pequenas obras e intervenções em São Petesburgo.
Grave problema. Ao menos, tecnicamente, o Luzhniki não é a principal dor de cabeça russa. O estádio, que foi palco dos Jogos Olímpicos de 1980, se encontra em pleno funcionamento. Nada que se compare aos escândalos que permeiam o estádio de São Petesburgo, a Arena Zenit. Palco da grande decisão da Copa das Confederações, o local passou por obras que duraram 10 anos e é alvo de investigações que vão de corrupção a trabalho escravo. O próprio presidente Vladimir Putin reconheceu a 'vergonha' que se tornou a Arena, que deveria custar 6,7 bilhões de rublos (algo em torno de R$ 370 milhões), mas acabou avaliada em 48 bilhões de rublos (R$ 2,6 bilhões).
Com os problemas contornados, dentre elas desvio de verbas e a retirada de 110 norte-coreanos trabalhando em condições de escravidão no local, a Arena ganhou vida, mas não sem antes precisar de uma readequação no gramado. O tapete de jogo precisou ser trocado para atender exigências da Fifa há duas semanas da abertura da Copa das Confederações. Todos os eventos-teste no estádio foram suspensos e o primeiro jogo para valer será o confronto entre Rússia e Nova Zelândia, no dia 17, justamente a partida que abre o torneio preparatório para a Copa do Mundo do ano que vem.
O Tempo
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