O papa Francisco empreende nesta sexta-feira (28) uma viagem ao Egito marcada pela situação dramática dos cristãos no Oriente Médio devido às ameaças de atentados, a fim de levar uma mensagem de tolerância, paz e reconciliação entre o cristianismo e o islã.
"Eu me sinto realmente feliz de ir como amigo, como mensageiro da paz e como peregrino ao país que há dois mil anos deu refúgio e hospitalidade à Sagrada Família, que fugia das ameaças do Rei Herodes", afirmou Francisco em uma mensagem de vídeo enviada antes de sua partida.
Ao chegar à capital egípcia, Francisco fará uma breve visita ao palácio presidencial para saudar o chefe de Estado, Abdel Fatah Al Sisi.
Criticado no exterior por violações dos direitos humanos, Sisi demonstrou certa abertura à comunidade cristã egípcia desde que chegou ao poder em 2014.
Ele foi o primeiro presidente do Egito a participar de uma missa de Natal, em 2015.
O presidente prometeu aos coptas identificar os responsáveis pelos atentados reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI) contra as igrejas em Tanta e Alexandria, que mataram 45 pessoas no início da Semana Santa, em 9 de abril.
A visita do Papa, que durará apenas 27 horas, será cercada por um forte esquema de segurança, enquanto o país segue em estado de emergência após os sangrentos atentados de 9 de abril contra duas igrejas coptas.
No entanto, Francisco não quer se locomover em carro blindado, segundo o porta-voz da Santa Sé, Greg Burke, que afirma confiar no plano de segurança desenvolvido pelo ministério egípcio do Interior.
O papa de 80 anos vai se reunir com o grande imã sunita de Al-Azhar, xeque Ahmed al-Tayeb, um professor de filosofia islâmica de 71 anos muito crítico dos jihadistas e que visitou o Vaticano em maio de 2016 após dez anos de relações frias.
A universidade de Al-Azhar, instituição de referência do Islã sunita, também organiza nesta sexta uma conferência para a paz, onde o papa discursará como um mero "participante", logo após o imã.
O líder espiritual de quase 1,3 bilhão de católicos finalmente se reunirá na sexta-feira com o papa copta ortodoxo do Egito, Tawadros II. Eles vão visitar a igreja copta de São Pedro e São Paulo, onde um atentado a bomba matou 29 vítimas em dezembro, no coração do Cairo.
No sábado, o pontífice celebrará uma missa e se encontrará com a comunidade católica egípcia de menos de 300 mil fiéis.
Os coptas, de tradição ortodoxa, representam cerca de 10% dos 92 milhões de egípcios. Sua história remonta aos primórdios do cristianismo.
A visita do papa ao Cairo visa, muito particularmente, consolidar as relações entre Al-Azhar e o Vaticano, tensas a partir de 2006, em razão das polêmicas declarações do papa Bento XVI associando o Islã e a violência.
O Tempo
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