Dois anos e cinco meses após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas Gerais, 29% dos atingidos sofrem com depressão. O dado foi apresentado na manhã desta sexta-feira pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Participaram da pesquisa 271 moradores da região. O índice da enfermidade é cinco vezes maior daquele registrado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no país.
Para o pesquisador e médico Frederico Garcia a causa principal dos transtornos mentais que assombram essa população tem relação com a perda do vínculo com a terra e com a comunidade. "A comunidade tinha 200 anos. Os atingidos relatam a falta de coisas simples como o pé de goiabeira", explica.
O médico informou ainda que não esperava encontrar esses índices. "Dois anos depois, não esperávamos que o índice estivesse como logo após o rompimento", completou.
Além da depressão, foram observados transtorno de ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, comportamento suicida, entre outros. O transtorno de estresse pós-traumático afeta 12% da população pesquisada.
"O que chama muito a atenção é a gravidade dos casos", analisou a pesquisadora Maila de Castro. O índice do transtorno de ansiedade generalizada atingiu 32%, número três vezes maior que a brasileira.
O produtor rural Marino D’Ângelo sente na pele vários desses sintomas. Sem poder produzir o leite como fazia antes do rompimento, ele precisa de medicação para combater a depressão. Mesmo tomando remédios, ele ainda não consegue dormir. “Preciso ter minha vida de novo, minha terra”, contou.
Fundação Renova diz que trabalha para garantir aos atingidos o acesso aos cuidados com a saúde
Em nota, a Fundação Renova, criada para ajudar na reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Mariana informou que também realiza um estudo sobre os impactos da tragédia na saúde mental e física dos moradores, que deve ser concluído em 2019. Segundo a Fundação, os resultados parciais já estão sendo usados para nortear ações na área de saúde.
Veja a nota na íntegra:
A Fundação Renova desenvolve, em parceria com o Instituto Saúde e Sustentabilidade, um estudo que irá avaliar a tendência de aumento de transtornos mentais, de uso de álcool e outras drogas nos moradores das áreas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão. Esse estudo será concluído em fevereiro de 2019, mas os resultados parciais serão usados para nortear novas ações da área de saúde.
Além disso, faz parte da estratégia de apoio aos atingidos o fortalecimento das estruturas públicas existentes, tanto no atendimento clínico quanto na proteção social. No município de Mariana, a Fundação Renova reforça o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) com 50 profissionais de saúde e de assistência social.
Desde a sua criação, a Fundação Renova não tem poupado esforços e trabalha com afinco em diferentes frentes para garantir aos atingidos acesso aos cuidados com a saúde. Neste sentido, todos os estudos e pesquisas que permitam uma melhor compreensão dos efeitos do rompimento da barragem de Fundão sobre a saúde dos atingidos, e que possam contribuir na definição de medidas de prevenção e assistência à saúde, são acolhidos com interesse.
Atualizada às 13h28.
O Tempo
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