O TEMPO
'1945'
Ocorrem incêndios criminosos, chuvas redentoras. Tudo em P&B
PUBLICADO EM 05/04/18 - 03h00
SÃO PAULO. Tem gente que acusa o diretor húngaro Ferenc Torók de falta de sutileza, dizendo que ele carrega no maniqueísmo em “1945”. Talvez não estejam sabendo ver seu filme direito. O longa que estreia reabre cicatrizes da guerra. Começa num clima de festa, a celebração de um casamento. Quem está se casando é o filho de um importante funcionário do governo. É quando chegam esses dois judeus de barbas vetustas. Carregam caixas. Trazem o peso da culpa para os habitantes.
Logo, o que está em discussão é a herança da guerra. Como a população local se comportou em relação aos judeus – à sua deportação, ao seu extermínio? Reabrem-se velhas feridas. As reações variam do medo ao revide. István, o funcionário que está casando seu filho, parece concentrar todo o mal – antissemita, machista, mantém-se no poder por força de intimidação. O novo mundo após a guerra desenha-se sombrio. Ocorrem incêndios criminosos, chuvas redentoras. Tudo em P&B. É um filme melhor do que pesam seus apressados críticos.
O Tempo
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