Amadeu Garrido de Paula
Provavelmente poucos, com sua voz rouca e selvagem, arranhou, espinhou tanto.
Lembram- se de que tudo se resolveria no Brasil por vontade política, que todos as demais, exceto as almas eleitas do PT, não passavam de canalhas?Loirinhos de olhos azuis, danem-se. Para cá só vem uma marolinha.
O destino é cruel, um círculo de bumerangues. Muitos fenecem em seus labirintos.
Aí está sua manifesta essência, quando se revela.
O cacto terrível do deserto a depender de uma rosa brotada num sublime jardim.
Rosa Weber, voz doce da lei, que foi parar no epicentro dos terremotos, vinda da placidez da Justiça do Trabalho.
A esperança do cacto é que a rosa, cujo perfume são vênias após vênias, estremeça o País, deixando de acompanhar a maioria, não porque isso seria bom ou mal, mas simplesmente em razão da natureza do processo e seus efeitos. E serão muito mais drásticos, porque a plena de lógica regra da Constituição, segundo a qual só se prende depois do trânsito em julgado, poderá nos devolver o convívio com latrocidas, homicidas, estupradores. Criados por nós, que não damos a mínima para a educação, a miséria e a mudança de uma sociedade injusta.
A rosa é imperecível. Como todos nós, existe antes de nosso nascimento, e perdura após a morte, por meio de outra.
A maioria violentou a letra da Constituição. Na tentativa de reduzir nossa inominável impunidade, acompanhou-a a rosa, porque seu jardim e os nossos se encontram sob severo vendaval. E perdura a borrasca. O jardim está atacado, debilitado, sob risco, não só por causa dos vendavais, mas porque não é regado, não tem jardineiros, vasos sólidos. O mato campeia e os espinhos imperam. Por isso, malgrado a suprema lei humana, procurou-se amenizar as consequências de uma tempestade perfeita. A vontade da rosa, como de tudo o mais, é continuar sendo rosa.
Cacto, em sua cela de reflexão, resigne-se: o desejo das rosas é manter seu viço e a precária beleza do jardim.
Amadeu Garrido de Paula, é Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.
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