quarta-feira, 18 de abril de 2018

Usiminas religa forno e contrata 120

Ipatinga. Após um ano e meio desempregado, Paulo Balbino Pereira, 36, comemora a religamento do alto-forno 1 da Usiminas. Ele é um dos 120 contratados com a reativação do equipamento em Ipatinga, no Vale do Aço. “Essa é uma oportunidade ímpar, pois eu estava fazendo apenas serviços temporários. A Usiminas sempre foi a referência de Ipatinga e é muito bom fazer parte dessa retomada. Se a empresa contrata, o comércio vende mais também”, afirma Pereira.
O alto-forno estava parado há 34 meses. Junto com o equipamento, a siderúrgica reativou também a capacidade diária de produção em mais 2.000 toneladas de ferro-gusa. “Isso significa um aumento imediato superior a 20% na produção, que estava na casa das 9.000 toneladas e subirá para algo em torno de 11 mil toneladas por dia”, destaca o presidente da Usiminas Sergio Leite.
Sozinho, o alto-forno 1 é capaz de produzir entre 1.900 toneladas a 2.000 toneladas, que agora vão se juntar às 6.900 toneladas produzidas pelo alto-forno 3 e às 1.900 toneladas produzidas pelo alto-forno 2, todos na planta de Ipatinga. “Tudo será voltado para o mercado interno”, explica o executivo, que aposta na recuperação do mercado neste ano.
Leite lembra que em 2015, na época do desligamento, o Brasil acumulava uma queda de aproximadamente 30% na demanda por aço. “O consumo ainda está menor, mas, em 2017, recuperamos 11%. Talvez consigamos voltar aos patamares de 2015 já no ano que vem”, afirma.
Na avaliação do executivo, os resultados dependem da retomada da economia do país, que, por enquanto, estão aquém do esperado. “A pesquisa Focus mostrou nas últimas semanas que a estimativa para o PIB neste ano caiu de 2,9% para 2,76%. Mas a retomada é esperada para uma taxa de crescimento de 3% a 5%”, comenta. A expectativa é a de que os resultados da empresa acompanhem os do mercado nacional. “O Instituto Aço Brasil projeta um aumento de 20% nas vendas para 2018”, destaca Leite.
Sem falar em números, Leite anunciou que a Usiminas trabalha com a possibilidade de elevar o preço do aço para as distribuidoras, em meados deste ano. “Nosso foco é a recuperação de preços. Para a indústria automotiva, o contrato é anual e já aumentamos 20% em janeiro”, explica. O alto-forno recebeu R$ 80 milhões em investimentos. Segundo Leite, foi apenas um dos vários marcos para a empresa nos últimos anos. “Estávamos em uma situação crítica em 2016, mas revertemos para o melhor resultado dos últimos sete anos. Também iniciamos a amortização da dívida, que já reduziu em 18%”, ressalta.
Na semana passada, os acionistas assinaram um acordo de paz, após uma das maiores disputadas societárias do país, que dividiu os sócios japoneses da Nippon Steel de um lado, e os ítalo-argentinos da Ternium Techint de outro. “Esse novo acordo traz mais tranquilidade para gerar mais resultados”, destaca.
Mercado externo. Sobre a atual disputa internacional de mercado, com as barreiras protecionistas que os Estados Unidos estão impondo aos países exportadores de aço, Leite destaca que, pelo menos em um primeiro momento, a Usiminas não sofre impactos diretos. “Da nossa produção, 85% fica no mercado interno e 15% é exportado, mas os Estados Unidos respondem apenas por 1%. Por isso, não seremos afetados imediatamente. Mas, a médio prazo, essas medidas podem provocar um desequilíbrio nos preços, devido a uma disputa por novos mercados, aí sim podemos ter uma pressão”, explica.
CSN
Venda. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) negocia a venda de sua unidade norte-americana para a Steel Dynamics. O valor da transação gira em torno de US$ 250 milhões. 

A repórter viajou a convite da Usiminas
O Tempo

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