sábado, 29 de abril de 2017

Bactérias no pênis e no sêmen afetam a saúde íntima feminina

O TEMPO

RISCO

Estudo destaca que o uso da camisinha também é capaz de prevenir alterações na flora da vagina






PUBLICADO EM 29/04/17 - 03h00

SÃO FRANSCISCO, EUA. Os especialistas não cansam de alertar sobre a importância do uso da camisinha para prevenir doenças como Aids, hepatite e sífilis. Mas um novo estudo ressalta que o preservativo também é fundamental para manter a flora bacteriana da vagina em perfeita harmonia. O órgão sexual feminino é composto por micro-organismos essenciais para a região. Porém, bactérias presentes no sêmen e no pênis podem afetar a vagina, segundo um estudo publicado na revista “Plos One”. Esse desequilíbrio pode levar a uma infecção que causa mau cheiro, coceira e corrimento.

De acordo com a pesquisa comandada por Lenka Vodstrcil, do Melbourne Sexual Health Center, na Austrália, a vagina saudável possui um tipo predominante de bactéria, os lactobacilos (Lactobacillus crispatus). Elas protegem contra a proliferação de outras bactérias que podem prejudicar a região. E quando há um desequilíbrio nessa flora vaginal ocorre uma infecção conhecida como “vaginose bacteriana”.

Até então, a redução dos lactobacilos e o aumento da população de corpos estranhos à flora vaginal não era associado à atividade sexual. O estudo inova ao mostrar que essas bactérias invasoras, apesar de não causarem doenças de forma direta, são passadas pelo sexo da mesma forma que bactérias patogênicas – como as que causam a clamídia, Doença Sexualmente Transmissível (DST).

A vaginose também pode estar associada à ocorrência de partos prematuros, quando bactérias que se proliferam no trato vaginal chegam a regiões próximas à placenta.

O problema costuma desaparecer espontaneamente, quando a flora de lactobacilos se recompõe. Quando isso não ocorre, pode ser necessário tomar antibióticos para eliminar as bactérias estranhas.

Amostras. Na pesquisa, a análise das bactérias que vivem na vagina de 52 mulheres foi associada à atividade sexual. Para isso, as voluntárias colheram amostras de secreção da vagina a cada três meses, durante um ano, e registraram suas atividades sexuais. Dentre as participantes, 19 nunca tinham tido relações sexuais.

As mulheres que fizeram sexo sem proteção tinham maior presença das bactérias Gardnerella vaginalis e Lactobacillus iners – mais associadas à vaginose.

“O sexo sem proteção aumenta a diversidade de G.vaginalis em mulheres com e sem vaginose bacteriana, sugerindo a transmissão sexual de bactérias”, aponta a conclusão do estudo.

As formas até então recomendadas pelos médicos para prevenir desequilíbrios na flora vaginal eram evitar duchas vaginais, cosméticos íntimos, roupas justas ou que promovem contato quase direto entre as regiões anal e genital, o que facilita a proliferação de bactérias.

Com os resultados do novo estudo, é possível pensar que a higiene íntima do homem pode ajudar as mulheres a não desenvolverem vaginose bacteriana.

Janneke van de Wijgert, da Universidade de Liverpool, disse à revista “New Scientist” que mulheres com parceiro fixo podem ter maior equilíbrio da flora bacteriana vaginal, já que as bactérias do homem se harmonizariam com as da mulher com o tempo.

Segundo a revista, também estão em estudo o desenvolvimento de probióticos que poderiam restaurar o equilíbrio bacteriano da vagina – como alguns iogurtes fazem com o intestino.


Sexo oral também precisa de proteção, alertam especialistas

LONDRES, REINO UNIDO. As Doença Sexualmente Transmissíveis (DSTs) são mais comumente associadas ao sexo com penetração, mas o ato oral também oferece riscos à saúde, alertam especialistas. “O sexo oral é uma prática cada vez mais generalizada e que pode ser muito gratificante. Embora o risco (de contrair doenças) seja menor do que no sexo anal ou vaginal, sempre é recomendável usar proteção”, destacou em entrevista à BBC Francisca Molero Rodríguez, codiretora do Instituto de Sexologia de Barcelona e presidente da Federação Espanhola de Sociedades de Sexologia.

“Preservativos e lubrificantes com sabores podem favorecer esse tipo de prática. Há muitas variações no sexo oral: cada pessoa deve decidir a forma ou as formas que mais aprecia. Homens e mulheres gostam quando o sexo oral é feito com habilidade e erotismo”, completa a especialista.

Segundo Mariano Roselló Gayá, médico do Instituto de Medicina Sexual de Madri, o sexo oral pode levar a doenças como vírus do papiloma humano (HPV), herpes genital e gonorreia.

“É preciso educar principalmente a população jovem sobre esse aspecto. A prevenção em forma de educação sexual deve prevalecer”, afirma.

O especialista destaca ainda a importância da saúde da boca antes da prática e de uma maneira geral. O que é recomendável é evitar sexo oral em caso de algum tipo de sangramento ou queimadura na boca, o que poderia facilitar eventual contágio.
Exames médicos
“Se os parceiros não tiverem se submetido a um exame completo para descartar a presença de DSTs, deve-se sempre tomar precauções de método de barreira (não somente anticoncepcional)”
Mariano Roselló Gayá
Médico


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