A benzedeira, detentora de um saber ancestral capaz de curar praticamente tudo, está presente na memória de muitos brasileiros. E essa tradição, que parecia estar sendo extinta junto com o conhecimento de muitas avós que já não estão mais presentes, tem sido resgatada por vários grupos distribuídos pelo Brasil. Nessa tentativa de recuperar tal saber, o benzimento vem também se modernizando e atraindo mais pessoas.
A lembrança da avó, benzedeira já falecida, levou a assistente social Maria Bezerra a querer recuperar esse conhecimento. “Um dia, a memória dela me veio muito forte, e comecei a perceber que precisava continuar o que ela deixou no caminho”, conta. Assim nasceu a Escola de Benzedeiras de Brasília, um movimento que surgiu há dois anos e agora ganha proporções nacionais.
“A gente tem uma rede de benzedeiras nacional, que tem se movimentado na direção de valorizar essas pessoas e não deixar esse poderoso conhecimento ancestral morrer, se extinguir diante de tecnologias que comprovadamente não dão conta da nossa saúde e bem-estar”, afirma.
Segundo Maria Bezerra, a benzeção foi sendo deixada de lado por causa da interferência de outras religiões, por medo de um saber médico- científico que condena esse tipo de prática ou até mesmo pela desvalorização dos familiares. No entanto, com a escola, a procura tem crescido. Em uma sexta-feira de atividades, por exemplo, elas chegam a fazer mais de 130 atendimentos. A entidade também atende a distância.
“As pessoas esqueceram o poder da fé. Em um mundo tão tecnológico, onde todas as respostas podem estar na ponta dos dedos, se esquecem do coração. E a fé é um ato de coração, de amor. No entanto, acredito que, pela quantidade de pessoas que têm nos buscado, todas com suas memórias afetivas da benzedeira, estamos retomando essa fé”, acredita.
No Paraná, outro movimento se destaca. Segundo o educador popular Antônio Michel Kuller, o Movimento de Aprendizes da Sabedoria (Masa) começou esse resgate há dez anos. Estão sendo feitos mapeamentos sociais em três cidades: Rebouças, São João do Triunfo e Irati, com 134, 167 e 187 benzedeiras, respectivamente.
“A partir do mapeamento, elas conseguiriam aprovar uma lei municipal (em Rebouças e São João do Triunfo) de reconhecimento das benzedeiras como agentes de saúde das comunidades locais, dando direito a elas de ter carteirinha e certificado, além de participação em conselhos estaduais”, diz o educador.
Essas mesmas benzedeiras devem lançar em breve alguns produtos, como florais e pomadas. O trabalho está sendo desenvolvido sob supervisão da engenheira agrônoma e terapeuta floral Andrea Mayer. “Elas fizeram o curso de florais, e estamos criando juntas, com plantas medicinais que elas utilizam para benzimentos, chás e banhos. Deve ficar pronto no final de maio”, conta.
O saber popular mostra que não há doença que não se benza. As benzedeiras costumam ter “remédio” para espinhela caída (dor na boca do estômago, nas costas e pernas), carne quebrada (dor muscular), cobreiro (herpes), quebranto (mau-olhado), encosto e vários tipos de males, do corpo ou da alma.
Mesmo após o falecimento da mãe – Dona Filinha, benzedeira famosa em Belo Horizonte –, o cantor e compositor Sérgio Pererê se mantém próximo das benzedeiras, por meio de um grupo no Facebook com mais de 9.000 participantes. “Na busca por uma pseudo-evolução, nos desvinculamos do que é mais puro. É como se tivéssemos ficado órfãos. Saímos correndo buscando evolução e, no meio do caminho, olhamos para trás e nos sentimos sozinhos. Acho interessante que, em um mundo onde estamos falando de coisas tão duras, esse mecanismo da internet seja usado para falar de algo ligado a natureza e espiritualidade”, diz.
Atendimento por vídeo ou pedidos por e-mail
Antigamente, as benzedeiras eram referência nas comunidades quando o assunto era saúde. Hoje, suas orações trazidas do passado, com um teor simples, mas de grande força, além de ervas, chás e remédios caseiros, resistem nos grandes centros e desafiam os conceitos da ciência, por meio de atendimentos realizados com ferramentas online, como videoconferências e e-mails.
A assistente social Maria Bezerra, da Escola de Benzedeiras de Brasília, diz que é possível benzer a distância, por Skype, apenas com o nome completo da pessoa, colocando-o em oração. “O que nos conecta são campos de energia, são ondas de energia. Então, é possível que a gente envie em onda uma energia de cura, bendita, amorosa, para aqueles que precisam, mas não estão frente a frente conosco”, diz.
Maria lembra-se da experiência que teve com o benzimento a distância de uma criança que estava com referência de quebranto. “Era um bebê de 5 meses, a mãe estava em outro lugar. A gente usou, por três dias, o recurso da videoconferência, e eu pude benzer a criança no colo da mãe. Após esses três dias, ela se recuperou. A gente também tem feito muitos benzimentos com os nomes das pessoas, porque a gente recebe muitos e-mails pedindo para ser a distância”, explica.
A lembrança da avó, benzedeira já falecida, levou a assistente social Maria Bezerra a querer recuperar esse conhecimento. “Um dia, a memória dela me veio muito forte, e comecei a perceber que precisava continuar o que ela deixou no caminho”, conta. Assim nasceu a Escola de Benzedeiras de Brasília, um movimento que surgiu há dois anos e agora ganha proporções nacionais.
“A gente tem uma rede de benzedeiras nacional, que tem se movimentado na direção de valorizar essas pessoas e não deixar esse poderoso conhecimento ancestral morrer, se extinguir diante de tecnologias que comprovadamente não dão conta da nossa saúde e bem-estar”, afirma.
Segundo Maria Bezerra, a benzeção foi sendo deixada de lado por causa da interferência de outras religiões, por medo de um saber médico- científico que condena esse tipo de prática ou até mesmo pela desvalorização dos familiares. No entanto, com a escola, a procura tem crescido. Em uma sexta-feira de atividades, por exemplo, elas chegam a fazer mais de 130 atendimentos. A entidade também atende a distância.
“As pessoas esqueceram o poder da fé. Em um mundo tão tecnológico, onde todas as respostas podem estar na ponta dos dedos, se esquecem do coração. E a fé é um ato de coração, de amor. No entanto, acredito que, pela quantidade de pessoas que têm nos buscado, todas com suas memórias afetivas da benzedeira, estamos retomando essa fé”, acredita.
No Paraná, outro movimento se destaca. Segundo o educador popular Antônio Michel Kuller, o Movimento de Aprendizes da Sabedoria (Masa) começou esse resgate há dez anos. Estão sendo feitos mapeamentos sociais em três cidades: Rebouças, São João do Triunfo e Irati, com 134, 167 e 187 benzedeiras, respectivamente.
“A partir do mapeamento, elas conseguiriam aprovar uma lei municipal (em Rebouças e São João do Triunfo) de reconhecimento das benzedeiras como agentes de saúde das comunidades locais, dando direito a elas de ter carteirinha e certificado, além de participação em conselhos estaduais”, diz o educador.
Essas mesmas benzedeiras devem lançar em breve alguns produtos, como florais e pomadas. O trabalho está sendo desenvolvido sob supervisão da engenheira agrônoma e terapeuta floral Andrea Mayer. “Elas fizeram o curso de florais, e estamos criando juntas, com plantas medicinais que elas utilizam para benzimentos, chás e banhos. Deve ficar pronto no final de maio”, conta.
O saber popular mostra que não há doença que não se benza. As benzedeiras costumam ter “remédio” para espinhela caída (dor na boca do estômago, nas costas e pernas), carne quebrada (dor muscular), cobreiro (herpes), quebranto (mau-olhado), encosto e vários tipos de males, do corpo ou da alma.
Mesmo após o falecimento da mãe – Dona Filinha, benzedeira famosa em Belo Horizonte –, o cantor e compositor Sérgio Pererê se mantém próximo das benzedeiras, por meio de um grupo no Facebook com mais de 9.000 participantes. “Na busca por uma pseudo-evolução, nos desvinculamos do que é mais puro. É como se tivéssemos ficado órfãos. Saímos correndo buscando evolução e, no meio do caminho, olhamos para trás e nos sentimos sozinhos. Acho interessante que, em um mundo onde estamos falando de coisas tão duras, esse mecanismo da internet seja usado para falar de algo ligado a natureza e espiritualidade”, diz.
Atendimento por vídeo ou pedidos por e-mail
Antigamente, as benzedeiras eram referência nas comunidades quando o assunto era saúde. Hoje, suas orações trazidas do passado, com um teor simples, mas de grande força, além de ervas, chás e remédios caseiros, resistem nos grandes centros e desafiam os conceitos da ciência, por meio de atendimentos realizados com ferramentas online, como videoconferências e e-mails.
A assistente social Maria Bezerra, da Escola de Benzedeiras de Brasília, diz que é possível benzer a distância, por Skype, apenas com o nome completo da pessoa, colocando-o em oração. “O que nos conecta são campos de energia, são ondas de energia. Então, é possível que a gente envie em onda uma energia de cura, bendita, amorosa, para aqueles que precisam, mas não estão frente a frente conosco”, diz.
Maria lembra-se da experiência que teve com o benzimento a distância de uma criança que estava com referência de quebranto. “Era um bebê de 5 meses, a mãe estava em outro lugar. A gente usou, por três dias, o recurso da videoconferência, e eu pude benzer a criança no colo da mãe. Após esses três dias, ela se recuperou. A gente também tem feito muitos benzimentos com os nomes das pessoas, porque a gente recebe muitos e-mails pedindo para ser a distância”, explica.
O Tempo
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