Milhares de cientistas em todo o mundo deixaram seus laboratórios para sair às ruas no sábado, junto com estudantes e defensores da pesquisa, protestando contra o que classificam como ataques crescentes à ciência.
A Marcha pela Ciência, que coincidiu com o Dia da Terra, estava prevista em mais de 500 cidades pelo mundo, com a participação de dezenas de sociedades científicas não partidárias.
Em Genebra, na Suíça, manifestantes levaram placas que diziam: "Ciência - Uma Vela no Escuro" e "A Ciência é a Resposta". Em Berlim, milhares de pessoas participaram de uma marcha desde uma das universidades da cidade até o Portão de Brandemburgo.
"Precisamos tomar mais decisões baseadas em fatos novamente e menos em emoções", disse Meike Weltin, estudante de doutorado em um instituto ambiental perto da capital. Em Londres, físicos, astrônomos, biólogos e celebridades se reuniram para uma marcha pelas mais famosas instituições de pesquisa da cidade. Os apoiadores carregavam cartazes mostrando imagens de uma dupla hélice e símbolos químicos.
O protesto estava colocando os cientistas, que geralmente se afastam de militância, em uma posição mais pública. Os organizadores descreveram a marcha como política, mas não partidária, para promover a compreensão da ciência, bem como defendê-la de vários ataques, incluindo propostas de cortes no orçamento do governo dos EUA sob o presidente Donald Trump, como uma redução de 20% na verba do Instituto Nacional de Saúde.
Os cientistas que participaram na marcha disseram estar preocupados com a rejeição política e pública de descobertas científicas como as mudanças climáticas e a segurança da imunização por vacinas. "Os cientistas acham assustador que evidências tenham sido ofuscadas por afirmações ideológicas", disse Rush Holt, ex-físico e congressista democrata que dirige a Associação Norte-americana para o Avanço da Ciência. Para ele, não se trata apenas de uma marcha contra Donald Trump, mas as suas políticas são um dos alvos do protesto. Apesar de dizer que a marcha não é partidária, Holt reconheceu que a manifestação foi concebida na Marcha das Mulheres em Washington, um dia depois da posse de Trump, em 20 de janeiro.
"A verdade é que deveríamos estar marchando pela ciência há 30 anos, 20 anos, 10 anos", disse a co-organizadora e pesquisadora de saúde pública Caroline Weinberg. "A atual situação (política) nos levou de um estágio de ignorar a ciência para flagrantemente atacá-la. E isso parece está galvanizando as pessoas de uma maneira como nunca antes", afirmou. "O método científico foi desenvolvido para ser não-partidário e objetivo. Deveria ser aceito pelos dois partidos", concluiu, se referindo às duas principais siglas nos EUA, os Partidos Republicano e Democrata.
O Tempo
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